A ÚLTIMA GUARDIÃ | AS SAFIRAS LUNARES

• 2 •

        A SEMANA CORREU rapidamente desde o incidente com o breve encontro com o fantasma de cabelos azuis, e Christine continuava sonhando com ele morrendo em seus braços enquanto fogo consumia-os como se fosse um dragão faminto. Era estranho pensar na morte de um desconhecido, ainda pior quando este não estava mais entre os vivos. Seria possível matar uma entidade duas vezes?

Tais pensamentos não podiam ser um bom atestado de sua sanidade.

— Chris! Estou falando com você! — Sarah resmungou, balançando o folheto ilustrativo da cafeteria a poucos centímetros de distância do nariz da amiga, chamando-lhe a atenção. — Cappuccino ou expresso? — Christine desviou o olhar do celular para o rosto de Sarah e, em seguida, para o painel colorido e ilustrado na parede atrás do atendente.

— Eu vou querer um Latte Macchiato, por favor — pediu ela ao rapaz detrás do balcão, ignorando a amiga.

O atendente arregalou os olhos verdes e depois se concentrou em sua tarefa. Ele não parecia ser muito mais velho do que ela, usava um boné por cima do cabelo comprido e uma camisa listrada sob o avental.

— Podem se sentar, levarei até a mesa quando o pedido estiver pronto — o atendente disse, logo após digitar algo na tela touch-screen, desaparecendo atrás da porta dupla que dava acesso à cozinha sem acrescentar nada.

— Você tem sorte desse lugar estar vazio hoje, caso contrário estaríamos sendo xingadas — comentou Sarah enquanto checava o restante do lugar. A maioria das mesas estava desocupada, seria fácil encontrar um assento disponível. — Nunca demorei tanto pra fazer um pedido.

— Fiquei surpresa quando me pediu para te encontrar aqui, achei que ainda estaria chateada comigo — Christine engoliu em seco.

— Ah, é claro que eu estou... — Sarah semicerrou os olhos ao dizer. — Mas talvez tenha sido melhor desse jeito. Afinal, teria dado muito trabalho organizar tudo faltando tão poucos dias e Plínio ficaria reclamando até o retorno da One Direction, sabe lá quando isso vai ser...

Christine revirou os olhos.

— Não pode simplesmente deixar isso pra lá? Algumas pessoas simplesmente não gostam de festas de aniversário. — ela disse, suspirando. As duas se afastaram do balcão e se dirigiram às mesas, escolhendo a primeira de imediato, que ficava de frente para a janela. — E, de todo jeito, eu não tenho outros amigos além de você para convidar.

— Não importa mais. — declarou Sarah ao se sentar à mesa, batendo as mãos na superfície, chamando atenção das poucas pessoas que estavam ali. Christine abaixou a cabeça e se encolheu. — É muito insensível da sua parte não deixar sua melhor amiga organizar uma festa de aniversário surpresa pra você.

— Se for fazer você se sentir melhor, pode fazer no próximo ano.

— Muito engraçado! — Sarah bufou, e a outra mexeu os ombros, cansada do assunto.