2- O Baile

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Eu deveria me trocar e ir até a cozinha, mas minha raiva estava dominante. Não conseguia nem me mover, foi nesse momento que ouvi essa voz pela primeira vez.

-Mate-a!

-O que? – Olhei para todos os lados, mas não vi ninguém. – Quem está aí?

-Você deve mata-la.

Resolvi ir em direção à biblioteca, algum engraçadinho devia ter se escondido para me pregar uma peça. Eu estava quase chegando na porta quando ouço um barulho vindo por trás de mim. Viro-me de uma vez e dou de cara com Sabrina.

-Que susto!

-Qual o problema?

-Nada. Não me diga que D. Silla já está com pressa em me ver.

-Apenas vim saber como está. Ela foi bem estúpida com você.

-Em que momento das nossas vidas ela não foi estúpida comigo?

-Boa pergunta. Você está bem mesmo, Cristie?

-Eu vou sobreviver. Não é a primeira vez que sou humilhada em público, mas é a última.

-O que quer dizer?

-Eu vou embora daqui, Sabrina. Pensei em ir após o casamento de Freya, porém não aguento mais esse lugar. Talvez, acabe antecipando.

-Como pretende ir? Só Odin libera a passagem pela ponte e não acho que fará isso por você.

-Eu sei, não conto com a ajuda dele.

-Com a de quem?

-No dia certo você vai saber. Prometo me despedir antes. Agora é melhor eu ir mudar de roupa.

Deixei Sabrina e fui pro meu quarto, tirei com todo cuidado o vestido e coloquei o de empregada. Ele era um pouco mais curto, de um tecido bem grosso e cinza. Eu detesto cinza! D. Silla já estava a minha espera.

-Por que demorou tanto?

-Queria ficar bonita pra você! – Ela fechou a cara e Sabrina deu um risinho abafado.

-Pare com suas gracinhas e comece o trabalho.

-O que devo fazer?

-Pode encher essas bandejas para as meninas levarem. – Disse Sabrina.

-Está bem.

Passei parte da noite fazendo isso, então ouvi umas vozes na sala ao lado, entretanto, dessa vez, eu as reconheci. Eram de Freya e Frigga. Fui perto da porta.

-Como vocês puderam deixar Cristie ser tratada daquela forma? Aquela mulher a arrancou do salão.

-Ela apenas fez o que lhe foi ordenado. Ela exagerou, mas teremos uma conversa a respeito.

-Conversa?! Deveriam demiti-la. Ela sempre tratou Cristie muito mal.

-Freya, por favor. Respeite as ordens do seu pai.

-Não! Ela é minha amiga. Sabe qual o problema de vocês? Vocês são tão preconceituosos que não conseguem ver uma criada bem vestida.

-Não é isso! Se ela fosse uma simples criada... Um dia, você saberá a verdade e aí entenderá que fazemos isso para o bem de todos.

"Bem de todos?" Pensei comigo.

-O que isso significa? – Perguntou Freya.

-Um dia, quando você estiver crescida o suficiente...

-Sou adulta o suficiente para me arrumarem um noivo, mas não pra saber o motivo de humilharem minha amiga? Isso é ridículo.

-Chega! Vou falar com seu pai e iremos te contar tudo. Agora não é o momento, vamos voltar para o salão.

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