Capítulo 12

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Os meses se passaram rapidamente desde que Miguel iniciou o seu namoro com Sandra. O segundo ano do ensino médio terminou e o terceiro, e último, ano teve início com Sandra fazendo parte da mesma turma de Miguel, o que tornou mais difícil a aproximação entre ele e Giovanna. Já estavam para mais da metade do ano letivo e os amigos quase não se falavam.

Certo dia, porém, ao retornar do intervalo do recreio, Miguel encontrou um bilhete no bolso de seu jaleco, o qual havia ficado pendurado em sua cadeira. Discretamente, para que Sandra não percebesse, o escondeu no bolso da mochila, pois reconheceu a letra de Giovanna no verso. Enquanto fazia isso, seus olhos cruzaram com os de Giovanna e ela sorriu para ele. Desse momento em diante, Miguel ficou ansioso para saber o que continha o bilhete.

As horas simplesmente pareciam se arrastar. Após a saída, Miguel deixou Sandra em casa, mas não ficou namorando como de costume, dizendo a ela que não estava se sentindo bem e precisava ir embora logo. Apesar de ela não ter gostado muito, acabou assentindo, pois acreditou ao perceber que Miguel estava com as mãos geladas e suadas.

— Deve ser pressão baixa... Não quer comer algo antes de ir?

— Não. Obrigado, Sandra. Preciso mesmo ir — respondeu ele, beijando-a no rosto e virando-se para seguir seu caminho.

— O quê? Só isso? — protestou Sandra. — Sou sua namorada, esqueceu?

— Ãh? Não, não. Desculpe. Eu...

Mas antes que ele terminasse de falar, Sandra o agarrou pelo colarinho, puxou-o para perto e beijou-o nos lábios. E, apesar de eles já estarem namorado há tantos meses, Miguel ainda não havia se acostumado com tais investidas da moça. Era, sem dúvida, algo prazeroso, mas o fazia se sentir dominado e, às vezes, até sufocado.

— Agora, sim! — aprovou ela. — Agora pode ir, meu gatinho. E se cuida, tá? Amanhã quero você bem animado, para te dar muitos beijos!

Miguel apenas sorriu, sem graça, e se afastou acenando para ela. Mas quando virou a esquina, começou a correr para chegar mais rápido em casa e poder ler o bilhete de Giovanna. Como morava a apenas duas quadras de distância da casa de Sandra, logo chegou. Ao entrar, passou apressadamente pela cozinha para cumprimentar sua mãe, que preparava o jantar, dando-lhe um beijo no rosto e correu para o seu quarto. Fechando a porta com o trinco, pegou o bilhete e sentou-se na cama para ler.

"Meu querido amigo,

Desculpe-me, mas não suporto mais tanta saudade de você e das nossas conversas. Eu não imaginava que ficar longe de você seria tão difícil para mim. Agora posso imaginar como deve ter se sentido quando namorei seu irmão e diminuí o tempo que passava com você. Sinto até raiva da Sandra por ter contribuído para isso. Coitada... Sei que ela não tem culpa. E se você gosta dela, não posso ser tão egoísta. Perdoe-me por isso também.

Eu só queria que você soubesse como sinto falta de como as coisas eram entre nós, antes do Gabriel e da Sandra terem entrado em nossas vidas.

Beijos!

Sua amiga para sempre,

Giovanna Maia."

Enquanto lia, Miguel começou a flutuar. Mas estava tão absorto em ler e reler aquele bilhete que só se deu conta disso quando sua cabeça se chocou contra a lâmpada. Sem assustar-se, ele simplesmente se acomodou, virando-se de costas para o teto e apoiando-se nele, algo que lembraria uma cena de gibi do Homem-Aranha. Fazia tempos que Miguel não flutuava. Definitivamente, apenas Giovanna que lhe despertava esse poder.

Na Frequência do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora