Capítulo 3

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O Senhor é meu pastor, nada me faltará.

Salmo 23:1

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— Não grite, senhorita. — ele diz com o rosto quase colado ao seu.  —Se entram neste lugar e nos encontram tão próximos é certo de que terei de me casar contigo.

Eliza balança sua cabeça atordoada. Sabe que uma jovem não pode ficar sozinha no mesmo ambiente que um jovem solteiro, ainda mais se esta estiver comprometida.

  Por Deus, o que Carter faria se a encontrasse nessas condições? De certo que não acreditaria em suas palavras e a condenaria ao próprio vértice.

— Acho que já compreendestes.

Ele diz como um sussurro, quase inaudível.

—Posso soltá-la?

Ele faz a pergunta ainda duvidoso. A jovem apenas balança sua cabeça concordando.

Eliza suspira de puro alívio quando o homem desconhecido solta seu rosto. Sua respiração está acelerada e ela tenta a todo custo buscar o ar que havia perdido enquanto esteve nas garras dele.

Mas o alívio não é tão duradouro. As mãos que estiveram em seu rosto agora estão em sua cintura e o rosto que estivera colado no seu, ainda o está.

Nunca estivera tão próxima assim antes de um homem. Nunca fora tocada em sua cintura.

Ela encara os olhos negros como o anoitecer do rapaz e por alguns instantes se encontra desejando se perder neles.

São segundos de silêncio que se passam.

Nenhum som, além o seu pulsar é ouvido.

—  Acaso não sabeis..

Ele hesita em continuar ainda com o rosto próximo do da garota.

Sua respiração se choca em suas bochechas coradas e por um instante ela pode jurar que os lábios dele roçariam sua pele.

—..que és falta de educação escutar a conversa alheia atrás da porta?

Ele pergunta com a voz séria e ríspida a fazendo acordar de seu transe.
 

—Eu..eu não...

Tenta se explicar ou ao menos negar que esteve ali há poucos minutos, mas nenhum som sai de sua boca.

Com medo de que ele tenha certeza de que estás claramente mentindo, recua dois passos se chocando contra a prateleira.

A presença daquele homem a intimida. Sentindo suas mãos tremerem ela desvia o olhar de seu rosto, não aguentaria mais olhar para seus olhos.

— "Você vê, mas não observa."

Ele balança o livro a sua frente chamando a atenção da garota mais uma vez.

— O que queres dizer? 

— Vejo quem tem como inspiração.

A Mansão de ChurchillOnde histórias criam vida. Descubra agora