"Apenas diversão adolescente e algumas outras confusões"

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Quando Mary acordou estava num sofá que não se lembrava de ter deitado, olhou ao redor e o único ser vivo que achou foi a pequena Moon, que brincava com a pesada cortina que cobria a janela.  Pensou que só podia estar na casa de Hãnsel, como chegou lá e a onde estava todo mundo já não era de seu conhecimento. Ela se recompôs e caminhou pela casa, o primeiro cômodo que encontrou foi a cozinha, talvez um pouco atrevida  começou a fazer o café da manhã como se estivesse em casa.

Ela não queria admitir para si mesma, mas todo o desastre natural de Pópia a fazia falta. Nunca havia ficado mais de cinco horas longe da fada, ao menos quando ela não esquecia Mary em cima de uma árvore ou do telhado.

Ainda não havia sinal de todo mundo quando a garota montou a mesa e colocou ração para a gata. Mary subiu as escadas observando um pouco mais da casa, a segunda porta à direta chamou sua atenção pelo simples fato de ter um quadro com a frase "Afasta-se ou morra" parecia típico do garoto cujo cabelo mudara de cor. Um pouco hesitante ela abriu a porta se deparando com três garotos jogados ao chão provavelmente tendo sonhos cor de rosa.

Hãnsel estava segurando um urso de pelúcia que usava terno, a outra mão estava no rosto de Will como se a qualquer momento fosse declarar seu amor pelo mesmo. Por que raios alguém coloca terno em um ursinho? Perguntem para o dono. Jonny estava na horizontal por cima dos dois completamente descabelado e até bonito, Mary não evitou pensar. Observando mais um pouco, viu que o ruivo também chupava dedo. A garota não tinha ideia de como aquilo ocorreu, três garotos dormindo amontoados como se fossem crianças largadas pela mãe na creche.

Ela olhou ao redor e viu uma câmera, achando também fotos que eles tiraram da noite anterior. Explodindo em gargalhadas, a loira aproveitou para tirar uma última foto da cômica cena em que os três estavam.

– Ou, isso é invasão de pervasidade! – Will gritou tentando se levantar, mas como mal abrira o olho, falhou miseravelmente.

– É privacidade,Will. – O dono da casa disse com os olhos fechados, quando abriu se assustou com Will tão perto. – Jonnyyy, sai de cima cara!

– O último que chegar na cozinha é cabeça de bagre! – A loira disse entre risos.

Ela pensou ter chegado no cômodo primeiro, mas logo se deparou com Hãnsel tomando uma xícara de chá com toda a calma do mundo. Will veio logo atrás escorregando no tapete tirando a risada de todos. Mais ninguém desceu as escadas.

– Não me digam que eu hospedei a bela adormecida. – Reclamou.

Will não respondeu pois estava com a boca cheia de panquecas.

– Desde quando se sentiu em casa para preparar o café da manhã? – Mary corou.

– Me desculpa, mas eu estava entediada!

– Tudo bem senhorita das rasteiras, tenho medo de confronta-la.

Will continuava comendo quando Jonny desceu as escadas como um deus grego que acabara de dar autógrafos. Ele se sentou na mesa como se nada tivesse acontecido e foi logo enchendo a boca também. O garoto de cabelos negros sorriu para Mary antes de enfiar cinco panquecas de uma vez só na boca.

– Mary, coma também. Não pode ficar graça de novo. – Disse Jonny deixando-a desconfortável com todos os olhares.

– O que aconteceu ontem?

– Eu resumo. – O ruivo falou acabando com a espectativa do Hãnsel de contar uma boa história. – Você desmaiou que nem uma donzela, Jonny carregou você até essa casa que é muito louca e velha, depois a gente te deu uma vitaminas de ervas, que eu não sei se era droga. Nós subimos pro segundo andar para o cara estranho mostrar a casa e acabamos animados demais com aquela câmera fazendo diversas idiotices.

Todos se calaram voltando a comer. Ótimo jeito de resumir a história Will, agora estou com cara de babaca, pensou Jonny.

