Capítulo Único

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Estou nesse altar há algum tempo. A cada minuto que passa meu nervosismo aumenta, meu coração começa a bater mais forte e começo a suar, não posso acreditar que estou no meu casamento. Não posso acreditar que estou me casando com Poliana da Silva, a menina que amo desde sempre.

De repente a marcha nupcial começou a tocar e todos se levantaram e olharam para as portas da Igreja, chegou a hora, ela está aqui.

Ela está tão linda... Ela sempre foi extremamente linda para mim, a menina que sempre me fez esquecer quem for que estivesse em minha frente! Mas hoje ela está radiante, nesse vestido branco e com essas rosas vermelhas nas mãos... A visão perfeita com a qual sempre sonhei.

Ela chegou ao altar, sorriu para mim da maneira que só ela sabe fazer e então ficou de frente para mim e o padre começou a cerimônia.

— Davi Ferreira, você aceita Poliana da Silva como sua legítima esposa? – o Padre perguntou para mim e nesse momento tudo que já vivi ao lado de Poliana começou a passar em minha mente enquanto a observo com lágrimas nos olhos.

"Hoje é meu primeiro dia na escola. Infelizmente a mamãe disse que tenho que ir. A mamãe disse que será legal e que farei muitos amigos lá, mas eu não quero ir! Quero ficar em casa com meus carrinhos de brinquedo! Não vou falar com ninguém, nem com a professora, vou ficar quieto e não farei nada até a mamãe ir me buscar.

Essa escola é grande demais e tem muitas crianças. Todas chatas. Meus carrinhos são mais legais.

Estou sentado numa cadeira dura de madeira ao invés de estar na minha cama macia. A professora está falando várias coisas chatas sobre como é bom iniciar a vida escolar. Blá blá blá.

— Professora, posso ir no banheiro? – uma menina que está sentada do outro lado da sala perguntou pra professora logo depois de levantar a mão. Que menina boba, como ela vai no banheiro se ela nem sabe onde fica?

— Depois que eu terminar o que estou dizendo, sim. – a professora disse olhando para ela e logo depois voltou a falar todas aquelas coisas chatas e a menina ficou com cara de brava e eu só consigo rir da cara dela, mas acho que ela percebeu porque agora está me olhando como se quisesse me bater. Uma menina boba que consegue me deixar com medo.

Agora é a hora do recreio. As crianças estão correndo por todos os lados enquanto as moças que trabalham aqui tentam dizer que isso é errado e que elas podem se machucar.

Estou sentado numa cadeira em frente a uma mesa esperando o sinal bater para voltar para a sala de aula. Estou com saudade da mamãe. Esse lugar é chato. Quero voltar para casa.

— Por que você estava rindo de mim? – aquela menina boba da minha sala perguntou para mim enquanto ela se sentou do meu lado.

— Porque eu quis. – eu disse sem olhar para ela.

— Você é muito bobo. – ela me disse e eu olhei para ela com cara de bravo, mas ela sorriu e eu não entendi porque ela não ficou com medo. – Eu me chamo Poliana e você?

— Davi. – eu disse olhando para ela.

— Legal... Davi bobão, vamos voltar para a sala de aula. – ela disse para mim e então se levantou e começou a subir a escada. Davi bobão. Bobona é ela! Não gostei dessa menina.

Hoje é o aniversário de quinze anos da Poliana. O tempo passou rápido demais! Nossa amizade completará nove anos mês que vem, nem parece que faz tanto tempo assim que nos conhecemos.

Lembro que nos primeiros dias que nos conhecemos eu não gostei dela, quer dizer, eu dizia não gostar dela, mas nós dois não nos desgrudavamos nunca e chegou num ponto onde eu ia para a escola apenas para brincar com ela porque eu detestava aquele lugar!

Apenas Me Beije DevagarOnde histórias criam vida. Descubra agora