Naquela mesma noite que voltara à minha casa para buscar meus pertences, adentrei o quarto de meus pais; nunca tinha observado os detalhes nele. Era um quarto para guardar segredos, tenho consciência disso hoje. Porém, tateando suas coisas, no fundo do armário eu vejo uma espécie de cofre, logo pensei em ser dinheiro, mas, obvio, tinha que ter uma chave. E para a minha surpresa: não. Ele estava aberto, parecia ter sido usado a pouco. Então abri, abri e vi um monte de cartas. Isso mesmo, cartas, cartas de amor para ser mais exato. Eu fiquei quase aquela noite inteira lendo-as – ou tentando, do jeito de uma criança de onze anos – e tentando junta-las com o acontecido, pois, aparentemente, eram só declarações de amor que eu julgava ser de minha mãe para o meu pai. Confirmei e fiquei com isso na cabeça por um tempo já que não tinha nenhuma assinatura indicando o contrário, mas, em uma delas, uma que guardo até hoje comigo, me atazanou.
"Nunca vou lhe perdoar seu mau-caráter, nunca vou aceitar isso. Por que a ela e não a mim? Por que? Eu sou mais bonita, inteligente, dedicada. Ela é só um pedaço de merda que qualquer um engole e eu não. Sou única.
Saiba que irá pagar muito caro por isso!
Fiquei sabendo que agora tens um filho? Que bonitinho, A Fera e o Belo* um ótimo casal, viu? Espero que ele seja infeliz igual a mim!
Não pense que os esquecerei, passarei minha vida inteira procurando-lhes e quando encontrar hahaha, ninguém sairá vivo, aliás, um sim, e ele vai ter o coração partido igual ao meu."
Depois de um tempo lendo e relendo, em minha cabeça, não batia como um sentimento tão puro, visto à convivência do amor dos meus pais, pôde acabar daquela forma. Em como, o ser humano consegue desgraçar até os mais singelos e únicos sentimentos.
O ódio se apossou do assassino ou assassina de meus pais, uma das terríveis consequências em amar sem moderação, afinal, constato e afirmo que amar é uma droga sem tratamento reversível.
Fora que também, essas cartas, mesmo esclarecendo um pouco a minha mente atualmente, naquele dia, não me ajudaram em nada. As mesmas eram mandadas para um endereço o qual não me recordo de ter ido em momento algum de minha vida.
Chegando ao local, – tudo era tão nítido na minha mente – parecia uma casa abandonada. Os muros da frente completamente destruídos, a porta arrombada, janelas quebradas, manchas pretas nas paredes... isso me chamou atenção. A casa poderia ter sido alvo de incêndio? Tomei coragem e entrei naquele lugar que me parecia tenebroso. Pode-se dizer que, para um garoto de pouca idade, a curiosidade e o sentimento de vingança, quebraram algumas barreiras do medo.
Tinha símbolos irreconhecíveis por todas as paredes que pareciam ter sido marcados por sangue. Continuei caminhando pela casa observando o máximo que conseguia diante da escuridão e, ao chegar na parte que aleguei ser a cozinha, vi uma porta que dava para os fundos da casa.
Saí e dei de cara com um quintal, um quintal que julgando o estado de agora, era muito bem cuidado. Essa foi a única parte que que não foi atingida.
Bem no canto tinha uma árvore. Uma cerejeira. Lembro-me vagamente do seu cheiro delicioso. Fui em sua direção ansiando pelo aroma e calmaria que aquela espécie me trazia, ah, como eu amo cerejeiras. Passei minha mão por seu tronco e senti uma textura diferente em sua madeira. Tinha letras cravadas nele. "P&J". Pensei rápido e cheguei à conclusão que o "P" só podia ser de "Park" e... bom, foi só isso mesmo que encontrei naquele lugar, mas, a curiosidade se fez presente, o que aconteceu naquela residência?
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Save Me; JIKOOK
FanfictionTudo aconteceu rápido demais; Park não sabia como reagir ao ver os seus pais mortos. Uma criança de apenas onze anos presenciou de perto o ódio: ódio de uma pessoa desconhecida. Agora, cabia a ele tirar satisfações, encontrar esse ser e fazê-lo pag...