Depois de comerem Hãnsel pediu para que organizassem a casa e dividiu as tarefas entre eles, ele e Will ficaram com o andar de cima.

– A casa é velha, mas é maneira. Tem alguma passagem secreta?

– Infelizmente não. – Respondeu Hãnsel que recebeu uma careta chateada do ruivo, tinham sim passagens.

– Se tudo fosse perfeito eu teria olhos verdes, superamos então.

Hãnsel riu. Entre todos que estavam em sua casa no momento, o que ele mais gostou foi Will, os dois deram certo no mesmo instante. O ruivo era extrovertido e não pensava antes de falar, estava sempre vendo o lado bom da coisa e não se importava com o fato que estava na casa de um desconhecido que poderia ser um assassino em série. Ele era o oposto de Hãnsel, mas lembrava algo que ele já foi. Talvez, esperançoso.

Lá em baixo, outro assunto surgia, Mary conhecia poucas pessoas em sua vida, e nunca se sentira tão a vontade perto de alguém.

– "Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria" – Cantarolou o garoto que lavava vasilia. Mary observou calada, então ele girou o pano de prato por cima da cabeça e rebolou, arrancando risadas da garota.

– Se você se esforçar um pouco mais eu jogo um dólar! – Ela disse.

Jonny fingiu indignação jogando o pano molhado nela, que tentou fazer uma cara brava. Revidando, a loira foi até a pia, encheu a mão de água e jogou nele. O garoto a molhou também e segurou sua mão, chamando-a para uma dança nem um pouco coreografada enguanto ainda cantava, Mary ria aos quatro cantos.

Hãnsel e Will desceram mais tarde, o ruivo estava com o rosto e pescoço cheios de pó, como se tivesse soprado a lareira, o que por acaso aconteceu. O andar de baixo já estava limpo e os outro dois integrantes estavam no sofá, Jonny ensinava a loira a jogar pedra, papel ou tesoura.

– Nem parece a mesma casa de antes, droga, vocês tiraram toda a melancolia da casa – Brincou Hãnsel.

– Ainda não acretido que você mora nessa "manção" sozinho. – Disse Mary levantando rapidamente.

– Não acreditaria em várias coisas sobre mim, pode confiar donzela!

Todos riram e Hãnsel anunciou aos convidados que iria sair para buscar ingredientes para o almoço, dessa vez Will iria cozinhar. Ele pensou em quanto tempo não esteve com alguém de verdade, não lembrava como era estar em compania. Achou que não iria gostar de ter visitas, mas ao contrário disso, ele fizera amigos. Um mal pensamento surgiu e o garoto sentiu-se aflito, nada do que se passou em sua casa hoje era permanente. Ele ia ser deixado para trás de novo.

Chegando ao mercado, Hãnsel achou melhor mudar de forma. Todos estavam inquetos no local, havia mais guardas do que o normal espalhados pelos corredores. Então o garoto comprou tudo que precisava rapidamente, virou-se para deixar o hambiente, mas esbarrou num grande ogro que lhe lançou um sorriso macabro e lhe entregou um papel.

Hãnsel quase perdeu todo o ar quando viu do que se tratava. Era um retrato falado sobre uma fugitiva perigosa. Ele a reconheceu. De capuz e com cachos perfeitos, estava desenhada sua nova amiga das rasteiras, Mary.

Quando chegou em casa o garoto colocou o cartaz sob a blusa, Jonny estava conversando com Will sobre sua partida. E Mary brincava com a gata um pouco abatida.

– Nós precisamos conversar. – Disse.

– Aconteceu algo? – Indagou o ruivo que comia diversas balinhas diferentes de Fine, mal sabia ele haviam sido compradas a anos.

Hãnsel achou melhor não falar sobre as balas. Indicou para que todos se asentassem no sofá e mostrou o cartaz. Os garotos encararam Mary em busca de resposta, mas a garota também estava boquiaberta.

    

As Crônicas da LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora