Prólogo

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             - Se apresse, nós precisamos sair rápido. - o menino mais alto de cabelos negros, que vestia um casaco de seda azul, puxava o garotinho loiro pelo braço, desesperado. - Eles vão nos achar. 
             - Mas e a mamãe? - o pequeno chorava, sem entender nada. 
             Os barulhos de armas e tiros ficavam cada vez mais fortes, assim como gritos atravessavam as paredes do quarto, apavorando ainda mais os dois. 

              - Nós vamos encontrar com a mamãe e o papai no caminho, mas você precisa se apressar. - o mais velho pediu, juntando algumas poucas roupas e um saquinho de dinheiro que tinha escondido embaixo do travesseiro. 
              - Tudo bem. - o pequenino pegou um casaco, jogando-o por cima do pijama que vestia e aninhou um ursinho de pelúcia nos braços. - Estou pronto. 
              Era tão ingênuo. 

              - Por aqui. - o moreno pegou a mão do loiro que segurava o bichinho nos braços e atravessaram uma das portas. 

               Sem fazer nenhum barulho e desviando de todos os cômodos em que eram ouvidos sons, eles se esgueiraram até o último quarto, a maior porta do corredor. Ela estava aberta, quase destruída por completo, mas eles entraram mesmo assim.

                Talvez não devessem ter entrado. 

                Se segurando para não fraquejar, o mais alto cobriu os olhinhos do garotinho que se agarrava a sua blusa, chorando. O quarto estava revirado, escuro. 
                Escuro, mas suficientemente iluminado para que pudessem ver o vermelho que escorria dos corpos no chão. Os corpos que lutavam para se manterem acordados, respirando fraco, vivos. 
                - Vo-vocês precisam ir... - uma voz feminina foi ouvida, apesar de falha e sem tom. 
                - Eu não posso ir sem vocês! - ele se manteve firme. - Eu não vou deixá-los. 
                - Precisa ir, meu filho, precisa proteger seu irmão. - a voz masculina soou mais forte, embora forçada. 

                 - Mas... 
                 - Mamãe? Papai? - o pequeno empurrou a mão do irmão e abriu os olhinhos, vendo os corpos estirados no chão. - Por que vocês estão deitados ai? Por que estão sujos de vermelho?
                  - Meu príncipe, nós... por favor. - a mulher olhou para o mais velho, que chorava ainda mais, sem saber o que fazer. 
                  - Chequem os quartos novamente, eles tem que estar escondidos em algum lugar! - o grito foi ouvido do corredor e a mulher arregalou os olhos, suplicando pelo olhar. 
                  - Vão, agora! - o homem ordenou. - Nós amamos vocês. 

                  - Eu juro que vou resolver isso, vou me vingar por vocês. - o moreno sibilou entre as lágrimas, segurando o mais novo e se afastando dos pais. 
                  - Proteja seu irmão. - ela disse, num último sussurro. - Não deixe que saibam quem ele é! 

                  Ele assentiu com a cabeça, correndo para longe. Tentou ignorar o grito alto que veio do quarto assim que saíram. Se afastou o máximo que pôde, até ficar sem ar, se encostando em um dos cantos escuros fora do castelo. 
                  - Aonde vamos? Por que o papai e a mamãe ficaram lá? - o garotinho voltou a chorar, assustado com o fogo que se espalhava rapidamente em torno do reino. 
                  - Eles precisaram ficar, nós vamos fazer uma brincadeira, tudo bem? - ele perguntou, vendo o pequeno assentir, um pouco mais calmo. - Você tem que se esconder enquanto eu vou buscar por ajuda. Você não pode deixar que ninguém te encontre e também não pode sair até que eu te chame. 

                 - Tudo bem... 

                 - Eu vou te encontrar, não importa o que. Espere por mim, eu te amo irmão! - ele abraçou o menor. - Certo, agora vá. 
                  O loiro correu para perto das árvores, onde costumava brincar com os pais enquanto seu irmão voltou a entrar no castelo. Ele não sabia o que estava fazendo, então se encostou em uma das árvores e fechou os olhos, esperando que o irmão o encontrasse logo. 
                  Estava assustado. 
                  Tão assustado que não teve coragem de abrir os olhos, adormecendo ali, enquanto tudo queimava a sua volta. 
                   Sozinho. 
                   Sentiu o fogo se aproximando, mas não se mexeu, continuou adormecido. O fogo não o queimou, atravessou o garoto e seguiu seu caminho. Não conseguia feri-lo. Era o príncipe. 

                    - Encontrei ele! - vozes foram ouvidas. Ele continuou ali, seu irmão disse que não podia falar com ninguém, ele abriu os olhos e se sentou, esperando que quem quer que fosse, seguisse seu caminho como o fogo. 
                    Mas um vulto escuro se colocou em sua frente, um homem de capuz preto, não conseguia ver seu rosto, mas conseguia o sentir sorrindo maldosamente para si. 
                    - Achei você, príncipe!


My Blood - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora