Capítulo: 16

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Mãe e Filha os agardavam na sala de estar. Ambas estavam envolvidas em uma calorosa discussão que cessou assim que os homens cruzaram o limiar da porta. Fernando escoltou até a sala de jantar, deixando para Poncho a tarefa de fazer as honras à sua filha.

Pousando os dedos no braço sólido de músculoso, Dulce esquadrinhou ansiosa, a face do rapaz.

-- E então? - ela perguntou.

-- Seu Paí me ofereceu um trabalho é tudo.

-- Nada mais?  - isistiu.

-- Nada tão tentador quanto a oferta dele, posso lhe assegurar. Trinta e seis dólares por semana. Eu aceitei.

-- tolo!

-- Gosto de comer bem, minha querida. Sussurou-lhe ao ouvido dela.

E não demorou muito tempo para provar aquela afirmativa.

-- Delicioso! É a melhor refeição que já comi nos últimos tempos e receio que tenha me excedido. Acredito que uma caminhada após a ceia me faria bem.

-- Ótima ideia! - disse Fernando que enseguida, virou-se para a Filha: -O que acha Filha? Talvez possa mostrar ao Sr. Herrera algumas paisagens locais.

Dulce torceu os lábios.

-- Cheguei de Chicago hoje. O que poderia mostrar ao Sr. Herrera que ele já não tenha visto? A menos que haja outra taverna ou sarjeta que queira conhecer.

Alfonso endireçou-lhe um sorriso amável.

-- Talvez sua filha aprecie saber que há mais diversões culturais em Virginia City do que nossos olhos são capazes de enxergar. Talvez a Srta. Espinosa gostasse de visitar o Maguire's Opera House.

-- Ópera?! -exclamou Ela surpresa.

-- Ficaria feliz em levá-la aos bastidores, se quiser me acompanhar. - Poncho ofereceu-lhe o braço.

Dulce María olhou para o paí, tentando compreender o que estava por trás de sua expressão insípida.

-- Leve um casaco filha. - sugeriu o paí. - Faz frio depois que o sol se põe.

-- Creio que não demoraremos mais que meia hora senhor. - Informou Poncho.

Os olhos Cor de Ambar de Fernando encontraram os de Alfonso num comunicado silencioso.

-- Demore o tempo que for necessario filho.

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-- Onde disse... Que essa casa de Ópera... Fica? - arquejou Dulce, apressando-se para acompanhar-lhe as passadas. não pode reduzir a velocidade?  Pensei que isso fosse uma caminhada.

Alfonso parou na esquina e a fitou.

-- Viu-me fazer outra coisa a não ser caminhar?

--Maldição!  Vc não tem modos? - disse ela.

-- Tantos quanto a senhorita. - ele adiminuiu o passo. - E como vai ficar o plano de fugir de seu paí? Já pensou em outro cúmplice? -perguntou num tom casual.

-- Não, Eu... Vc me rejeitou. - reclamou.

-- Repensando sua estratégia?

-- Preciso. - admitiu ela. - Uma coisa é certa: Vou sair dessa cidade com ou sem sua ajuda.

Alfonso perscrutou o interior da marcenaria em que havia algumas mesas e um balcão onde serviam refrescos.

-- Vamos tomar um refresco?

Ela assentiu com a cabeça, contente por ter uma chance de descansar.

-- Eu pagarei. - disse ela.

Oh vc pagará, querida, Alfonso riu em silêncio. Não perde por esperar.

-- Venha mocinha. Duas Sarsaparillas, por favor. - ele pediu.

-- Eu não bebo. - informou Ela e ele sorriu.

-- Uma abstêmia, meu Deus! - Quando os copos foram servidos ele gesticulou para o dela. - Vamos prove. Não estou tentando embebedá-la.

-- Eu não disse que estava. - Ela retrucou num tom atravessado e para provar que era capaz, tomou um gole da bebida. Era deliciosa e não continha alcool. Ela o fitou como se Alfonso a tivesse enganado intencionalmente.

Ela arqueou as sobrancelhas.

-- Confie em mim Dulce María, eu não a enganaria.

--Uma Sarsaparilla não é suficiente para construir uma base de confiança.

-- É verdade, mas é um começo. - Alfonso apoiou os cotovelos na mesa. - Vou lhe contar uma coisa: tenho um fraco por donzelas angustiadas e decidi ser o seu salvador.

-- Verdade? - ela esvaziou um copo e pediu outro.

-- Estou preparado para fazer o supremo sacrificio de me casar com vc. - Ele riu e o sorriso acentuou-lhe. Era uma de suas marca registrada seu lindo sorriso de menino maroto e Poncho sabia tirar proveito disso.

-- Voltou atrás. Ou paí da noiva lhe ofereceu a mão da filha. - sussurrou ela.

-- Vamos deixar papai fora disso. Vc fez a próposta e eu estou aceitando.

-- Será estritamente uma formalidade. Concorda?

-- Eu não teria outra escolha. Então, quando receberei meus mil dólares?

-- Depois do casamento, quando me levar pra San Francisco. -Os olhos mel dela sintilaram travessos.

Alfonso terminou a bebida e se ergueu.

-- Pague ao Homem Dulce María Espinosa Saviñon, e vamos nos pôr a caminho.

Dulce pegou algumas moedas na bolsinha e as colocou sobre a mesa. Assutada ao perceber que ele havia passado um braço ao redor de seu ombro, ergueu a cabeça e o encarou. Para Alfonso, pareceu-lhe a coisa mais natural do mundo a fazer, então a beijou ali mesmo, na frente do proprietario e dos quatro funcionarios. Beijou-a nos lábios.

-- Herrera! - protestou ela afastando-se.

-- Sua reputação acaba de ficar irrediavelmente comprometida. Agora seu pai será forçado a nos deixar casar.

-- Sim. - ela deu um suspiro dramático. - Acho que vc está certo.

-- Comforme-se com seu destino Dulce. - disse Alfonso com sua melhor voz de vilão. - Conduzindo-a para a calçada, olhou a rua de cima a baixo. A luz dourada do sol de fim de tarde tingia o céu com tons de rosa e púrpura. Alfonso respirou fundo e deixou o ar sair lentamente. Aquela parte havia sido fácil. O pior ainda estava por vir.

-- O que faremos agora? - ela deslisou a mão sobre o braço dele. Parecia aliviada. Depois que Alfonso concordará em ajudá-la a fugir do pai e daquela cidade.

-- Vamos ao Maguire's Opera House! Se voltarmos muito cedo e contarmos aos seus pais nossos planos de casamento, eles poderão achar suspeito.

Dulce fitou o cúmplice com os olhos brilhando. Era como conduzir um cordeiro à matança, pensou Alfonso, sentimdo-se o Lobo.

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Será que ela merece oque estão fazendo com ela? 🤔

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora