Capítulo 10

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P.O.V PIETRO

Bati na porta do quarto no qual ela trancou, repetida vezes.

- Flavia, abre a porta! - não ouço resposta alguma. - Eu só quero conversar com você... Por favor! - suspiro e saio de lá, indo até o quarto de minha mãe, para chamá-la.

  Ok, pode ser nada demais. Só que estou preocupado, a Flavia aparentava estar chorando e ela nunca costuma chorar na frente dos outros.

- O que foi, Pietro? - olhou-me, pondo as mãos na cintura.

- Mãe, Flavia subiu chorando e não quer abrir a porta de jeito nenhum. - falo escorado na porta.

- A Flavia? - e foi para a porta do quarto de Flavia, e eu segui atrás. - Flavia, abra essa porta! - gritou. - Flavia! - e ela abre a porta, em seguida corre se jogando na sua cama.

- Flavia, meu amor, o que aconteceu? - pergunta se sentando na cama, passando as mãos no cabelo de minha irmã. Ela só soluça. Fico apenas observando aquela cena. 

- Eu tô grávida. - ela disse enquanto se sentava na cama. Pera... como é que é?  

- Como?! Flavia, você só tem 17 anos! - se exaltou, minha mãe.

- Você só pode estar de brincadeira! - a olhei, na esperança que realmente ela tivesse brincando.

 - Eu queria que fosse brincadeira... - murmura, levantando-se. - Bruno disse para abortar... - se aproximou da mãe. - Mãe, também estou pensando na hipótese...

- Que porra! - gritei, cortando-a. - Quem esse cara pensa que é? E você... Flavia, ficou louca?! Como é que vocês... Senhor, não acredito nisso, caralho, porra... - sento-me na cama, esfregando minhas mãos em meu rosto.

- Flavia, minha filha... - minha mãe começa após alguns minutos em silêncio, só ouvindo Flavia chorar. - Vocês dois tiveram milhares de maneiras de se prevenir, a criança não tem culpa. Céus, Flavia, como você pôde deixar isso acontecer? Você não vai abortar, vai fazer um exame de sangue pra ver se realmente está grávida. Você por acaso fez algum exame, Flavia? - dava para ver que minha mãe estava nervosa, só pela voz.

- Nunca pensei que Bruno fosse assim... O cara tem 20 anos e age como se tivesse 12! - levanto de nova. Droga. Droga.

- Pietro, você não está na pele dele para sair falando asneiras... Não está na nossa pele! - Flavia grita. É isso mesmo o que eu ouvi? 

- Não estou na pele dele porque sei me cuidar! - digo irritado.

 - Você nunca vai nos entender, Pietro. - grita de novo. Sério isso? 

- Se acalmem, crianças! Vamos fazer a droga do exame de sangue, depois falar com o mala do Bruno. - Carla realmente não estava bem. Na verdade ninguém está. Principalmente a Flavia, parece que sucumbiram sua inteligencia. 

- Com ele e os pais, como ele ainda mora com os pais... - lembrei.

- Não acho necessário... - minha mãe nega com a cabeça.

- Claro que é. Por favor, né. Ele nem sequer trabalha, é bancando pelos pais. - revirei os olhos. - Nunca trabalhou, na verdade. Nem sequer estuda. 

- Pietro, nos dê licença. Quero ter uma conversa séria com essa mocinha aí... - pediu. Neguei com a cabeça. - Pietro, é sério, saí! - grita. 

- Daqui a pouco volto... - caminhei até a porta.

         ***

P.O.V LETÍCIA

  Estou no quarto, e ouço alguns gritos. Com certeza estavam discutindo. Agora estou preocupada, mas não posso ficar invadindo tanto a privacidade deles. Realmente não sei o quê pensar. Ouço os gritos cessarem, e resolvo sair do quarto. Ao sair vejo o Pietro, indo para seu quarto com cara nada legal. Não me aguento, indo atrás dele, bati na porta três vezes.

- Quem é? - pergunta com uma voz abafada. 

- Letícia. Posso entrar? - ele não respondi nada. Ouço barulho das chaves, em seguida o vejo.

- Pietro... Oi. - sussurrei. Parecia que estava chorando.

- Entra. - abre a porta por completo, entrei meio receosa. 

- Desculpe-me se eu estiver sendo intrometida, tá? Mas o que aconteceu? - passei meu polegar por sua bochecha, que estava avermelhada. 

- Coisas... Que não foram comigo, mas mesmo assim... - deu de ombros.

- Se quiser desabafar... - esbocei um pequeno sorriso.

- Você é fofinha... - me abraça, apertando com força. 

- Aí, Pietro. - ri. - Você está tentando me sufocar? - brinquei. 

- É a Flavia... - começou. - Está grávida. E o Bruno não está querendo assumir... Só de me lembrar eu fico puto da vida. - se afasta, jogando seu corpo contra a cama.

  Uau. Flavia? Grávida? Caraca. Então era por isso que ela vomitava no banheiro aquele dia. Senhor!

- Eu realmente não sei o que dizer... Mas tudo pode ser ajeitar. As emoções ainda devem estar a flor da pele... Acho que se conversarem melhor... Talvez... - desisto de falar.

- Não quero que ela sofra. É minha irmã. Não merece isso. - murmura.

  Resolvi não falar nada, apenas me sentei na beira da cama, fazendo um cafuné nele.

***

P.O.V PIETRO

 Alguém bate na porta. Abro os olhos e observo minha mãe adentrar no quarto.

- Olá, querida. - diz a Letícia. Sentei-me na cama. - Pietro, querido, pode ir. - olhei para Letícia, e dou um beijo no canto de sua boca e saio, indo em direção ao quarto da Flavia.

 Ela estava sentada na cama. Apenas sentei em sua cara, e fiquei observando. Nunca pensei que o Bruno fosse tão baixo, ao ponto de mandar a Flavia abortar, sempre o vi, como um cara legal, Flavia às vezes aparenta ser, tanto rude, em certas coisas, só que ela é totalmente frágil, só que é orgulhosa, não gosta de demonstrar sentimentos. 

- Sabe... Conversei com a mãe e ela tem razão. Não vou abortar, se eu realmente estiver grávida. Vou conversar com Bruno com calma... até porque o é filho dele. Ele vai entender. - suspirou. 

   Apenas sorri, e abracei ela. Resolvi não dizer nada. E fiquei ali, até ela adormecer. 

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