- CAPÍTULO TRÊS -

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Não conversamos durante o jantar. Estava chateada com minha tia, não só porque ela não quis me contar a verdade, mas também porque ela está adiando tudo hoje, o bolo, o presente, porque fazemos magia, tudo. Ela também estava estranha, como se estivesse preocupada que alguma coisa acontecesse.

— O que houve? — Finalmente quebra o silêncio assim que terminar de comer.

— Como assim o que houve?

— Você está estranha — Diz e suspiro deixando minha paciência ir embora junto com o ar.

— Eu estou estranha? Você que está estranha! Está adiando tudo e age como se alguma coisa ruim acontecesse a qualquer momento — Me altero.

— Não estou agindo assim — Diz como se não estivesse entendendo minha reação.

— Ah, está sim. O que está escondendo? Porque eu sei que está. — Digo me levantando da cadeira e ela faz o mesmo.

— Não estou escondendo nada!

— Por que nunca conta a verdade!? — Pergunto indignada.

— Que verdade!? — Diz o bato na mesa.

— Toda a verdade! Você nunca me contou sobre meu passado, o que aconteceu comigo, com meus pais, por que fazemos magia, tudo isso durante dezoito anos! Como acha que eu me sinto?

— Eu disse que ia contar, não disse!? — Diz já tão alterada que eu e me calo. Ela respira fundo buscando se recompor — Querida, eu sei que é difícil não saber de seu passado, mas eu prometo que você vai saber, eu só... Queria ter um momento com você — Diz e seus olhos marejavam — Como tia e sobrinha, sabe? como nos velhos tempos — Deixa algumas lágrimas caírem e vou até ela sentindo a culpa apertar meu peito.

— Poxa, tia... Eu não sabia, me desculpa — Digo a abraçando totalmente arrependida.

— Eu sei que eu devia ter sido uma tia melhor pra você, eu juro que tentei — Diz entre soluços em meu ombro e afago minha mão em seus cabelos — Me perdoe...

— Não, não, não é nada disso. Você é uma ótima tia, só... preferiu não me contar algumas coisas. Continua sendo a melhor tia que eu poderia ter, vai continuar sendo, para sempre — Eu secava suas lágrimas — Eu que peço desculpas, não devia ter gritado com você.

— Não... você tem razão, tem o direito de saber — Se recompõe — Bem... já está na hora de você saber mesmo — continua e uma parte de mim se empolga com isso, mas ignoro essa parte.

— Melhor não.

— Por que? Não queria saber? — Pergunta confusa.

— Sim, mas acho que tenho coisas mais importante pra fazer, como ter um momento com minha tia — Digo segurando suas mãos e sorrio — Esperei dezoito anos, posso esperar mais um pouco — Digo e ela ri.

— Você é muito indecisa.

— Não sou nada — Digo e ela ergue a sobrancelha duvidosa — Um pouco... — Assumo e ela ri.

— Anda, termine de comer, ou não vai querer sobremesa? — Pergunta sabendo de minha resposta.

— Jamais, esperei a manhã toda. Culpa de uma certa pessoa... — Murmuro a última parte e ela me olha séria — Brincadeira, vou voltar a comer — Rio sem graça me sento à mesa e ela ri balançando a cabeça.

A noite se seguiu com nos duas conversando sobre os mais diversos assuntos como garotos, Peter em específico, uma nova livraria que havia sido aberta aqui por perto e que estávamos ansiosas para visitar, e incontáveis outros assuntos. Assistimos filmes de clássicos d3 comédia romântica enquanto comíamos o bolo que estava incrivelmente delicioso, ríamos, conversávamos novamente, e me sentia satisfeita com aquilo, era tudo o que eu precisava para o meu aniversário, minha vida nunca foi perfeita e provavelmente nunca será, então aprendi a me conformar com esses momentos que agora são tudo o que eu preciso.

— Ah, eu nunca vou enjoar de assistir De Repente 30 — Diz tia Lily rindo depois que o filme acabou, já tínhamos assistido esse filme milhares de vezes, e com certeza assistiríamos mil vezes mais.

— Nem eu, não enquanto não decorar todas as falas — Rio.

— Bem, acho que está na hora de eu te contar a sua história, não é? — Diz depois que nossos risos se cessaram e assenti.

— Acho que sim — sinto minha ansiedade vir a tona.

— Está bem, bem... — Ela ia começar a falar, a campainha toca e estranho, não recebemos muitas visitas, principalmente essa hora da noite.

— Eu atendo — Digo me levantando e ela assente. Vou em direção a porta e abro a mesma curiosa. Me deparo com pessoas desconhecidas e as mesmas estavam tão surpresas quanto eu. Eram três, a primeira era uma mulher, ela era alta e esbelta, seus eram cabelos negros e longos se destacam na sua pele branca, vestia um vestido preto médio e por cima um sobretudo da mesma cor e comprimento do vestido, usava meia calça preta e saltos altos, ambos pretos. O outro ao seu lado é um homem com algumas das características da mulher, era alto e prepotente, com pele branca, cabelos grisalhos penteados para trás e uma barba média igual seus cabelos e vestia um terno preto com uma gravata vinho, com um lenço de mesma cor no bolso esquerdo. E por último havia um rapaz, aparentava ter uns vinte anos, talvez seja filho dos outros dois já que ele tinha as mesmas características também, pele branca, cabelos negros penteados em um topete bagunçado e também vestia roupas escuras, mas um pouco mais informal do que do outro homem, camisa branca, jaqueta de couro preta e uma calça e um tênis da mesma cor. Os encaro por alguns instantes confusa — Posso ajudar? — Pergunto receosa e permanecem em silêncio durante um tempo.

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Lithea - Lembranças De Outra Vida [REVISÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora