mth; pôr do sol,
a despedida do astro rei,
a chegada da mãe lua–
As garotas esperavam o elevador chegar até o andar adequado entre risadas e brincadeiras, mais tranquilas por não ter ninguém no pequeno espaço com elas, lançando maus olhados. Jiwoo não tinha a menor ideia do andar em que se encontravam, já que nunca tinha se importado o suficiente para contar quantos segundos levavam até as portas se abrirem ou nunca ter tomado o elevador sozinha.
Então ela não percebeu o quão lento ele estava, ou como a luz no teto piscou levemente, as outras duas também não. Em poucos segundos a luz tinha realmente se apagado e o elevador parado de repente, uma corrente de pânico percorreu as colunas das garotas. Elas se mantiveram em silêncio por alguns minutos, até que Jiwoo perguntou:
–O que aconteceu?– antes, ela conseguia sentir a movimentação sútil do elevador, agora, nem isso estava presente. Além disso, seus olhos sentiram a diferença de luminosidade.
–A luz deve ter acabado, eu acho. Somin? Tudo bem?– Dara questionou, agarrando o braço de Jiwoo, que estava no meio de ambas. Somin se encontrava estranhamente quieta. Ela estava encolhida no mesmo lugar desde que a energia caiu e a palma de suas mãos suavam frio.
–Estou bem. Está tudo bem.– ela falou, mais para si mesma do que para as outras duas. Aquela escuridão não era a maior de suas preocupações, mas sim quanto tempo levaria até que ela começasse a se perguntar quanto oxigênio ainda havia no cubículo de metal.
Para Jiwoo, a escuridão nem fazia diferença, afinal, ela vivia mergulhada nela— tendo que colorir seu próprio mundo com a memória das poucas cores que ainda tinha. Com os sabores, cheiros e sensações que a preenchiam.
–Tem um telefone de serviço aqui?
–N-não, eu vou lugar para o Tae.– a castanhada respondeu, buscando seu celular com as mãos trêmulas. Em poucos segundos a tela gelada do aparelho já tocava sua bochecha e orelha e a voz de Taehyung se fez presente.
Eles trocaram algumas palavras rápidas e ele assegurou que iria até a recepção e pediria para que ativassem o gerador, enquanto isso, tudo que podiam fazer era esperar e torcer para a energia voltar o mais rápido possível.
A essa hora, o sol já deveria estar se pondo do lado de fora, um fenômeno natural tão cheio de graça e vida que encantava a qualquer um que se dispusesse a observar as nuvens pinceladas por diversas cores que formavam uma paleta tão bonita que tinta alguma conseguiria copiar, que nem mesmo a melhor das câmeras conseguia guardar sua essência.
A quanto tempo Jiwoo não via o sol se pondo em meio a tanto esplendor? A explosão de cores que costumava encantar a criança risonha e a fazia parar tudo que estava fazendo e se esgueirar até a janela que oferecia a melhor vista, a tanto não era captada pelos olhos juvenis.
–O ar não vai acabar, pare de pensar nisso.– Jiwoo repreendeu a amiga, já imaginando que pensamentos percorriam a mente acelerada da garota ao seu lado. Ela procurou por sua mão e quando a encontrou a levou até a parede e juntas se sentaram, as três.– Têm frestas nas portas, então o ar pode entrar.
Como resposta, ela só assentiu com a cabeça levemente e deixou que ela caísse no vão entre o pescoço e a cabeça de Jiwoo, que fechou os olhos, diferentemente das outras duas que encaravam as portas de metal esperando algo acontecer.
De repente, o elevador deu um solavanco e assustou as garotas que haviam emergido em um silêncio perturbador. A luz ainda piscou algumas vezes antes de se estabilizar e o elevador voltar a subir. Sem saber, o elevador tinha parado na metade do caminho para o apartamento do trio e a queda de energia tinha durado, talvez, 15 minutos. Mas foi o suficiente para Somin querer descer as escadas pelos próximos três dias.
Em um restaurante pequeno e aconchegante, não tão longe dali, outra queda de energia tinha acontecido, mas esta não foi no estabelecimento e sim dentro do corpo de Matthew. Ele estava cansado, e não só fisicamente.
Era perceptível como a sua luz estava se apagando. O garoto que antes atraia atenção por exalar uma energia tão positiva e alegre, estava no meio de uma queda de energia. As pessoas se viravam para ver um garoto com olheiras profundas no rosto anguloso, para ver olhos que mal se abriam durante as aulas matutinas e um cabelo desgrenhado. Sem ter porque, ele agradecia por Jiwoo não conseguir ver sua situação; ele sentia que se ela percebesse, sentiria pena, e a energia da garota seria sugada por ele, que era como um buraco negro, se alimentando de energia.
Então ele bebia energéticos, café e álcool para ter alguns momentos de euforia antes que tudo se lançasse contra ele de novo, sem dó ou pausas para que ele pudesse se reerguer. Mas ele sabia que era culpa dele. Ninguém, além de si mesmo, havia o colocado preso naquele mesmo momento e acontecimento, que se repetia em sua mente em momentos inoportunos; ninguém disse que ele não deveria seguir em frente, passar a bola, esquecer. Ele era quem decidiu não deixar aquilo cair no esquecimento, mas ele se confundiu. Eternizou o fim e não o percurso.
Sem perceber, ele estava esquecendo o que buscava lembrar e lembrando o que queria esquecer.
E ele bebia, comia coisas cheias de frituras e gorduras, sem se preocupar se aquela mistura era o caminho para o final. Ele vivia a vida loucamente, mas não era o tipo de aventureiro que fazia para aprender com erros e acertos, para aprender com o pouco tempo que temos nesse plano astral; ele era do tipo que vivia porque já não se importava se algo acabasse com ele, que acreditava que não tinha mais nada a perder.
E ele tinha. Tinha tanto a perder e a ganhar, tantas aventuras que poderiam ser aproveitadas corretamente, tantos continentes a desbravar, tantas musicas a coreografar, tantas amizades a serem feitas, tantos beijos a serem compartilhados por dois seres sempre ávidos por mais contato, mais amor e toques.
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver, que colocou a própria venda. Matthew deveria ser o pior dos piores– além de ter colocado a venda, ele sempre a apertava quando estava prestes a cair.
Eventualmente ele notaria que ele era o cego que estava a dar aulas a alguém que enxergava. No final, talvez ele fosse o dançarino cego.
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comentem meus docinhos de côco!!! eu amo ler as reações das pessoas, e receber avaliações, sejam elas boas ou ruins!!!
e desculpa pela demora, eu fiquei sem inspiração e tive semana de provas:((
nem eu tinha pensado em colocar o matthew como o "blind dancer" mas saiu e eu gostei na vdd
•perguntinha: vcs já ficaram presos em um elevador?
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blind dancer [bwoo/taeso]
Fanfiction[bwoo/taeso/kard fic] Onde Jiwoo é cega e apaixonada por música desde sua infância e decide começar a ter aulas em uma escola de dança em Daegu, lá ela conhece Matthew Kim, um professor ignorante, mas ela está disposta a mudar !! descontinuada !! a...