Capítulo 12

33 9 10
                                    

P.O.V PIETRO

— Mãe, você não poderia ter vindo em hora melhor! — ironizei e ela apenas ri.

— Vejo que você e a Leticia viraram bastante amigos... — deu ênfase na palavra amigos.

— Somos amigos. — sorri.

— Você gosta bastante dela. — não é uma pergunta, e sim, uma afirmação.

— O que queria falar comigo? — coloco uma almofada em meu colo.

— Só que seu pai vai vim aqui, amanhã de tarde ou sábado para resolvermos o assunto de Flavia. — sorriu. — Amanhã mesmo vamos conversar com o Bruno, junto aos pais dele.

— Vou com vocês.

— Acho melhor, não. E, por favor, Pietro, não insista. Você fica e aproveita e faz companhia a minha norinha. — virei os olhos.

— Olha. Agora eu acho melhor fazer o exame de sangue primeiro. — ignoro o que ela disse.

— Marquei para fazer o exame de manhã. O resultado sairá dentro de duas semanas... Mas não dirá nada que ninguém já saiba. — levantou-se.

— Eu vou. — falei, observando ela sair do quarto.

         (...)    


Termino de comer, me levanto da cadeira, coloco o prato na pia, lavando as mãos e indo até a sala. A Flávia vem em sentindo contrário. Sento-me no sofá e ligo a televisão. A Letícia se senta ao meu lado.

      ***
 

P.O.V LETÍCIA

  Era por volta das 14h, Carla e Flavia haviam acabado de chegar. E após elas chegarem, se acomodarem, a campainha toda. Carla vai atender. Um homem de uns 50 anos, cabelos quase brancos, parece na sala. Ele me lembra um pouco Pietro e Flavia. Deve ser o ex-marido de Carla. Vejo, em um piscar de olhos, Flávia correr até ele, abraçando-o, só que ele não retribui e sua filha se separa dele, um tanto sem graça.

— Carla, será que poderíamos conversar em particular? Apenas a família. — deu ênfase na última palavra.

  Todo ignorante. Idiota.

— Está bem. — e assim os três sobem. Pietro já  lá em cima.

— Mãe, quem é ele? — ouço minha irmã perguntar, após eles sumir de nossas vistas.

— Pai dos meninos.— e segue para cozinha, seguida pela minha irmã e eu.

— Marido da tia Carla? — pergunta curiosa.

— Não... — enquanto lavava a louça.

— Por que não? Eles tem dois filhos. Deveriam ser namorados. — crianças enxeridas!

— Filha, tem que casais que se separam por não darem mais certo... — falou calmamente.

— E por que eles se separam?— quanta curiosidade!

— Cada um casal tem seu motivo, amor. — secou as mãos com um pano de prato que tinha por lá. — Leticia, arrume essa mesa... —
era só o que me faltava! Caminhei em direção mesa, tirando o que ali em cima, pois tínhamos acabado de fazer o lanche da tarde.

— Eles se separaram, pelo motivo que o pai sempre chega bêbedo em casa... Quebrando tudo? — minha mãe deixa o copo cair.

— Filha, de onde você tirou isso? — olhei em direção das duas.

— O papai costumava fazer isso. Mas a gente veio para cá e ele não. — e sorriu, sentando-se a mesa. — Quero bolo.

— Viemos apenas por passeio, Vitória. Seu pai e eu ainda somos casados. Agora, por favor, cale a boca. — dava pra perceber que ela estava irritada.

   Ela começa a juntar os cacos de vidros com a vassoura. Olhei pata minha irmã que já tava abrindo a boca, provavelmente para fazer, outra pergunta. Mas eu simplesmente coloquei a mão em sua boca, sussurrando pra ela calar a boca.

      ***

P.O.V PIETRO

Quando eu ia descendo as escadas, os vi. E então, decidi ficar ali parado, esperando-os, para ver onde iriam, para poder segui-los. Ao  entrarmos no quarto, fechei a porta por ser o último.

— Que história é essa da Flavia está grávida?! Quando ouvir isso... Pensei que estavam brincando comigo... Só poderiam estar brincando! — dizia com seu tom sarcástico e frio. Não mudou nada!

— Sim papai, é verdade. — afirma Flavia em um tom baixo.

— Como isso pode acontecer?! — começa aumentando o tom de voz. — Vocês não souberam se cuidar?! Não, pera. Isso é tudo culpa da mãe de vocês! Não soube criar a filha. E ela abriu as pernas para primeiro que apareceu! Quem é o pai desta criança? Pelo menos ele tem que ser rico para arcar com as despesas porque vou logo informando não darei nada! — ele gritava. Normalmente fazia isso para intimidar as pessoas. Não sei como minha mãe pode se envolver com esse tipo de homem... Não sei como ele é o meu pai.

— A culpa não é da minha mãe! Ela nos criou muito bem... Nos deu educação, amor... Muito mais que você nos deu a vida inteira! — as palavras saíram como um sopro. Aquele homem não tinha noção do que falava. — Ah, aliás, comece respeitando sua filha e minha mãe! Bruno. Bruno Maia. Filho de um empresário bem sucedido, conhece?! — gritei. —  Não pera. Quem é você para chegar assim como se tivesse moral!? Em coroa, me responde... — sou interrompido com a mão dele de encontro com meu rosto. Ouço Flavia gritar. Coloco a mão no local. Ardia. Olhei para ele, e não sei, eu fiquei com mais ódio ainda. Dei dois passos em sua direção, pois ele havia se afastado. Minha mãe para na minha frente. Eu poderia apanhar, mas que um soco ele tinha que receber... se tinha.

— Não, Pietro! William, não toque em meu filho! — disse entre nós dois. — Você está bem, quetido? — concordei com a cabeça, olhando diretamente para ele.

— Não foi nada! Esse idiota deveria morrer! Inferno! — agora eu não consigo controlar e nem pensar direito no que dizer. Estou com tanta raiva.

— Como ousa falar isso do seu pai?! Isso foi por conta da liberdade e falta de educação que você não deu ao seus filhos! — apontou seu dedo a minha mãe. — Conheço o Maia, iremos falar com ele hoje a noite mesmo. Agora preciso ir. Tenho uma reunião. — disse saindo.

Praga ruim. Idiota. Merece apanhar. Inferno.

— Desculpe-me, Pietro. A culpa é minha. — ouço Flavia e a mesma deposita suas mãos em meu rosto. Minha mãe tinha seguido o meu pai.

— Não. — foi a única coisa que soube dizer. Flavia me abraça.  

Era Apenas Uma Viagem Onde histórias criam vida. Descubra agora