Há onze anos trás, ao ouvir a campainha tocar no meio do jantar em família – lê-se: apenas um simples jantar – meus pais mandaram-me subir e trancar a porta e só descer se eles mandassem. Claro, pairando meus onze anos de idade, eu desconfiei. Comecei a questiona-los por me pedirem tal coisa, mas, fui cortado bruscamente por meu pai que, pela primeira vez, aumentou seu tom de voz.
Olhei para a minha mãe e a mesma abaixou seu olhar como se quisesse dizer para eu obedecer e, assim o fiz, subi e tranquei-me em meu quarto. Peguei o celular com os fones de ouvido e coloquei o volume no máximo.
Músicas sempre me relaxavam, me levavam para outras realidades, essas que eu mesmo criava. Não que minha vida era uma bosta, não, amava meus pais e eles me amavam, tínhamos uma ótima convivência baseada em conversas. Mas, uma coisa que me espantava nisso tudo, era que, não mantínhamos contato com outros parentes ou até mesmo amigos de família, eles se privavam da vida. E eu, um adolescente queria todas as respostas das dúvidas que surgiam. E hoje, preferira não ser tão curioso como fui antes.
Depois de, literalmente, muitos minutos de melodias e letras, optei por deixa-las de lado e tentar ouvir alguma coisa do andar de baixo, contudo, não tive qualquer tipo de barulho.
Abri a porta do meu quarto cautelosamente – lembro-me, infelizmente, tão bem dessa parte... – e desci as escadas ansiando o que estava por vir. Por um momento, senti meu coração parar e minhas pernas tremerem. Enquanto eu descia os degraus em passos lentos, podia ver o estrago que estava se formando em minha vida, em ver a minha ruína, no chão da minha própria casa.
Meus pais estavam deitados em uma poça de sangue um do lado do outro. Seus braços e pernas tinha os sinais de esfaqueamento e, de frente para eles, eu pude ver marcas na altura do peito. Marcas aquelas que não sarariam.
Como uma criança perdida, entrei em desespero, até então a realidade bater em minha cara e os meus dedos correrem no telefone discando a emergência.
Até hoje, onze anos depois, nunca acharam o criminoso. Parece que nem as digitais o cara deixou. Profissional. Agora vocês se perguntam, "por que com seus pais? Eles eram mentidos em alguma coisa?" É o que eu penso todas as noites junto com essas lembranças horrendas daquele dia.
Eu cresci sem família, melhor, eu tinha família, mas essa, me negava. Alegando que meus pais nunca mantiveram contato e agora eu quero um "abrigo". Foda-se eles. Me virei como pude, não fui para orfanato como me orientaram, devido a minha idade. Não deixei nenhuma "especialista" puxar meu pulso, ou qualquer outra coisa. Peguei o pouco dinheiro que meus pais guardavam para caso de emergência, pus tudo o que eu tinha em uma mala e aquela noite, me permiti deitar no primeiro banco que eu vi. O primeiro de muitos, devo deixar bem claro.
Pois bem, meu passado não pertence mais a vocês, tem muitas coisas que permanecerão um mistério, pois, eu Park Jimin sou um mistério – é o que me dizem –.
Não costumo ser o mais legal na roda dos amigos, posso dizer que sou o que passa medo.
Passei longos e bons anos aprontando tanto na escola quanto na rua, e continuo até hoje. Não sei como, mas, me formei no ensino médio – sinto que a diretora e os professores fizeram um favor pra si próprios –.
Agora moro em um beco onde tinha uma casa meio que abandonada, arrumei de um jeitinho só meu e moro aqui desde os meus doze quase treze anos. Estou vivendo para encontrar a pessoa que a polícia desistiu de procurar, estou roubando e se preciso, matando para sobreviver. Mas, as últimas vezes, não tem dado muito certo, o que quase resultou na minha prisão, por isso, terei que encontrar um trabalho "decente". Realmente um saco!
Como não era um bairro nobre, as coisas por aqui não costumam fluir "conforme a lei" então, era fácil arranjar um trabalho onde eu não precisasse de currículo e essa cosias de gente responsável.
