119 - Dentre as Chamas

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  Tínhamos planejado tudo, nos mínimos detalhes durante o caminho no táxi da minha casa até a escola. Nos livrariamos das provas, botariamos fogo na casa abandonada junto com as coisas que poderiam incriminar o Tae, e ainda por cima nos livrariamos da fantasma, seria uma jogada de mestre pra acabar com todo o problema do Tae e o nosso, a fantasma não machucaria ninguém, e o Tae não seria incriminado, parecia ser a coisa certa a fazer, e por isso aproveitariamos a deixa ao incendiar a casa, para poder chocar o ovo de Dragão da Mallya, estava tudo tão bem planejado, ninguém ia ver o incêndio, a casa abandonada fica numa região bem isolada, ninguém se tocaria do que está acontecendo, teríamos tempo para o ovo chocar e pra poder ir embora antes que os bombeiros cheguassem, tudo estava perfeitamente planejado, menos a parte que a fantasma descobriria que o G Dragon beijou ela. Ninguém esperava, pelo menos eu não sabia e não esperava que isso fosse acontecer, e foi onde o plano fracassou. Onde deu errado e literalmente ferrou com tudo.
  - O que você fez com a Mallya??! - Bradei entre dentes e saquei a arma da cintura, mirando no peito da fantasma, meu coração já estava batendo acelerado nos meus ouvidos, meu sangue corria mais e mais rápido, havia uma mancha de sangue na região do busto do vestido da fantasma por causa do último tiro, e pela cara que a fantasma fez, não gostou muito da minha atitude - Responde logo sua vadia! - Ordenei em fúria e a fantasma ficou mais séria do que já estava, o rosto era tão pálido que até parecia papel.
  - Vocês não queriam queimar a minha casa...? Então, agora sua amiguinha vai morrer queimada lá dentro. - Disse a fantasma e começou a rir depois, como se tivesse contado uma piada, senti minha garganta fechando, não foi a vontade de chorar que me invadiu naquele momento, foi ódio. Disparei uma bala de sal na coxa direita dela e ela grasnou de dor.
  - Sua imbecil insegura tá pensando o que? Só porque o seu namoradinho resolveu beijar outra, já ficou com frescura? Vamos começar pelo básico, em primeiro lugar você está morta! - Esclareci e dei outro tiro, desta vez na outra perna e então a fantasma evaporou urrando de dor ao se esconder de mim, mas eu sei que ela está perto - Em segundo lugar, - Voltei a dizer olhando ao redor, buscando meu alvo para atirar, meu coração acelerou mais - Depois do que você fez, você vai ser morta de uma vez por todas, se ninguém veio te levar pro inferno, eu mesma te levo pra lá. - Falei e fui até a varanda da casa, quando pisei no primeiro degrau senti as mãos dela tentando me pegar pelo pescoço e me jogar pra trás, mas eu já estava esperando, e por isso me virei rapidamente e atirei, desta vez no peito dela, bem no coração, é uma pena que isso não mata.
  Pelos meus calculos, o espírito da fantasma está interligado com as flores que existem no porão, então quando todas elas queimarem o espírito vai embora, basta eu conseguir ganhar tempo até ela morrer de uma vez. Com os poderes mais debilitados, a fantasma parou de tentar evaporar e torceu meus braços, logo em seguida me deu um chute no estômago que me lançou pra trás, enquanto era jogada contra a madeira pesada da porta da casa, a arma escapou da minha mão e caiu na grama, e eu cai sentada no chão, sentindo um líquido morno escorrendo pela minha sobrancelha, coloquei a mão na testa e senti meus dedos ficarem molhados, era sangue.
  - Vamos ver quem vai levar quem pro inferno. - Caçoou a fantasma e subiu a escada correndo pra cima de mim. Eu chutei as pernas dela com força, em seguida me esquivei de seu soco e me levantei do chão com habilidade. Por pouco não fui atingida pelo soco agressivo que a fantasma deu contra a madeira da porta. Mas não consegui me livrar das garras dela por muito tempo, mal consegui sair de perto dela pra ir atrás da arma e fui pega pelo pescoço, os dedos finos e gelados da fantasma agarraram minha garganta com gosto, e então ela tirou meus pés do chão e me lançou varanda a fora, me jogando no gramado, a dois metros distante da casa e da arma.

- Mallya on-

  O fogo estava se alastrando rapidamente pelos velhos sofás que um dia pertenceram a esta casa. Minha mochila já havia sido consumida pelo fogo, as provas estavam praticamente incineradas. As únicas coisas que ainda sobravam inteiras eram eu, o ovo e o chão. As madeiras dos móveis já estavam estralando, a porta não abria, e nem mesmo gritar por ajuda não estava adiantando. Parecia que a casa tinha sido recoberta por um escudo que não permitia a passagem de sons ou até mesmo do fogo para o lado de fora. A fantasma havia selado a casa, e com ela o ar. Eu estava ficando sem ar lá dentro, tocindo muito, parecia que meus pulmões estavam sendo carregados pela fumaça que transitava pelos cômodos mal iluminados da antiga casa.
  Coloquei o ovo de Dragão sobre um dos sofás em chamas, e procurei por algum objeto pra quebrar alguma janela. Por sorte achei uma barra de ferro, mas quando eu voltei pra janela, escutei um barulho.

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