Prólogo

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"Arrume suas coisas, você irá para o Brasil.". Fazia menos de um dia que eu ouvi aquelas palavras saindo da boca de minha avó, enquanto meu avô assentia sem sequer olhar em meus olhos. Quando soube que meus pais haviam morrido, passei três dias no quarto chorando sem parar, e quando finalmente pude me acalmar recebi a notícia de que a Coréia não seria mais o meu lar.

— Por que não posso ficar aqui? Não quero ir para o Brasil. – Retruquei sentindo as lágrimas voltando aos meus olhos.

— Sentimos muito, estamos muito velhos, não temos condições para cuidar de você. – Minha avó falou aquelas palavras sem ressentimento algum, sua expressão não era de alguém que estava ressentida.

— Entendo. – Meus avós, com quem convivi dezessete anos da minha vida, estavam me abandonando no momento em que mais precisava. Senti-me traída, sozinha. — Eu irei, mas nunca mais voltarei a colocar meus pés nesse lugar. – Levantei-me bruscamente. Meu avô permaneceu de cabeça baixa o tempo todo, e quando ia me virar para ir a meu quarto, avistei uma lágrima solitária escorrer pela bochecha daquele que me criou como um segundo pai. Eu soube então, que ele não me abandonara, foi apenas obrigado, porque minha avó era assim, conseguia tudo que queria não importava os meios utilizados. — Espero que você vá me visitar, vovô. – Meu avô levantou o rosto surpreso, seus olhos e nariz estavam vermelhos pelo choro silencioso. Sorri, e então me virei e subi para meu quarto. 

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⏰ Last updated: Apr 23, 2018 ⏰

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