Capítulo Único.

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Seu corpo caíra no chão de forma estrondosa, o jovem garoto apresentava a própria destra contra o lado esquerdo do rosto em uma falha tentativa de aliviar o ardor do tapa desferido segundos antes pela mulher que se proclamava a mãe do rapaz.

A senhora com mais de cinquenta anos berrava, preenchia os ouvidos do filho com palavras cruéis, xingando-o e não aceitando o fato do menino ser gay. As frases que ela proclamara fizeram o coração dele doer e lágrimas escorrerem por seu rosto.

Nunca imaginou que a pessoa que sempre o apoiou, esteve ao seu lado por toda a vida, agora o encarava com nojo, temendo tocá-lo e contrair a doença; a homossexualidade.

Para ela, ser alguém que gosta de outros do mesmo sexo é sinônimo de estar doente e precisar urgentemente de um médico, ou até mesmo de um padre, afinal, também achava que o demônio havia possuído seu menininho e o feito passar a amar garotos.

Tempo depois ela o levou a um médico, este disse que o garoto não estava doente, então, após dizer que o homem não era devidamente formado em medicina, encaminhou-se a outro hospital. Nele, o doutor que atendeu o menino reafirmou o que o outro dissera, apenas aumentando a preocupação da mulher.

Não conseguiam ver que seu filho estava doente? Por fim a única solução que restou em sua mente, fora que o rapaz estava possuído. Levou-o para muitas igrejas somente para exorcizar a homossexualidade do corpo do filho. Ah, coitado do menino, durante os diversos rituais sofreu tanto, mas tanto. Eles eram cruéis consigo, muito cruéis. Sessões depois os padres disseram à mulher que o garoto estava curado, que Lúcifer já não habitava seu corpo.

Com o tempo o filho passou a não sorrir, a não rir. Começou a ver o mundo cinza. Tão cinza que sentia que este virara um filme antigo, sem cor e mal feito.

Agora o rapaz já não saía de casa, o ânimo já tinha se esvaído há tempos, apenas a tristeza o dominava. Ele nunca seria feliz. Não fora Lúcifer, o rei dos demônios, que deixou seu corpo, mas sim o amor. O sentimento que lhe faltava, que foi arrancado de si só por amar pessoas do mesmo sexo.

Contudo, a pergunta que tanto insistia em martelar dentro de sua cabeça persistia dia após dia, a resposta que tanto cobiçava não podendo ser alcançada, sua mãe não o permitiria de encontrá-la. Ainda se questionava enquanto dava seus últimos suspiros, com as pílulas ao lado da cabeceira e a tristeza o consumindo.

Então agora refaço a pergunta que tanto corria o coração do menino e deixo para você respondê-la: Amar é errado?

Amar é errado?Where stories live. Discover now