Capítulo: 53

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-- Então pedirei o divórcio. - argumentou ela, agradecendo o fato do marido não poder ver ás lágrimas que lhe banhavam o rosto.

Pare com isso! Disse a si mesma. Por que sempre diz coisas que não está sentindo?

-- Vem aquí, Ardilla. - Ela sentiu ele puxá-la para si passando os braços fortes por sua cintura.

-- Fique longe de mim, Herrera. Vc só me trás problemas. - ela sabia que deveria lutar para se desvencilhar, mas sentia-se fria e desamparada.

-- Não seja ridícula. - murmurou ele, contra a orelha delgada dela, cobrindo o trêmulo corpo feminino com o dele. - Pode acabar pegando uma pneumonia. Prometi a seu pai que cuidaria de vc. - E a Deus também, pensou.

-- Eu te odéio Alfonso Herrera. Nunca o perdoarei.

-- O odio despende muito esforço. Precisa guardar suas energias. - afirmou ele mordiscando o lóbulo da orelha dela.

Por fim ela Concordou em duvidir o calor de seus corpos.

-- Tudo bem. Apenas para que sobrevivamos. Mas espero que se comporte, lembre-se disso.

-- Claro. - disse ele rindo.

Para o alivio dela ele adormeceu quase de imediato.

Mas durante a noite, a temperatura caiu ainda mais. Ambos descobriram que o sexo vigoroso mantinha o sangue em movimento constante e reduzia a possibilidade de congelarem.

-- Estaremos provavelmente salvando a vida um do outro. - argumentou ele, quando sugeriu a solução prática.

E assim seguiram pela noite, discultindo e fazendo amor. Uma correlação distinta entre paixão e ânimos alterados. Aínda sim em nome da sobrevivência, decidiram por uma trégua.

-- Deixe que o futuro fale por si. - disse ela.

-- Concordo. E agora, o que teremos de fazer para esquecer a fome? - indaugou ele.

Fizeram amor com o estômago vazio e descobriram que a opção era uma eficaz distração.

Por fim concordaram que talvez fosse seguro se aventurar a sair da caverna, e ambos estavam convencidos de que seria impossivel um viver ao lado do outro.

Sendo assim, na terceira manhã após o incêndio, partiram da gruta. A desilusão final veio quando os dois viram o objeto de seu desejo em plena luz do dia.

Dulce pressionou contra os seios o que restava de seu vestido que havia sido usado para tampar a caverna.

-- Oh, Deus! Pareço tão horrivel quanto vc? - disse ela.

Poncho piscou várias vezes. Ela não parecia tão mal assim, considerando o que haviam passado. Lama e folhas soltas se aderiam a todas ás partes do corpo feminino. Os cabelos, um emaranhado disforme. Tinha uma mancha escura no nariz e um ferimento na mandíbula por terem batido com a cabeça uma na outra durante uma sessão de sexo primitivo. Mesmo assim Poncho a considerava bastante encantadora. Talvez não estivesse raciocinando de forma coerente, mas apenas o fato de vê-la viva e sadia já eram suficientes.

-- Sem dúvida esta com melhor aparência que eu. - afirmou ele coçando a orelha.

-- Bem isso é um alivio! - declarou ela, sacudindo a fuligem da roupa.

Encontravam-se no leito do córrego. Toda água havia secado com o fogo. Algumas porções de terra queimada e troncos de árvores incineradas fora tudo que restou da Floresta.

-- Acha que somos os únicos sobreviventes? - perguntou ela olhando em volta.

-- Claro que não. - disse ele, pegando na mão dela e começando a descer o riacho. As poças de água refletiam o céu cinzento acima. Com cuidado, abriram Caminho no meio dos escombros chamuscados, evitando os pontos incandescentes.

-- Preste atenção, Dul. Estas pedras ainda estão muito quentes. - avisou ele, ajudando-a em seguida a saltar por sobre os destroços de duas árvores caidas.

-- Teriamos um destino semelhantes se não fosse por vc. - Observou ela. E ele sorriu a olhando.

-- Vc e sua maldita sopa.

-- Vamos mesmo voltar a essa descussão!? - questionou ela em atitude defensiva. - te garanto que nunca mais farei outra canja.

-- Não precisa ser tão melodramática. - declarou ele, lançando-lhe um olhar que fazia todo seu corpo entrando em combustão.

Depois de tudo que havia passado Na gruta, ela não acreditava que fosse capaz de corar outra vez, mas aconteceu. E ele percebeu e sorriu, depositando um beijo suave no rosto vermelho que a fez corar ainda mais.

Melancólicos, atravessaram o pátio onde ficavam ás toras das árvores derrubadas. Não restara nem sequer um graveto de material aproveitável. Os equipamentos pareciam totalmente avariados.

Um pouco acima da colina, avistaram Diablo Camp, que havia sido totalmente destruido.

Reluntantes, percorreram os últimos metros da beirada do lago. Apesar do limo e das cinzas, a água refletia a imagem de ambos. Nada poderia ser mais sombrio.

Odiaram o que viram.

"Meu Deus! - Exclamou ela para si mesma. - Estou em frangalhos, Poncho jamais poderá me amar vendo-me dessa forma.

"Diabos! Disse ele em seu íntimo. Estou mal o suficiente para interpretar o papel do pai do rei Leão Dulce não pode me amar mais do que a um mendigo.!

Trocaram olhares furtivos e logo desviaram os rostos.

Poncho esquadrinhou o perimetro em volta do lago. Tudo que encontrou foram várias pedras gigantes que lhe obstruiram a visão.

Adentrou o lago alguns passos e de lá retirou uma garrafa de cerveja vazia flutuante. Limpou a sujeira e encheu de água e saciou a própria sede. Em seguida, entregou a garrafa a Dulce para que tomasse.

-- Precisamos encontrar os outros.

Ela anuiu ainda sorvendo o liquido restaurador.

-- Quanto antes fomos resgatados melhor estou faminta. - declarou, observando desolada, os peixes mortos que flutuavam na superficie da água.

-- Não coma nada que não esteja vivo. - aconselhou ele, observando o olhar dela. - Venha vamos tentar encontrar os rapazes.

Decidiu seguir a curva à direita. O terreno estava tão alterado que podia apenas arriscar um palpite onde a estrada de madeira estivera antes.

-- Oiiiiiiii! - gritou ele na esperança que alguém escutasse. O eco da voz reverberou pelo vale.

Dulce o seguia pelo vale cambaleando de fome.

Poncho estacou para observar os sulcos deixados na terra pelas rodas de uma carroça antes de desaparecerem na água. Dirigiu um olhar perplexo á esposa.

...

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora