te peguei no pulo, hein?

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ten estava irritado.

já era a terceira vez em que parava para ouvir sua mãe dar-lhe um belo sermão sobre o jardim.

o tailandês incansavelmente lhe disse que a culpa não era sua e que não fazia a mínima ideia de como o canteiro parou naquele estado, mas não é como se sua mãe desse ouvidos.
e isso estava tirando a paciência do loiro.

afinal, o que raios estava acontecendo?
toda vez que ia até a varanda, se deparava com menos flores no "território especial" de sua mãe.
não dava importância, é claro, mas, no momento em que passou a ser incluído na história — tenebrosamente, como o culpado —, essa situação estava deixando-o com muita raiva.

sua primogênita não acreditava em uma palavra que dizia.
como as flores sumiriam do nada, chittaphon?! — batia na mesma tecla.

e foi no fim de uma dessas discussões que ten batia a porta da varanda, sentindo a raiva percorrer todo seu corpo.
ele odeia brigas, e sempre sai enfurecido delas.

estava prestes a sentar na cadeira ao lado da cerca, quando se deparou com a cena inédita.

havia um garoto, de costas para si, abaixado, arrancando os lírios azuis do canteiro.
a primeira coisa que reparou depois disso foi nos cabelos vermelhos.

seria...

— lee taeyong? — murmurou, quase inaudível.

taeyong é o rapaz de cabelos chamativos que está no ano sucessor, consequentemente, seu vizinho.
nunca havia trocado um mísero a com o jovem, o que lhe fez perguntar-se, por alguns instantes o que diabos o garoto fazia ali.

mas foi como um piscar em seu cérebro quando se tocou da situação: então era o lee quem dava o sumiço com as preciosidades de sua mãe.

respirou fundo, já sentindo-se enfurecido novamente, enquanto se aproximava, em passos totalmente silenciosos, do garoto que mantinha-se abaixado, em sua frente.

ao parar atrás de si, soltou:

— ô filho de uma desgraça, te peguei no pulo, hein.

o avermelhado, com o susto, acabou dando um pulo e, por conseguinte, caindo em cima do canteiro, com as flores arrancadas em seu peito.
ten soltou um grito histérico.

— puta que pariu, você cagou o jardim todo! — em total desespero, esfregou as mãos no rosto, tentando descontar a frustração momentânea que sentiu. — minha mãe vai me comer vivo!

já conseguia ouvir a voz de sua mãe de longe.

taeyong, que até agora nada falou, se levantou, soltando alguns gemidos de dor no processo.

estapeou sua calça para tirar os resquícios de terra e grama e se virou para ten, que observava tudo aquilo com os braços cruzados.

— é...

abaixou a cabeça, se sentindo envergonhado.
como iria explicar uma situação daquelas?
era muito constrangedor.

— não vai dizer nada, não? — retrucou, zangado. — afinal, o que diabos você está fazendo aqui?

— roubando as flores? — redarguiu, com um tom óbvio.

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