Capítulo 150

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Por Dulce

No AP de Annie, Maite e eu ficamos nas rede sociais, no celular, contatando familiares, amigos de Annie, para sabermos se as pessoas tem o sangue que Annie precisa, porque além de encontrar o doador, precisamos que ele esteja apto para doação.

Enquanto fazemos isso, ouvimos um barulho de tiro bem alto que parecia ser próxima à janela do quarto de Annie. Ao mesmo tempo que ouço o som, sinto uma pontada no peito e um medo absurdo começa a me consumir. Corro imediatamente para o quarto de Annie e Maite assustada assim como eu me segue.
Assim que abro a janela, me deparo com a cena que jamais esperaria ver naquele momento. Christopher estirado no chão completamente desacordado e vejo sangue saindo de baixo dele. Algumas pessoas começam a se aproximar e eu da janela, mal conseguindo respirar. Meu coração batia tão forte que ele poderia parar a qualquer momento.

– DULCE!!! O que foi? – A janela de Annie era estreita pelo apartamento ser pequeno, então Maite ainda não sabia do que se tratava, mas devia imaginar que algo ruim havia acontecido. Ela me tirou da janela, eu ainda em choque, e quando ela viu, sua expressão de surpresa não foi diferente do que eu esperava. Ela tentou falar alguma coisa, mas suas palavras não saiam.

Engoli a seco e saindo do choque em que estava, corri para a sala indo em direção a porta para ver como Christopher se encontrava. Se ele estava bem, se estava... Vivo. Quando cheguei em frente ao elevador apertei o botão desesperadamente para chama-lo, mas minha ansiedade e angustia de ver Christopher, de abraça-lo, de saber se ele estava bem estava me consumindo que não consegui esperar e desci as escadas correndo. Maite, por sua vez, preferiu esperar que o elevador chegasse ao andar.

Descendo as escadas desesperada, tentando afastar da mente qualquer pensamento negativo, qualquer coisa que pudesse me deixar mais apreensiva do que já estava. Minhas lágrimas não paravam de descer e o medo só aumentava. Já perdi Alfonso, estava prestes a perder minha melhor amiga e agora o meu amor. O que eu faria da minha vida? Todas as pessoas quem eu amava estava sendo arrancadas de mim. Eu já estava ficando cansada de nada dar certo.

Finalmente chego à recepção e saio tão às pressas do prédio que nem o sindico entende nada. Corro para a rua ao lado e vejo um bolinho de gente em volta de Christopher. Vou entrando no meio das pessoas, pedindo licença, dizendo que o conhecia e assim as pessoas me dão passagem. Assim que chego perto dele, me ajoelho e o chamo desesperadamente.

– Christopher!!! ­– Virei seu rosto para mim.

– Dulce? – Ele pergunta meio desnorteado, com os olhos entre abertos.

– Sim!! O que aconteceu? – Pergunto desesperada por ver o sangue saindo de perto de um de seus braços, além de sentir seu rosto gelado.

– Fui assaltado. Ele atirou no meu braço... Ai – Ele exclamou enquanto tentava tocar o braço direito, que estava baleado.

– Não mexe... – Eu digo com carinho e nossos olhos se encontraram novamente. – Christopher... – Hesito em dizer qualquer palavra. Estou diante de uma situação complicada. O homem a quem eu amo mais do que a minha própria vida está baleado, mas é o mesmo que me traiu e iria embora sem me dar ao menos nenhuma explicação. Não sei quais palavras usar, não sei ao menos no que pensar.

– Dulce, me perdoa... Eu... – Christopher tenta dizer, mas eu o interrompo.

– Não é hora pra isso Christopher. Realmente não é o momento. – Eu digo e ele concorda assentido.

– E Annie como está? – Ele pergunta.

– Como sabe de Annie? – Pergunto.

– Chris me contou.

– Chris sabia onde você estava? – Pergunto confusa.

– Ei!! Deem licença a ambulância chegou!!! – Gritou um homem enquanto abria passagem no meio das pessoas que estavam em volta de nós.

– Ok – Disse me levantando. Logo os paramédicos se arrumaram para socorrer Christopher.

– A Senhora é esposa dele?

– Sim! – Christopher disse.

– Não! – Eu respondi ao mesmo tempo que Christopher.

– Ok. Mas você é algo dele? Pode acompanha-lo na ambulância?

– Posso sim! – Respondi sem pestanejar.

– Ei!! Você vai aonde? – Maite havia acabado de aparecer.

– Eu vou acompanhar o Chris...

– Não vai não!! Temos que resolver a situação da Annie.

– Você pode resolver a situação da Annie por enquanto. De lá do hospital vou estar procurando por doadores.

– Dul você está se deixando levar.

– Não estou não. Estou fazendo o que eu sei que ele faria por mim também.

– Dulce deixa de ser idiota! – Berrou Mai.

– Você é quem tem que deixar de ser rabugenta! – Disse virando-me e seguindo os paramédicos até ambulância.

– SE A NOSSA AMIGA MORRER EU VOU CULPAR VOCÊ PRA SEMPRE! – Ouvi Maite berrar antes da ambulância tomar partida e seguir rumo ao hospital mais próximo para prestar socorro ao Christopher.

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