CAPÍTULO 28

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Vinicius

Mergulho novamente dentro da água, e nado tentando manter os olhos abertos para enchergar aqui em baixo, e chego na parte onde acho que tem um buraco, bato as pernas mais forte para conseguir passar sem ser puxado como foi na ida.

Uma barra de ferro, acho que corrimão de algum canto, brota na minha frente e bate com tudo em meu rosto. Por alguns segundos eu perco o equilíbrio e sou puxado pela correnteza; mas consigo me recompor e pegando aquela mesma barra de ferro, finco no primeiro buraco que acho. Me impulsionando pra cima, bato a mão com força na porta que pra minha surpresa está fechada e puxando o ar para meus pulmões eu grito por Walter, grito por ajuda, e a ajuda nunca chega.

Pego minha companheira barra de ferro, e soco ela na porta até conseguir quebrar a fechadura. Empurro a porta e me apoio no batente à tempo de escutar um estrondo e em seguida a dor me atinge, sinto como se estivesse sendo queimado de fora pra dentro.

Gemo de dor e faço careta olhando para o local onde dói; um tiro! Eu acabo de levar um tiro em minha coxa! Levo a mão onde agora o sangue jorra e pressiono. Ergo o olhar e vejo Walter sorrindo com a arma em punho, filho da puta! Ele se prepara para atirar novamente, então volto pra dentro da água num impulso e abro os olhos vendo a bala passar de raspão a minha frente.

Sem opção eu volto a nadar e com muito sacrifício e ajuda de minha barra eu consigo chegar no local de partida. Ao chegar, Juca me ajuda e depois de explicar o que aconteceu eu rasgo a manga de minha camisa e amarro em minha coxa. Que ódio e que dor! Vou fazer questão de quebrar a cara deste idiota quando sair daqui.

— Vinicius!... — Escuto Millena me chamar e com a respiração já um pouco fraca eu a encaro, vendo as lágrimas encherem seus olhos e ela se apressa me envolvendo em seus braços. — Aí não faz isso! Não quero te perder, não de novo. Isso é culpa minha! Falei para você não vir...

— Millena escuta, — Seguro em seu rosto tentando não demonstrar a dor que sinto. — a culpa não é sua, somos dois teimosos e por saber disso é que você tem que entender, não vai ser agora que te achei que vai se livrar de mim tão fácil!

— Olha sinto informar e atrapalhar os pombinhos aí, mas o Lazlo já está em posição e precisamos nos preparar. — Juca murmura e tendo a nossa atenção ele inicia a contagem com Lazlo, e ao chegar no zero escutamos outro estrondo, um pouco menos violento e barulhento, após alguns rápidos minutos quando a fumaça começa a sumir, conseguimos ver Lazlo que acena em nossa direção.

Prontamente os Sargentos, saem com as crianças com a colaboração de todos. Em uma ordem começando por mim, seguida de Millena, Juca e por fim Lazlo, levamos todas as crianças para dentro da van. Porém nem tudo são flores e como estamos praticamente no meio de um campo de guerra. Faltava somente Juca, Millena e eu para sair da água e novamente os tiros recomeçaram.

Juca corre por entre os objetos no cais e fecha a porta da van, Lazlo parte mas nós ficamos.

Millena me puxou para trás de um carro e puxando a arma ela devolve os tiros com a mesma intensidade. Olhei na direção de Juca e ele fazia o mesmo atrás de uma coluna escondida. Cadê o reforço?

Tentei levantar para pegar a arma no cós da minha calça, mas minha coxa deu uma pontada e cai sentado gemendo de dor, o que não passou despercebido por Millena. Ela abaixou o olhar imediatamente e arregalou os olhos vendo a mancha de sangue aumentar. Se abaixou ao meu lado e puxou da mochila uma tesoura.
Desta vez foi eu que arregalou os olhos, devo estar só o bagaço.

— Vai fazer o que? — Pergunto suando frio. Acho que a fraqueza agora começou a me pegar.

Millena não me respondeu porém cortou fora meu curativo improvisado e então para minha surpresa, ela ergue a outra mão e mostra uma pequena pinça me encarando brevemente com a expressão determinada, parece já ter feito isso.

— Você já perdeu muito sangue e essa bala dentro de você não está ajudando. — Diz de repente com a voz grave e sem humor. — Aconselharia que olhasse pro lado. — Ela diz e coloca um pano em minha boca.

— Pra que? — Pergunto fraco franzindo a testa e logo gritando de dor, quando ela senta em cima das minhas pernas e de costas pra mim, me imobilizando e mexe dentro do meu ferimento. — Porra! Millena! Ficou maluca?! — Tento gritar mas só conseguindo mexer os braços.

— Para de se mexer, Vinicius! — É o que ela grita para então, finalmente, sair de cima de mim e me mostra a bala presa na pinça. — Bala retirada com sucesso! — Diz vitoriosa e nada consigo responder, o suor e uma lágrima desce por meu rosto. — Vou fazer um curativo rápido e... — Millena volta a falar e os tiros a nossa volta agora parecem piorar e meus ouvidos zunem.

— Millena cuidado! — Volto aos meus sentidos normais quando escuto a voz de Juca. E então um corpo se joga na frente do de Millena e é atingido por três tiros.

Millena grita apavorada e puxa a arma da mão de Juca caído no chão, atirando em Walter à uns dez passos de distância. Pego a arma dela jogada no chão e atiro num mascarado vindo logo atrás, ele cai quando é atingido no ombro.

Olho pra baixo e vejo Millena segurar o corpo ensanguentado de Juca em seus braços e soluçar.

— Juca! — Grita entre lágrimas e então escuto pneus cantando, sirenes a todo vapor, os tiros aumentam e minutos depois param. — J-Juc-a, não faz isso! Por que fez isso? Temos que beber, por dois dias seguidos ainda! Você me prometeu!

Alguns paramédicos correm em nossa direção e sinto um gosto estranho dominar minha boca e logo um líquido escorrer pela mesma. Ergo a mão fracamente e tento limpar o líquido pegajoso, me assustando quando vejo sangue diante de meus olhos. Uma dor fortemente aguda me atinge junto com a queimação de novo e descubro que assim como Juca, eu fui baleado novamente, agora na costela, gemo de dor e pressiono fracamente o local, sentindo as minhas forças irem embora assim como meu ar e esperança.

— Vinicius? — Escuto Millena me chamar e então o terror toma conta de sua voz. — O que? Como? Não! Não, não e não!

Sorrio tristemente e tento tranquiliza-la, mas nem mesmo falar eu consigo, sinto o sangue escorrer maxilar abaixo e faço uma careta. Tento abrir os olhos mas está tudo embaçado, então volto à fecha-los.  A dor é mais forte que todo o meu amor por essa mulher.

Acho que não poderei levar o presente que prometi a minha irmã. Não verei minha mãe e nem minhas irmãs novamente. Acho que agora será o meu fim, e não vejo a minha vida passar diante de meus olhos como todos dizem. A última coisa que vejo antes de apagar é o sorriso das mulheres da minha vida. Amo todas elas! Minha mãe, Julia, Emily e Millena.

A escuridão me toma e tudo que eu posso fazer é seguir para o lado fácil, o lado sem dor e medo, porém o lado escuro sem elas.

👉💘👈
Olá leitores do meu 💜, tudo bom? Estou torcendo por isso.

O que acharam do capítulo? Digam-me tudooo. Vinicius e Juca foram baleados, só digo uma coisa... Até o próximo capítulo😜

Beijocas e até o próximo😘💋

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