Capítulo 3

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A noite foi meio conturbada. Por ter ido dormir tarde, acordei relutante em sair da cama, por mais que minha avó Amélia me chamasse, eu não conseguia levantar. Demorou alguns bons minutos para eu criar coragem e sair da cama, não vou mentir e dizer que foi fácil porque não foi. Naquela manhã de domingo fazia muito frio e por mim, eu ficaria naquela cama por horas. Mas a vida exige ânimo da gente, então levantei, troquei de roupa e fui logo ao banheiro fazer minha higiene matinal. Era como um ritual, lava o rosto, penteia o cabelo com os dedos, escova os dentes, passa protetor solar. Todos os dias, a mesma sequência.

— Bom dia! — disse enquanto adentrava a sala de jantar onde estava minha avó e meu avô. Eles sorriram e responderam animados.

— Vem André! Toma seu café da manhã logo que a gente tem um longo dia hoje!

— Ah, eu sou obrigado? Não gosto muito do café da manhã.. — disse com a cabeça baixa, esperando que eles dissessem que estava tudo bem.

Eu não gostava de cafés da manhã, em São Paulo, o máximo que eu comia de manhã era uma xícara de café e se estivesse com fome, meia banda de um pão. Minha mãe dizia que por isso que eu era tão magro, “Não come, fica o dia inteiro nesse quarto, depois cai de cama e não sabe o porquê!”. Lembrar dela brigando comigo me deu saudades dela, fiz uma nota mental de ligar para ela assim que pudesse para matar a falta de pelo menos a voz dela.

— É o que menino? Você está louco? O café da manhã é a refeição mais preciosa do dia inteirinho. Pode pegar um pão, um suco e uma fruta. E vamos logo! — minha vó falava em um tom autoritário que eu não imaginava que ela poderia ter.

Terminei de tomar café e logo fui me aprontar para o passeio pela cidade nova. Troquei minha blusa gasta de ficar em casa por uma branca, vesti meu short jeans e calcei meus tênis brancos, também peguei meu celular, meus fones e claro, meu sketchbook. Afinal, nunca se sabe quando vai surgir uma inspiração para desenhar. Saímos do apartamento e fomos direto para a garagem, minha vó ligou o carro e com todos dentro do carro e com os cintos de segurança, partimos.

Primeiro minha vó aproveitou que estava cedo para me mostrar a vizinhança por alto, mostrou a padaria do comércio ao lado, onde ela comprava pão e uns docinhos, mostrou o mercado onde ela fazia compras, apontou o rumo do Parque da Cidade, e depois me levou até a escola. De fato, a escola não era longe de casa, eu andaria um pouco a pé, mas nada que eu já não estivesse acostumado. Ela era enorme, o portão na frente se estendia por metros, a escola deveria ocupar muitos quarteirões, pois mesmo estando no carro, demorou para cruzarmos a cerca viva e chegarmos ao portão principal, onde havia uma entrada para carros que estava fechada e do outro lado, uma placa enorme com o nome do colégio, 'Colégio Gran Wissen’ em letras douradas.

— É, pelo jeito você não vai ter moleza aqui não hein? Mas sei que você vai aguentar o tranco. — disse meu vô positivamente.

— É, vou sim..

Depois do colégio, passamos por diversos monumentos, como o Museu Nacional, o Congresso Nacional, o Teatro Nacional, a Biblioteca Nacional, e todos os edifícios nacionais que você pode imaginar. Tiramos várias fotos e foi super divertido, mesmo que eu estivesse morto de cansaço. Mas foi no último monumento dali que eu me apaixonei, a alguns metros estava a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, a construção mais linda que eu já tinha visto na minha vida. Me perdoe todos os monumentos e pontos turísticos de São Paulo, que eu amo por sinal, mas aquelas curvas, aquela solidez, aquilo era mais belo do que tudo. E foi quando eu pensei que não poderia gostar mais daquele lugar, minha vó perguntou:

— Vamos entrar querido? Lá dentro é mais bonito.

— Pode entrar vó?

— Claro meu amor, vem, vamos lá!

Mudanças: Conhecendo CaminhosOnde histórias criam vida. Descubra agora