Freak Show

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23 de Dezembro de 1996.

Draco leu e releu o pergaminho em suas mãos trêmulas por várias vezes, incrédulo e raivoso:

Caro Draco,

São exatamente 11:48 e acabo de regressar da Plataforma 9 ¾ . Devo te contar que não é mais tão simples para mim sair em público, como bem sabe sou procurado pelo Ministério há três miseráveis anos e corri sérios riscos de ser pego por sua causa. Ainda não sou eu, exatamente, mas vou te explicar o porquê: há algumas horas atrás tive de beber uma poção polissuco, e o único lado bom disso têm a ver com um bruxo russo com as suas características que persegui e assassinei. Um preço razoável por um mísero fio de cabelo, você não concorda? Bem, o mestre não ficou contente quando eu disse a mesma coisa para ele. O homem era um puro-sangue adepto aos nossos ideais e não temos permissão para tirar a vida de bruxos apoiadores das leis de nosso superior. Fui castigado depois disso, rebaixado em meus ofícios e obrigado à ir eu mesmo buscá-lo no lugar de Rabastan. O cabelo era para ele. Pode imaginar o meu desgosto quando me incumbiram de ser sua babá?! Meu humor não melhorou posteriormente, a plataforma 9 ¾ nunca esteve tão cheia de Aurores! Para piorar, quando o trem de Hogwarts chegou adivinhe quem não desceu dele?! Você tem ordens para vir para casa. Sua mãe o quer aqui para as celebrações dos últimos dias do ano e se isto não bastar como motivação, saiba que nosso senhor oferecerá um banquete para seus partidários, e lembre-se que ele não lida bem com desfeitas. Ao crepúsculo vá para a sala de Snape, estamos tentando uma conexão entre a lareira dele e a da Borgin & Burkes; com os Aurores sondando a Travessa do Tranco está sendo complicado. Não tente qualquer gracinha e nem perca seu tempo enviando-me recusas birrentas. Estarei te esperando do outro lado, se tudo correr como o esperado. Portanto, NÃO SE ATRASE! Ou arranco teus olhos das órbitas com minhas próprias mãos.

L.R.

A última coisa que queria era regressar para a Malfoy Manor. Queria, na verdade, que houvesse uma maneira de desfrutar das comemorações que viriam com a sua mãe. Mas não assim. As poucas lembranças boas que guardava de sua casa eram relacionadas ao mês de Dezembro. Não estava disposto à manchar-las com as farras dos Comensais e de seu Lord. Estar lá, com eles lá, não seria bom para ele. Sentindo-se como um fantoche, amassou o pergaminho em uma bola e apanhando sua varinha, murmurou:

- Wingardium Leviosa!

O pergaminho disforme levitou em sua frente, Draco semicerrou seus olhos para mais uma escolha que não era dele e concluiu sua pretensão com ódio:

- Incêndio!

. . .

Seu plano de não embarcar no trem não acabou como ele queria. Foi tolice pensar que o deixariam em paz e livre - mesmo socado em Hogwarts havia de ter mais privacidade do que na sua própria residência! Um absurdo, mas era sua realidade. Por isto, quando se viu parado em pé ao lado da lareira de Snape à espera, desejou secretamente que as chamas da mesma, por onde ele estava contatando Rodolphus, o engolisse e ele queimasse vivo. O padrinho era tão culpado quanto Rodolphus por sua desgraça, uma vez que ele é quem avisou ao tio de Draco que ele ainda estava em Hogwarts, e ele é quem fizera questão de entregar pessoalmente o detestável pergaminho com um esgar de arrogância. Filhos da puta, é o que são!

- Vai demorar?

Draco perguntou pela nona vez em dezesseis minutos. Queria acabar logo com aquela agonia. Prometeu a si mesmo que se pudesse não sairia do quarto pelos próximos nove dias. Embora duvidasse que fossem deixar-lo isolado e em paz. Bellatrix sempre o incitava e por algumas vezes o obrigava a se relacionar com os outros Comensais. "Fazer aliados pode e vai beneficiá-lo futuramente", ela dizia. Talvez, só talvez, a perspectiva dela fosse coerente. Não seria nada mal ter alguém que passasse pelas mesmas turbulências que ele para conversar e poder contar. Porém, era impossível confiar em qualquer homem do círculo de Voldemort. Todos eram amigos do poder, e só. Caras que pareciam gostar demais da podridão de suas missões. Mulheres gananciosas e oportunistas. Antes só, do que mal acompanhado. Fôra nisso que se apegou durante o mês de Agosto em que conviveu diariamente com um bando de mal caráteres.

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora