Era uma manhã fria e cinzenta, a chuva ainda não havia caído, Heloise já estava no ônibus a caminho da escola. Seus pensamentos estavam distantes, ela estava com saudades de sua mãe, mas não poderia visitá-la por ordem da justiça.
Ela sentia falta da sua mãe?
Mesmo depois de tudo que ela lhe causou?
Quando desceu do ônibus, ela sentou-se debaixo do carvalho, abriu seu caderno e voltou a desenhar o anjo que havia deixado pela metade porque Louise havia tirado sua concentração.
Heloise olhou para a praça e viu seu irmão conversando e sorrindo com os seus amigos. Ele olhou para ela e estudou-a como nunca havia observado antes. Porém, desta vez, ele não a olhou com indiferença, ou nojo. Christian apenas a olhou com frieza, a mesma frieza que Heloise estava acostumada ao vê-lo olhando para todos que ele conhece.
Quando sinal tocou todos os alunos se direcionaram para dentro da escola, exceto Heloise e Christian. Era como se o tempo houvesse congelado para eles dois. Ambos estavam se estudando de uma forma desconhecida, que poderia ser considerada imoral aos olhos alheios.
A chuva começou a cair então Heloise guardou suas coisas, e quando olhou novamente para Christian, percebeu que ele já estava entrando na escola.
Naquela manhã de terça-feira, Heloise estava desligada dos estudos, das pessoas, da vida. Ela não tinha noção de como ela havia parado em um nada, mas quando o sinal tocou anunciando o intervalo, ela voltou à realidade.
Heloise levantou da cadeira, e caminhou para fora da sala. Mas parou quando ouviu o professor de história falando com ela.
- Senhorita Corvin, eu espero que tenha prestado atenção, e entendido a aula. - ele fez uma pequena pausa. - Amanhã teremos uma prova valendo nota. - concluiu.
Ela não disse nada, apenas caminhou para o carvalho. Ela sentou-se sob a árvore e ficou repetindo a palavra prova em sua mente. Heloise não estava prestando atenção nas aulas, e não sabia nada sobre a guerra dos franceses.
- Heloise. - gritou Louise dando um salto do lado da amiga.
- Oi. - disse Heloise.
- Eu acho que o Jeremy está afim de você.
Jeremy era um jovem americano e ruivo, seu pai era um dos melhores advogados criminalistas que tinha na cidade.
- Jeremy? - perguntou Heloise.
- Sim.
- E por que acha isso?
- Vejo o jeito que ele te olha.
Heloise nunca havia notado a forma que Jeremy olhava para ela, apenas o considerava um amigo legal e distante, já que não eram tão próximos.
- Por que você não dá uma chance a ele? Ele é bonito. - Louise disse tentando convencer à amiga.
- Sei que ele é bonito, mas ele é só um amigo. - concluiu Heloise.
Heloise procurou por Christian na entrada da escola, mas não o viu. Então elas ouviram uma gargalhada alta, era a risada de Victor. Ele, Christian e Michael estavam sentados debaixo do outro carvalho que ficava um pouco distante do que Heloise e Louise estavam.
- Eu odeio esse garoto. - Louise grunhiu.
- O que ele fez a você? - perguntou Heloise.
- Ano passado ele desenhou no meu caderno a diretora Sophia nua, e mostrou a ela. - ela disse. - Eu tive que ir para a capela rezar 20 pais nosso, e 50 Ave Maria.
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Sussurros da Noite
RomanceA história se passa em Helston, no ano de 2004. Heloise estava no 2° ano do ensino médio, e Christian estava prestes a terminar seu ano letivo. Após sua mãe ser internada em uma clinica de reabilitação por causa de delírios, Heloise vai morar na man...