P.O.V CARLA
— Venho às 20h, para até o Maia. Sem atrasos.— avisa após sairmos do quarto.
— Claro, chefe. — ironizei.
Ainda me encontrava incrédula pelo fato dele ter batido em Pietro. Tenho vontade de denúncia-lo, mas não sei se é o certo a se fazer. Respiro fundo.
— Poupe-me, Carla. E que história é essa de trazer está gentinha para cá? — pergunta um em tom baixo.
— Primeiro que não lhe devo satisfação nenhuma. Segundo que a casa é minha e eu que pago minhas contas! — enfrentei.
— Vejo que mudou... — claro, eu aceitava tudo que ele falava, calada. — Não precisa me acompanhar, sei muito bem o caminho. — e eu o perco de vista ao ele começar a descer as escadas.
Só Deus sabe o que eu passei na mal deste ser. Todos dias eu tinha que aguentar sua frieza, ignorância... Mas a gota d'água foi pegar ele me traindo, na nossa casa, no nosso quarto, na nossa cama com uma mulher que tinha idade para ser filha dele. Esse, na verdade, foi um dos motivos, mas também já tinha chegado ao limite o jeito que ele tratava os filhos. Nunca deu atenção necessária.
Desci as escadas, e vi Maria sentada no sofá. A Leticia na cozinha com a sua irmã. Sentei-me ao seu lado.
— Maria, você viu o roxo no pescoço da Leticia? — ela parece acordar de seu transe e dá um sorriso torto.
— Sim. Eu acho que ela não percebeu. — ri.
— Será que nossos filhos irão começar a namorar? — sorri.
— Pelo jeito que anda a carruagem... Sei não viu. — colocou a mecha de seu cabelo atrás da orelha.
— Eles formam um lindo casal. — comentei.
***
P.O.V LETÍCIA
Vitória correu para sala, depois de ouvir eu informar algumas coisas para ela. Ela precisava começar a entender.
— O que foi isso?! — perguntei ao perceber o redor de seu olho um tanto roxo. Ele aparecerá na cozinha há alguns instantes.
— Só o meu querido papai que deu-me um murro. — disse naturalmente. — Um murro bem dado.
— Por que ele fez isso? — o vejo sorrir.
— Porque ele é um idiota. — coloca um pouco de água para si.
— Não acha melhor por um pouco de gelo? — sugeri, observando-o fechar a geladeira.
— O chupão que eu lhe dei... Se tornou um belo roxo. — muda de assunto. Pera.
— Como assim? Um chupão? — peguei meu celular, tentando ver pela câmera. Eu estava de coque. — Não acredito, Pietro. Por que você vez isso? — passei a mão no local. — Minha mãe pode ter visto! Todos podem ter visto! — sussurro.
De repente, seus lábios mais uma vez vão de encontro com minha pele, depositando um beijo e logo após uma lambida. E antes que eu falasse algo, ele me cala com um beijo. Separei nossos lábios, segundos após.
— Pietro, não... — suspiro. — Nossas mães, estão ali... — ele ri, olhando-me.
— Vem vamos. — disse pegando na minha mão.
— Vamos para onde? — e toda essa conversa era em um tom baixo.
— E aqui pode? — disse assim que entramos em seu quarto.
***
P.O.V FLAVIA
Agora estamos no carro indo para o apartamento do Bruno. Eu, o papai e a mamãe. Pietro ficou, porque minha mãe achou melhor. Mesmo ele tendo contestado.
Desde o episódio, Bruno nunca mais falou comigo. Amanhã eu irei na obstetra. Convenci a minha mãe que era melhor fazer logo a ultrassonografia do que esperar por exames de sangue. Não vou mentir... bem lá no fundo tenho a esperança que seja tudo desmentindo.
Vejo que o carro parou no prédio, onde ele mora. Meus pais, descem do carro e eu em seguida. Respiro fundo. O porteiro nos deixou subir. Agora estamos no elevador, eu aperto o primeiro andar, onde fica o apartamento do Bruno. Saimos do elevador e paramos em frente para a porta número 400. Toco a campainha, em seguida a mãe dele atende. Ela nunca gostou de mim.
— Boa noite. — escovei um sorriso forçado.
— Boa noite. — ela nos da passagem para entrarmos. Seguindo para sala de estar, onde o Bruno e seu pai, se encontram.
— Sentem-se por favor. — a ouço.
— O que devo a honra? — Marcus, pai de Bruno, se pronuncia. Eles estavam assistindo um jogo na televisão.
— O Bruno não contou? — tomo coragem.
— Contou? O quê? — Marcus direciona o olhar para o filho e depois para mim. Bruno me olha.
— Que os dois mocinhos irão ser papais. — meu pai que está sentando ao meu lado, solta uma respiração pesada. — Mas como nem tudo é um conto de fadas... Seu amado filho, pediu para minha filha que abortasse o bebê, o filho dele. — minha mãe continua.
— Eu concordo. Eles são jovens demais para terem um filho. Nós somos jovens demais para sermos avós. — a mãe dele sai em defesa no mesmo instante. — Aliás, por que ainda não abortou? — perguntou a mim.
Bruno teve a quem puxar! Fiquei sem reação. Eu estava sendo posta ao ridículo.
— Não! — Marcus diz cortando meu pai que já estava levantando para algo falar... Tenho para mim. — Não vai abortar coisa nenhuma! Bruno já é maior de idade. Já sabe o quê é certo e errado. E existem várias maneiras de se prevenir. — passou as mãos pelo rosto.
— Pai... — Bruno se levanta.
— Nenhuma palavra, Bruno. — olhei para a esposa dele que estava espantada com o que aconteceu. — Não se preocupem. Bruno irá tomar as responsabilidades. Quem sabe assim toma um rumo para a vida... Arranje um emprego! — balançou a cabeça negativamente.
— Que ótimo, porque saibam que eu não ia me responsabilizar com nada. — me pai finalmente se pronuncia. — É de bom agrado saber que posso contar com você, Maia. — e eles apertam as mãos. Isso tá parecendo mais um tipo de negócio.
— Flavia irá na médica amanhã. — minha mãe informa.
— Que ótimo. Bruno também irá. — o pai volta a se sentar.
— Marcus... — Vanessa tenta se pronunciar.
Bruno olhava para mim sorrindo falso. Aquilo de alguma maneira me machucava. Mas, penando bem, ele poderia mudar de ideia. Confesso, fiquei com vontade de chorar. Ele não falou comigo. Nem mesmo se despediu quando chegou a hora.
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Era Apenas Uma Viagem
Teen FictionO sentimento de amar outra pessoa é belo, ainda mais quando se ocorre pela primeira vez. Não é que os demais amores não sejam belos, é que a primeira vez amando é um mar de descobertas. Na adolescência ocorre bastante isso, mas na maioria das vezes...