Ficámos em completo silêncio. O que acontecera antes tinha-nos deixado um pouco constrangidos.
Mas tinha sido bom, eu acho. Eu estou a tentar perceber o que sinto por ele. Mas talvez seja apenas amizade. Ninguém se apaixona tão rapidamente.
Deu o toque e então fomos para as aulas.
3 horas depois.
O Conor evitou-me nos intervalos. Talvez se tenha arrependido, pensei eu. Mas ele no fim das aulas veio falar comigo.
— Desculpa por aquilo de há bocado. Mas eu achei que te tivesse assustado e decidi não insistir.
— Não há problema.
— Desculpa. A sério. Então, vemos-nos amanhã?
— Claro. Até amanhã.
— Até amanhã — ele sorriu e depois foi-se embora.
Chamei um táxi e depois de algum tempo, cheguei a casa. Não vi o Xiumin de primeira mas também não me importei. Fui para o meu quarto. E quem é que estava lá a dormir em cima da minha cama? Ele mesmo.
Suspirei e fui até ele.
— Acorda — disse abanando-o.
— Uh?
— Acorda! Estás na minha cama!
— Ah... desculpa. É que não dormi nada bem a noite.
— Mas... passou-se alguma coisa?
— Foram só pesadelos.
— Mas estás bem?
— Estou. Não te preocupes.
— Eu vou deixar-te dormir aqui. Mas só hoje!
— Tudo bem — ele riu-se.
Deixei a mochila em cima da secretária e fui para a cozinha preparar alguma coisa para comer. Não estava com vontade de cozinhar então comi apenas cereais com leite. Vi um pouco de televisão e depois de ter acabado de comer, fui para o jardim da casa. Não tinha lá ido ainda desde o primeiro dia que aqui estamos.
O jardim, comparado com a casa, era bem bonito. Estava bem tratado. Alguém tratava dele mesmo quando não cá vive ninguém. E até desconfiava de quem. Passei por todo o jardim e então, sentei-me encostada na única árvore que lá havia. Respirei fundo e olhei o céu.
Quando era mais pequena fazia isto com o meu pai quando estava de noite. Ele dizia que a minha mãe era uma daquelas estrelas e eu passava as noites deitada naquele jardim a contar tudo o que acontecia na minha vida à minha mãe. E eu acredito que ela até hoje tenha ouvido tudo aquilo que eu disse. Sorri e deixei algumas lágrimas caírem. Eu tinha muitas saudades dela.
Antigamente, a minha inocência de criança ajudava a afastar a tristeza, mas agora tenho a noção de como as coisas realmente são.
— Alex?
Abri os olhos e vi que o Xiumin se encontrava sentando ao meu lado.
— Sim? — disse limpando as lágrimas.
— Está tudo bem? — ele disse aproximando-se mais um pouco.
— Está.
— Não, não está. Se não, não estarias a chorar. Queres falar?
— Não, desculpa... não leves a mal mas nós conhecemos-nos há tão pouco tempo... e são coisas minhas.
— Tudo bem. Eu compreendo. Mas podes sempre falar comigo quando te sentires confortável.
— Eu sei.
Sorri para ele e fechei os olhos, estava a tentar não voltar a chorar. Então decidi mudar de assunto.
— És tu que costumas tratar deste jardim?
— Porque é que perguntas isso?
— Está tão bem estimado e tratado. E conforme o meu pai me disse, não viviam pessoas aqui há anos.
— Sim. Tenho que me entreter com alguma coisa. E ganhei um amor por estas plantas.
— Que giro — disse sorrindo.
— O teu pai já chegou.
— Já? Como é que sabes?
— Ouvi. Chegou agora mesmo.
— Tu ouves mesmo muito bem. Bem, eu vou ter com ele que já não o vejo há dois dias. Até já.
— Até já — ele disse sorrindo.
Entrei em casa e vi o meu pai a comer. Ele viu-me, levantou-se e deu-me um beijo na testa.
— Desculpa não ter estado estes dias em casa. Mas os próximos dias também não vão ser diferentes.
— Às vezes gostava que tivesses outro emprego.
— Às vezes também, por causa de ti. Mas eu tenho que trabalhar para te dar um boa vida.
— Eu sei. E eu sei que gostas do que fazes. E isso é o mais importante.
— Desculpa deixar-te aqui sozinha.
— Mas eu não tenho estado sozinha.
— Ai não?
— Nada. Esquece. Não é assim tão mau.
— Ainda bem que estás a gostar. E como é que têm corrido as aulas? Não tens tido problemas?
— Não.
— E amigos?
— Já arranjei um.
— Um?
— Sim. É um rapaz. Mas não faças essa cara. É só um amigo.
— Mas eu não disse nada...
— Mas eu conheço-te. Sempre foste assim. A tua cara diz tudo.
Ele riu-se para mim e voltou a sentar-se para comer.
— Comprei algumas coisas para fazermos o jantar. Ajudas-me?
— Claro. Vou para o meu quarto. Até já. Chama-me.
Voltei para o meu quarto e fui para a minha secretária. Acabei por abrir uns cadernos e comecei a rever a matéria que tinha dado hoje. Estava a concentrar-me quando ouço uma voz atrás de mim que me faz dar um pulo de susto.
— O teu pai não gosta muito que andes com rapazes não é?
— Credo que susto. E porque é que queres saber?
— Eu ouvi a conversa.
— O meu pai sempre foi muito protetor. Eu sou a menina dos olhos dele, tem medo que um dia eu deixe de ser.
— Mas tu já és crescidinha o suficiente.
— Mas é uma maneira de me proteger. Ele sente-se culpado por tudo o que aconteceu.
— Tudo o que aconteceu? O que é que aconteceu?
— Desculpa... mas eu não quero falar sobre isso... são coisas pessoais.
— Tudo bem. Eu compreendo. Eu vou te deixar a estudar descansada. Até logo.
— Tchau — sorri para ele que sorriu de volta e saiu do meu quarto.
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My Sweet Ghost | Xiumin
FanfictionO que farias se te mudasses para uma casa onde vive um espírito? Alex nunca pensou ficar tão ligada a um ser sobrenatural. ✅ CONCLUIDA ➼ copyright © xisweet 2018 | todos os direitos reservados