Como se lesse os pensamentos da esposa, o olhar de Alfonso se voltou para a elegante dama. Dulce pareceu congelar ao observar o caloroso reconhecimento nos olhos de ambos.
-- Alfonso, querido! - saudou a mulher, com tamanha carga de emoção na voz que fez algumas pessoas voltarem a atenção para ela.
O semblante de Poncho se iluminou.
-- Maite? Oh, Deus, Mai! O que faz aqui?
Sentindo o estômago revirar, Dul cambaleou até a parede de tijolos assistindo horrorizada, à elegante morena se atirar nos braços de Alfonso. Teve de cravar as unhas nas palmas das próprias mãos para ñ arrancar os olhos daquela mulher. Aquilo era tão injusto! Nunca poderia competir pela afeição do marido com aquela dama sofisticada. Enquanto ele enclinava a cabeça para beijar a audaciosa morena, Dulce virou o rosto para a parede, escondendo as lágrimas.
Maite Perroni sorriu para seu ex-par romântico dos palcos.-- Henri e eu estamos aqui para cumprir uma temporada de uma semana. Estrearemos hoje.
-- Estarei lá! - afirmou ele com um largo sorriso, apertando-lhe a mão de leve. - Deixe-me apresentá-la a uma pessoa muito especial. - Ao virar-se para ontroduzir Dulce na conversa, descobriu que a esposa ñ estava mais ao seu lado. Surpreso, olhou para a atriz com quem trabalhou no leste. - Ela estava aqui há um minuto.
Compreensiva Maite sorriu.
-- A moça baixa de cabelos castanhos claros em trajes... Bem... Informais? Notei que ela nos observava. Vejo que vc ainda gosta de aventuras.
Poncho sorriu, divertido.
-- Temo que essa seja mais aventura do que posso suportar. Me casei com ela em um momento de insanidade.
A amiga lhe lançou um olhar especuliativo, retirando uma palha grudada Na jaqueta de Alfonso.
-- Vcs estiveram rolando no feno? Nunca o vi tão mal vestido... Tampoco tão... Saudável.
-- Quer dizer sóbrio? É uma longa história, más agora sou um homem mudado. Vida regrada, trabalho árduo...
-- E perdidamente apaixonado? - Os lábios de Maite se curvaram em um sorriso malicioso. - Ñ o preveni que um dia isso iria acontecer? - diga-me, casar por amor ñ é a melhor coisa do mundo?
Poncho deu de ombros reservado.
-- Sou recém-casado. Pergunte-me daqui a um ano ou dois, quando eu estiver acomodado na rotina do casamento.
-- Quem disse que terá de capitular a monotonia, seu tolo? Veja eu e Henri. Somos casados há doze anos e ñ nos arrependemos.
-- Ambos serão minha fonte de inspiração. - declarou ele, fazendo uma mesura segurando a mão da amiga.
-- Alfonso... - Maite hesitou, decidindo em seguida fazer-lhe a confidência. - Pode me fazer um grande favor?
A despeito da beleza do rosto da amiga, Poncho percebeu traços de preocupação lhe perpassar a fisionomía.
-- Claro. Posso me encontrar com minha esposa mais tarde. Te disse que ela se chama Dulce María?
Maite sorriu para o jovem amigo. Que mudança impressionante se operara naquele homem! O olhar brilhava com excitação própria dos apaixonados. Seus instintos sempre lhe disseram que Poncho era um rapaz mais perdido do que mau, apesar das noites que gastava em libertinagens e bebedeiras.
-- Adoraria conhecer a sua Dulce María. - assegurou ela. - Mas, por hora, por que ñ tomamos um café, enquanto eu lhe conto o que está acontecendo?
Mais uma vez Poncho observou uma sombra de temor escurecer os lindos olhos da amiga. Após pedirem o café, Mai se inclinou para frente, fitando-o com um olhar consternado.
-- Henri está no quarto, muito doente. Estou tão preocupada! Ele sempre teve o coração fraco divido à febre reumática que contraiu quando criança. O Dr. Vintner acha que a piora em seu quadro se deve à altitude de Virginia City.
Poncho estendeu a mão e tocou a da amiga.
-- O que aconteceu?
-- Estavamos ensaiando esta tarde, quando ele começou a esquecer suas falas e depois sentir falta de ar. Foi então que chamei o médico.
-- Eu sinto muito Mai! Ele ficara bom. - afirmou Poncho desejando poder oferecer mais do que palavras de consolo.
-- Sim, mas por hora nada pode ser feito. Ele está confinado em uma cama e eu perdida.
-- O show tem que continuar lembra?
-- Claro. - concordou ela, lançando- lhe um olhar esperamçoso. - Vc interpretou Paolo em Francesca de Rimini, ñ?
-- Substitui o ator principal durante toda temporada em Filadelfia.
-- Então será capaz de me ajudar! - exclamou a amiga exultante.
-- Ñ sou mais um ator. Estou no ramo de serraria agora.
Os olhos de Maite se dilataram incrédulos.
-- Ñ pode está falando sério.
-- As pessoas compram mais madeiras que ingressos de teatro. - declarou ele, com um sorriso divertido. - acho que gosto mais de dinheiro do que atuar.
Mai lhe voltou um de seus sorrisos mais vitoriosos.
-- Pode-se tirar um ator do teatro, mas nunca o teatro de um ator. desafio-o a negar isso!
-- Talvez, mas ñ interpreto essa peça há mais de um ano.
-- Eu ñ tenho a quem recorrer.
Poncho pensou por alguns instantes, fitando o semblante desesperado da amiga.
-- Está bem. Mas ñ espere uma interpretação digna de Henri.
-- Oh, obrigada, Alfonso! - ela envolveu-lhe o pescoço com as mãos e beijou-o nos lábios.
Desvencilhando-se de maneira suave, Poncho afastou a cadeira e se pós de pé.
-- Antes terei de tomar um banho e ler o roteiro. - disse analisando a própria aparência. - Desculpe-me. Acabei de chegar a cidade.
Mai vaaculhou na bolsa e retirou um calhamaço de papeis.
...
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Casamento Por Acaso
RomansaNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...