Capítulo I

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          Ninguém até agora sabia quem tinha chamado a polícia às duas da manhã de um domingo. A delegada Leila estava enraivecida e olhava para todos que estavam na frente do pavilhão abandonado perto do centro da cidade.

— A pessoa que fez a denúncia supostamente falsa às duas da manhã, não deve ter muito que fazer! Não tem absolutamente nada aqui! – Disse Leila, com a voz levemente rouca.

Leila observava com indignação os outros dois detetives que vieram junto com ela, Wagner e Luiz, eram novatos então ela deveria tentar ser paciente.

           Depois de alguns minutos observando e analisando o local denunciado, Wagner achou algo e disse.

— Delegada! Achei alguma coisa, parece um... Diário, vem cá dar uma olhada!

           O tal diário estava com algumas gotas de algo que parecia sangue, o local em si estava bem bagunçado, tinha alguns tijolos e caixas jogadas, restos de construções e barulhos de goteira.

— Por que raios tem um diário no meio dessa sujeira toda?

— Não sei delegada, mas que é estranho é.

— Luiz! Está com o e-mail aí?

— Estou sim delegada! – Disse o rapaz enterrando as mãos no bolso para achar o papel que continua a denúncia e o e-mail.

            Ela pegou o papel, uma folha A4 azulada toda amassada, e começou a ler as três linhas que havia.

Informo a morte ocorrida na escola D. João XV, suspeito conhecido por Alex Matos, dono de uma oficina, o corpo está no pavilhão abandonado do centro da cidade.”

             Leila olhou para Luiz e Wagner, em seguida para o povo curioso que estava no  portão do pavilhão, e em seguida guardou o diário em um saco plástico para levar para perícia e em seguida deu ordem para retirar o povo todo da frente do pavilhão.

— Circulando gente! Aconteceu nada aqui. – Disse a delegada e em seguida cochichou para os outros dois detetives. – Continuaremos amanhã, essa história está muito estranha.

No outro dia...

 

19/05/10

Lembro até hoje, como era. Ele me levava para passear, dava flores. Eu tinha 21 anos quando me apaixonei e ele me pediu em casamento. As agressões logo começaram, no rosto, nos braços. Qualquer problema que tivesse, como falta de dinheiro, dizia que eu era a culpada. Decidi ir à delegacia. Fui várias vezes.

23/05/10

Ele me ameaçou de morte hoje, eu e meus pais, disse que somos desgraçados e que ainda vai se separar de mim, só não fez isso por que tem dó de mim, por causa da gravidez inesperada, estou com medo..

27/05/10

Hoje foi a gota d’água, ele me bateu contra a parede e tentou me estrangular, e gritou comigo dizendo que estou traindo ele, meu pescoço está dolorido, não sei mais o que fazer...

             

          Foi o que a delegada conseguiu ler daquele diário que estava parcialmente destruído

— Pessoal! Vocês têm que ler esse diário, estou apavorada e acho que realmente ocorreu um crime e é um caso esquecido, há fatos relatados de 2010! – disse Leila com os olhos arregalados na porta do seu escritório.

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