Parte 1

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Era uma vez, um Reino encantado chamado Rio de Dezembro. Entre seus habitantes, vivia uma linda princesa, a gatinha Isla.

Isla era uma gata meiga, sonhadora, cheia de vida e com muito desejo de se aventurar. Mas faltava algo nela, não uma coisa física, se é que se pode chamar isso de "coisa".

Era algo puramente espiritual, mas ela não sabia exatamente o quê. Apenas que seu peito sempre apertava quando pensava faltar algo para sua completa felicidade.

Seu pai, o rei Caio II vivia dizendo para a filha não se preocupar, que na hora certa ela descobriria o que faltava em si... a verdade é que ele tinha medo de sua filhinha se aventurar fora dos muros de proteção do castelo. Já a rainha Mila pensava o contrário. Por ela, a filha correria livremente e seguiria o seu coração em busca desse algo que lhe faltava.

— A princesa precisa ver o mundo – dizia Milla para seu amado esposo, que aflito, chegava a suar frio.

— Ela é apenas uma gatinha inocente e desprovida de força, ela não pode sair daqui... lá fora é perigoso.

Para não contrariar seu amado esposo, a rainha apenas assentia com a cabeça e o transportava para outros assuntos do reino... como um boato que estava rondando o vilarejo há semanas, mas que agora havia sido trazido até ali, os ouvidos de sua majestade, o rei e a rainha. A aflição tomou conta dos dois... não era preciso uma palavra sequer para que soubesse do pensamento um do outro: seu Reino estava sendo atacado!

***

Uma rebelião estava tomando forma nas ruelas da fantástica Rio de Dezembro... mas não era uma rebelião feita pelo povo, o mesmo estava preocupado com a situação. Seu reino vivia em paz por muitos anos, mas uma gangue desejava tomar o poder do Rei para dominar o novo mundo.

— Precisamos agir rápido... a guarda real já está sendo acionada! – defendida convicto o cachorro Pouly, com um latido que fez os pêlos do Joaqueym se eriçarem.

O gato de pelo branco e cinza lambeu sua pata enquanto pensava em algo, uma ideia talvez, de como entrar no castelo... como uma luz, acendeu algo em sua mente.

— Miauuuuu... – sua ideia não poderia ser melhor...

***

Joaqueym lambeu sua pata pela milésima vez aquele dia. Ele se sentia pressionado pelo seu grupo. Não estava mais tão seguro de sua ideia. Claro, os outros animais amaram, mas ele se sentia meio culpado por fazer isso. Não que ele não gostasse do rei (que seus companheiros não soubessem disso!!), seu pai havia morrido na última batalha, ele lutou bravamente por seu Rei, mas Joaqueym era muito pequeno para entender a honra da missão recebida e executada com a própria vida. Apenas não tinha nada a perder.

Joaqueym foi interrompido de seu devaneio por Pouly.

— Pare de se lamber sem parar!! – ralhou com ele. — Já se passaram dois dias e nada deste plano dar certo...

— Eu... mas... – respirando fundo, decidiu representar o seu papel de gato sinistro. — Rapaz! Estou apenas aprimorando o meu plano malévolo!

O cachorro sorriu satisfeito com sua resposta. O gato suspirou de forma desapercebida, ele precisava criar coragem... mas até quando aguentaria esse teatro, isso ele não sabia.

Ele despediu-se do cachorro e passou a caminhar pelo bosque da escuridão... ele desejava pensar, mas parecia que quanto mais adentrava o lugar, mais sua mente ficava conturbada... de repente, ele ouviu um cantarolado, mas não era qualquer música, era uma que falava de saudade de um alguém nunca conhecido. De alguma forma, seu coração ardeu, porque, ele não sabia. Podia ser pela bela voz, pela melodia, ou por de um lugar escuro vir tão belo momento.

Ele não conseguia se mover, apenas aproveitar o momento. Ele tentou espiar e discernir a figura de tão bela voz, mas não conseguiu... até um momento que a melodia se tornou um choro... seu coração mole se contorceu, ele tentou não se deixar abalar, mas foi impossível. Quando deu por si, suas patas estavam caminhando em direção ao som.

FELICIDADE MAGNÍFICA: um conto fantásticoOnde histórias criam vida. Descubra agora