Capítulo Único

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Clara olhava nervosa para o relógio. Menos de uma hora para a chegada do novo ano e nada do Patrick chegar. "Ele tem que chegar. Ele prometeu que viria. Na verdade ele prometeu que tentaria, mas mesmo assim..." Ela é tirada de seus pensamentos por Renato que a encara confuso.

- Clara você ouviu o que eu disse? Clara?

- Oi Renato? Desculpa, não te ouvi.

- Percebi. Algum problema?

- Tô preocupada com o Patrick ele tá demorando. Será que aconteceu alguma coisa? Eu vou ligar pra ele.

- De novo? Você já ligou pra esse cara umas 50 vezes só na última meia hora.

- Ele devia estar no avião, agora ele vai atender eu tenho certeza.

- Ou talvez ele não queira te atender. Tá na cara que esse cara não vem, já deve ter com quem passar a virada do ano.

- É claro que ele vem. Eu sei, eu sinto... Renato, você pediu pra passar a virada comigo, disse que não tinha com quem passar e eu aceitei por educação. Mas se você for falar mal do Patrick eu vou te pedir pra se retirar da minha casa.

- Desculpa, não tá mais aqui quem falou.

- Ótimo. - Clara tentava aparentar segurança no que falava, mas a possibilidade de Patrick passar a virada com outra pessoa a incomodava, principalmente se fosse com a tal Adriana que ele tanto elogiara na última ligação.

Não muito distante dali, Patrick se remexia desconfortável no banco do táxi, olhando de segundoem segundo para o relógio e batendo nervosamente com os dedos nos joelhos.

- Ô meu amigo, vai demorar muito pra chegar?

- Desculpa aí chefia, mas é o último dia do ano, fica difícil achar uma via que não esteja fechada por conta das festividades.

- Eu preciso chegar logo em casa.

- Alguém especial te esperando?

- Sim. Alguém muito especial. - fala com sorriso nos lábios. - Eu prometi que faria o possível pra chegar a tempo, mas pelo que eu tô vendo eu vou acabar passando a virada dentro desse táxi e ela sozinha com aquele cara.
Ele lembra com um certo incomodo de quando ela avisou de última hora que Renato passaria a virada com eles, ficou indignado, mas resolveu disfarçar e para desviar o assunto rasgou elogios intermináveis à Adriana, sua nova colega de trabalho. Clara desligou o telefone abruptamente e ele não entendeu a razão, ele é quem deveria estar com raiva. Afinal ela deixaria aquele cara participar do réveillon dos dois e ele ainda tinha sérias dúvidas com relação ao caráter daquele sujeito. Não pensou duas vezes antes de largar a confraternização do escritório e embarcar no primeiro vôo para Palmas.

- Eu acho que vou descer aqui mesmo - diz abrindo a porta do táxi.

- Mas senhor, a gente tá a uns 10 minutos do endereço que me deu.

- 10 minutos que nesse carro vão se transformar em horas e eu preciso ver a Clara ainda esse ano. Tá aqui, pode ficar com o troco. - disse e saiu correndo e nem escutando o taxista lhe desejando sorte.

Patrick corria sem parar pelas ruas, vez ou outra trombava com algum casal se beijando, ou tropeçava em alguém bêbado jogado pelo caminho. Os tempo parecia seu inimigo e cada segundo que passava o deixava mais longe de cumprir sua promessa e, principalmente, mais longe de clara. Se seu celular não tivesse descarregado, ele poderia pelo menos ligar para se desculpar e desejar um feliz ano novo. Ele não iria decepcioná-la, prometeu que estaria lá e vai estar, mesmo que ela esteja feliz com Renato e sua presença não faça falta alguma. Faltavam apenas 5 minutos para a virada do ano quando ele parou em frente a residência. Seu coração saltava, a respiração estava entrecortada e ele estava um verdadeiro bagaço com a roupa toda amarrotada, completamente suado e o cabelo desgrenhado de uma forma como ele nunca tinha visto. Não era pra ele estar naquele estado, o tal do Renato devia estar bem arrumado e perfumado, enquanto ele estava deplorável. Segurou a maçaneta da porta e pensou em voltar atrás, não estava interessado em vê-la feliz com aquele sujeito. Depois de desistir três vezes de abrir a porta, Patrick respirou fundo, girou a maçaneta e enfim entrou na casa.
Clara olhava desanimada para a porta, a cada segundo suas esperanças de que Patrick viesse diminuiam. Faltava muito pouco para a entrada do ano, Renato falava alguma coisa que ela não escutava. "Ele não vem" ela pensou, abaixou a cabeça desconsolada e ela sentia vontade de chorar. Foi quando ela escutou a maçaneta da porta girando, levantou a cabeça contente e sorriu ao ver Patrick entrando. Ele estava suado e amarrotado mas ela não ligou, correu em sua direçao jogando-se em seus braços em um abraço apertado e cheio de saudades. Eles se afastaram um pouco, sem se soltarem e se olhavam intensamente. Estavam tão absortos naquele momento que nem sequer notaram Renato desejar um bom ano e ir embora. Eles apenas sorriam e se olhavam, eles estavam com quem queriam estar.

Feliz Ano Novo - One Shot #ClarickOnde histórias criam vida. Descubra agora