Doce Vingança

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A neblina cobria aquele enorme galpão, e o silêncio, ah o silêncio a melodia perfeita para alguns, entretanto para outros não se pode dizer o mesmo. O medo era incessante em seu corpo, afinal, como ele saberia que seria sequestrado a “pedido” de alguém? Mas ele se perguntava simplesmente o porque de ter sido sequestrado e no que ele serviria. Mil coisas passavam por sua cabeça, todos os crimes que havia cometido, mas ele sempre fez seus “servicinhos” sujos direitinho, tudo calculado nos mínimos detalhes, todas as vítimas e testemunhas foram assassinadas, e ele realmente não entendia o porque de tudo aquilo estar acontecendo.

Com o pouco que podia enxergar na neblina, viu alguém vindo em sua direção, não conseguia ver perfeitamente seu rosto, porém, sabia que algo de muito ruim lhe aguardava, isso era um fato. A pessoa que se aproximava, andava lentamente e tinha o rosto coberto por uma máscara.

A pessoa misteriosa não tinha dito sequer uma palavra, apenas parou na frente do sujeito amarrado a cadeira o encarando. O silêncio então é quebrado pela pergunta do homem na cadeira, que perguntou em alto e bom som - Quem é você e por que está me prendendo? - A pessoa misteriosa nada disse, até que ele torna a perguntar a mesma coisa, só que desta vez em um tom de voz mais forte - Quem é você e por que me prendeu neste local?! - A pessoa misteriosa então tira a máscara, e para sua surpresa, era uma garota - É oque? Uma Garota? Ela então se pronuncia

- Ora ora ora, qual o espanto? Una garota não pode capturar o maior assassino de toda a Coréia? – Franziu as sobrancelhas, questionando-o.

- Como pude ser pego por uma garota? Sério mesmo? Eu não acredito que dei um vacilo assim - Ele praguejava enquanto ela que ainda não tinha se apresentado apenas mantinha sua postura fria.

- Então senhor Chul-Moo, permita que eu me apresente - Ele a olha com mais atenção. Ela continua - Meu nome é Dahyun, o senhor ja deve saber quem sou, não é mesmo?

- Deveria? - Retrucou ele.

- Permita-me ser mais clara, meu nome é Kim Dahyun.

- Não pode ser - Seu corpo estremece apenas por ouvir aquele sobrenome. Como poderia um membro da família Kim está vivo? Ele tinha certeza de que tinha acabado com todos.

- Vejo que agora lembra de algo - Continua - Sim, o maior assassinato de toda história de Seoul, mas deve está se perguntando - Ele a interrompe completando sua frase - Como pode um membro a família Kim está vivo?

- Parabéns senhor Moo, tirou as palavras de minha boca – Ironizou Dahyun.

- Mas como? Não é possível - Ele não acreditava. Tinha certeza de ter se livrado de todos naquela maldita casa.

- Simples, o senhor e senhora Kim tiveram uma filha e mantiveram-na em segredo - Dizia ela enquanto rodeava o indivíduo - Tinham medo de que você ou qualquer outro membro do Parlamento me encontrasse e viesse a me matar, afinal eles eram um dos melhores espiões que Seoul já viu, eram como uma sombra, faziam suas missões sem que ninguém desconfiasse.

Ele continuava em silêncio com cara de espanto diante daquela situação.

- Você surgiu ninguém sabe de onde, e descobriu que eles estavam investigando o desvio de dinheiro que seu “candidato” a presidência estava roubando. Você veio e os matou dentro de nossa própria casa – A garota apontava para o homem na cadeira, com uma clara irritação – Contudo, você foi ingênuo – Riu em um tom maldoso – Em achar que só havia duas pessoas na casa.

- Eu… - a frase foi interrompida por um soco diretamente no rosto do homem, que cuspiu o sangue logo em seguida.

- POR QUEM VOCÊ FOI CONTRATADO? - Dahyun gritou, segurando os pulsos de Moo fortemente enquanto o mesmo debatia-se tentando se livrar do aperto.

