Me chamo Sally e meu nome é uma das poucas coisas que me lembro.
Sempre me interessei por ciência e em particular, gostava muito de pesquisar sobre sonhos, sempre notei que eles são repletos de detalhes que são esquecidos, na maioria das vezes, logo depois que acordamos. Para a ciência o sonhos são experiências de imaginação do subconsciente durante nosso período de sono. Muitas vezes sonhamos com o que mais desejamos, com alguma coisa que gostamos e vezes com pessoas que já se foram e outras vezes quando estamos muito assustados temos terríveis pesadelos. Já para algumas religiões sonhos são profecias ou uma espécie de telefone que serve para se comunicar com alguém que já morreu ou com seres espirituais de um plano paralelo, no entanto, o que eu acho mais curioso em muitos dos casos é que acreditamos que o sonho é totalmente real enquanto estamos sonhando e só percebemos que tudo não passava de um sonho quando acordamos.
Eu estava sentada em um banco próximo ao mar e havia pessoas dos meus dois lados, um garoto a minha esquerda e um homem e uma mulher à minha direita. Eu não conseguia reconhecer seus rostos e eu não parecia ser uma estranha para eles, pois, demonstravam muita felicidade quando olhavam para mim. Suas gargalhadas soavam como ecos, não me incomodava não reconhece-los era como se eu soubesse exatamente quem estava ali ao mesmo tempo que eu não lembrava quem eles eram. A felicidade deles era contagiante e eu não conseguia conter meu sorriso, era algo natural. Podia sentir a brisa do vento daquela tarde bagunçar meu cabelo, meus pés não tocavam o chão e eu os balançava para frente e para trás. Ouvia barulhos estranhos de máquinas e vozes, mas, nem mesmo o fato da praia a nossa frente ou a cidade atrás de nós estarem desertas faziam me importar porque eu estava totalmente hipnotizada por aquele universo, parecia que eu estava ali a dias e eu poderia ficar por muito mais.
Todo aquele cenário começou a ficar cada vez mais distante e então eu não estava mais sentada, estava deitada caindo no que parecia ser o infinito, totalmente escuro. Não caia em uma queda livre, estava flutuando como uma pena e por mais que aquilo parecesse desesperador, estava completamente calma e imóvel apenas assistindo tudo desaparecer enquanto minhas pálpebras ficavam cada vez mais pesadas, Fechar os olhos se tornava cada vez mais irresistível até o ponto de se tornar impossível e então eu os fechei e tudo sumiu.
Por alguns minutos eu me senti como se tivesse deixado de existir.
Não sabia naquele momento o porque me senti tão bem "não existindo".
Mas logo o mundo iria me atropelar como um caminhão em alta velocidade e eu descobriria.
Aos poucos comecei a sentir meu corpo, uma dormência que veio subindo desde os meus dedos dos pés até a cabeça, estava despertando e tudo pareceu tão diferente. Meu corpo estava pesado, sentia dor de cabeça e um leve enjoo, tudo estava girando. Aos poucos fui abrindo meus olhos e era tão difícil enxergar algo mais que borrões, meu coração começou a bater mais forte e uma sensação de medo apertou meu peito e eu quis gritar por ajuda. Gritar por quem? Não demorou muito até meus olhos se acostumarem, o alívio tomou conta da minha cabeça e só então meu corpo relaxou e meus batimentos foram voltando ao normal.
A primeira coisa que vi foi o teto branco, olhei para os lados e o lugar estava calmo tomado pelo silêncio, exceto pelos barulhos de aparelhos em funcionamento. Me esforcei um pouco para levantar a cabeça e olhar ao redor e a única pergunta que não saia da minha cabeça desde que abri os olhos era "onde estou?" e não precisou olhar muito para perceber que eu estava em um quarto de hospital. Havia equipamentos médicos dos meus dois lados e do outro lado do quarto havia uma outra cama com outro paciente com equipamentos também dos seus dois lados. Uma tevê ligada com o volume extremamente baixo quase mudo que transmitia um jornal.
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O Jogo de Sangue (Em Andamento)
Mystery / ThrillerO que você faria por vingança? Até onde você iria por vingança? Sally teve sua família assassinada e após acordar sem parte da memória em um hospital depois de uma quase morte, foi culpada pelo crime e obrigada a fugir para não ser presa, com o reto...