Logo no amanhecer, estava disposto a procurar por isso. Peguei uma foto na qual tínhamos nós três juntos e levei até o meu rosto acariciando-o com ela. Como eu sentia falta deles, não conseguia pensar em nada coerente que levasse a morte dessas duas pessoas que, aos meus olhos, eram adoráveis.
Minha vida não é traçada com linhas tortas, é traçada com montanhas. Minha vida era... perfeita. Perfeita demais, diria hoje. Nada que anda bem, termina bem. Assim como eu. Eu era o mais inteligente da sala, o mais sociável, o mais bonito... não vou negar que esse último quesito não mudou. Devido as correrias, tenho mantido uma boa forma, fora que, de vez em quando, me pegava fazendo flexões para espairecer a mente.
No fundo, eu sei que não sou esse tipo de monstro que as pessoas temiam, não. Eu só tinha rancor guardado em mim e, ele só vai sair quando eu ver o corpo do causador da minha dor, esfaqueado da mesma forma que deixou os meus pais. Vou fazer pagar caro por cada lágrima minha derramada, por cada dia chuvoso que passei na rua, por cada dia que passei debaixo do calor insuportável do sol, por cada humilhação vinda das crianças por estar vestindo roupa suja e por cada olhar tenebroso que as pessoas me lançavam quando eu passava. Não há ninguém nesse mundo que me faça pensar ao contrário e duvido muito, que exista alguém capaz de amaciar meu coração. Afinal, minha maior diversão das noites de sexta, era usar o meu corpo para atrair a atenção de todos.
Talvez tenha a possibilidade de eu ser apenas uma criança carente de atenção, afinal, perder alguém e ainda passar por essa fase sozinho, poucos são os que se mantém vivos.
Respirei fundo e peguei uns comprimidos que ficavam espalhados pela casa devido essas minhas recaídas emocionais. Pois é, pasmem, eu sou humano. Um humano podre, mas sou.
Aos olhos daquelas que nunca conversei, eu sou um rapaz qualquer e, julgando pelos cabelos pintados de cinza, rebelde. Passei depois de um tempo, a frequentar um hospital particular, já que, devido a algumas... substâncias, eu perdia o controle e acabava passando muito mal.
Eu nunca gostei de beber ou fazer esses tipos de coisas, mas, as circunstâncias me levavam para o outro lado.
Por dentro, me via como um maníaco sedento por sangue e vingança. Que apenas queria ser amado e cuidado, como era antes. Não me orgulhava por ter esses tipos de sentimentos, queria ser uma pessoa normal, que lida com os problemas de uma forma normal, mas, essa fato está totalmente fora de cogitação por ora. Eu tenho um foco e preciso cumpri-lo, mesmo que um pouco mais contido.
E, aonde quer que essa pessoa estiver, independente da sua família, eu jurei caça-la até o quinto dos infernos, mas, não vou cumprir, não na mesma ferocidade de antes, não com a mesma sede de antes. Eu aprendi a me controlar. Contudo, eu sei que ela não será perdoada se eu a encontrar e se possível, a farei sentir a mais profunda dor: o remorso.
Então, eu tenho essa fic postada no Spirit (o meu user é o mesmo lá) e, deu a louca em mim e eu resolvi postar aqui, a minha primeira fic solo, que nasceu em 2016.
Eu dei algumas alteradas, consertei alguns erros e... aqui estamos. É uma short fic, tem uns 13 capítulos e, o melhor fato de todos: INTEIRAMENTE JIKOOK!
Espero muito que vocês gostem, votem e comentem.
Bezzos e até semana que vem!
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Save Me; JIKOOK
FanfictionTudo aconteceu rápido demais; Park não sabia como reagir ao ver os seus pais mortos. Uma criança de apenas onze anos presenciou de perto o ódio: ódio de uma pessoa desconhecida. Agora, cabia a ele tirar satisfações, encontrar esse ser e fazê-lo pag...