- Por que eu contaria isso a uma menininha patética? - O assassino falava em um tom confiante. E isso irritou a garota - Prefiro morrer.

Um sorriso. Um sádico sorriso surgiu.

- E é exatamente o que vai acontecer, senhor Moo. Só não agora. Prefiro me divertir um pouco.

- S-se divertir?

Silêncio. A garota se dirigiu a uma pequena mesa que jazia ao canto, retirando algo que o homem não conseguiu identificar até ela voltar.

- Uma faca? Sério? O que você vai fazer, me esquartejar? - Ridicularizou.

- Você conhece aquela lenda, onde dizem que a Vida e a Morte se apaixonaram? - Perguntou Dahyun, brincando com o objeto em sua mão.

- O quê? - O semblante confuso de Moo divertiu a garota.

- Vou contar a história, calado - Grunhiu rispidamente - Antes da existência humana, apenas duas forças existiam. A Vida e a Morte. Ambas vagavam pelo mundo em busca de seus próprios objetivos. A Vida coloria as flores enquanto a Morte as empalidecia. A Vida embalava sorrisos por onde passava, diferente da Morte, que trazia angústia e lamúrias. Eram opostas. Mas isso não impediu seus corações de se apaixonarem. Pelo contrário, o êxtase quando se encontravam era bem mais intenso…

- Eu ainda não vejo o porquê de você estar contan… - A voz do homem morreu quando recebeu um olhar cortante da garota.

- Continuando. Você pode pensar que a Morte é uma pessoa má e ruim, mas ela era apenas melancólica. Diferente da Vida, que mesmo trazendo a alegria, era deveras egoísta. Uma mulher difícil, suponho. Essas divergências acabaram se opondo e as duas decidiram se separar. A Vida e a Morte nunca chegaram a se tocar, diretamente, e quando o primeiro e último abraço ocorreu… Ah, um lindo garotinho surgiu, o Destino. E agora quando seus caminhos se cruzam, apenas se olham, demonstrando todos aqueles sentimentos com os olhares. Incrível, não?

- Hã. Acho que sim.

- Sabe a razão de eu lhe contar isso? - Kim levantou uma sobrancelha.

- Na verdade, não faço a mínima ideia. Quer que eu morra de tédio? Um novo tipo de tortura?

Dahyun ignorou o comentário - Meus pais sempre me contavam essa história. Diziam que eu era a reencarnação de Destino. Uma bobagem de criança, em minha opinião. Mas eu adorava - Suspirou enquanto algumas lembranças passavam em sua mente - Agora eu entendo que quando alguem mexe com a Vida e a Morte, o trabalho de vingança… é do Destino.

- Você é louca.

- Sim, eu sou - Cuspiu friamente as palavras, passando a lâmina da faca no rosto do homem. O corte em sua bochecha ardia e o sangue escorrendo manchava suas roupas.

Moo gritou quando os cortes passaram de seu rosto para o pescoço. Tão perto da veia que pulsava incessantemente. Só mais um pouco e ele abraçaria a morte.

- PARE.

- VOCÊ ASSASSINOU MEUS PAIS. VOCÊ OS MATOU SEM PIEDADE. ENTÃO NÃO, EU NÃO VOU PARAR - Dahyun explodiu em gritos e lágrimas. O ódio fervia naquele local e a temperatura não ajudava a garota a pôr os pensamentos em ordem. O calor do momento fez a Kim largar a faca no chão e se engasgar com os próprios soluços.

- Apenas me diga, quem o contratou? - O cansaço da garota era visível. Ele quase sentiu pena.

- Não posso.

Dahyun balançou a cabeça em concordância e puxou algo do bolso. Uma arma. O homem tentou manter a máscara de indiferença mas com uma Glock 18C apontada para sua cabeça, era meio complicado.

- Então, quais são suas últimas palavras? - Disse, destravando a arma.

Chul riu.

- Vá a merda.

Dahyun puxou o gatilho. Apenas um único tiro.

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