Capítulo Doze

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— Como terei coragem de encarar aquelas pessoas novamente? — Nicole murmurou — A culpa é sua, Henry — ela gesticulou, afundando o rosto no travesseiro.

O rapaz contentou em rir das palavras da esposa, deitou-se de lado e firmou o cotovelo no colchão, em seguida descansou a cabeça na palma da mão. Assim poderia observar atentamente Nicole. Quem imaginaria que ele se emocionaria tanto com a cerimônia. Durante anos escapara dos relacionamentos, empenhando-se nos estudos, embora tivesse alguns namoricos, jamais deixara que seus sentimentos confrontassem seus objetivos acadêmicos.

E agora? Um homem muito bem casado.

— Ora! Eu agi como um gentleman, segui todos os protocolos como noivo— ele replicou, deslizando a mão direita sobre as costas nuas de Nicole, ela por sua vez puxou o lençol até o busto para virar-se.

— Você foi desesperado. Nem aproveitamos a festa. — A voz dela transmitia constrangimento.

Apesar disso, Nicole tinha que concordar com Henry; ele não havia reclamado da recepção. Depois da cerimônia eles seguiram para o outro lado do jardim. As mesas espalhadas pelo ambiente regido à luz de velas, a banda tocava jazz e alguns convidados ousavam na pista. Inicialmente ela cogitara em realizar a festa no mesmo casarão que Kate usara, mas a morena preferiu seguir o clima familiar.

E Henry permaneceu ao seu lado na maior parte do tempo, receberam os cumprimentos, aturaram as brincadeiras de Jason e agradeceram aos inúmeros elogios sobre a organização da festa. Nicole sorria ao afirmar que era a única organizadora, exceto pela comida. Deixara a cargo de Stefany e Olivia, pois não queria degustar dos pratos, contentando-se com a escolha do bolo. É claro que novamente Henry tinha razão, ao final da degustação não se lembravam do sabor do primeiro pedaço de bolo.

— Posso saber o motivo desse sorriso? — Henry inquiriu, beijando-lhe o ombro.

— Recordando do nosso bolo — Nicole respondeu, acariciando a face do esposo — No final escolhemos o melhor sabor.

Henry concordou, sugando-lhe o lábio inferior.

Nicole ficara perplexa ao entender que ele tivera a coragem de sujá-la de glacê. Passado a surpresa, resolveu se vingar e não fosse pela intervenção de John ninguém provaria do bolo. Em seguida tiveram a dança dos noivos e assim que ela jogara o buquê. 

Nicole aprofundou o beijo, desistindo de reviver aqueles momentos, as mãos afundaram no cabelo do marido.

— Então, fui perdoado pelo rapto? Já que estamos aproveitando a presença um do outro.

Nicole riu, puxando fracamente os fios castanhos dele.

— Jamais esquecerei essa imagem: você andando tranquila pela passarela de vidro enquanto as luzes dos arcos eram acesas, eu poderia afirmar que estava diante de um anjo. Segurar sua mão enquanto ouvíamos o reverendo — ele beijou-lhe os dedos da mão esquerda — Nenhuma lágrima em seus lindos olhos castanhos, unicamente o sorriso estonteante.

Ela franziu o cenho:

— Ah! Droga! — Ela proferiu, afastando-o. Pulou da cama e entrou no banheiro. Ela choramingou, lavando as mãos, em seguida retirando as lentes de contato.

— O que aconteceu? — Henry perguntou, encarando seu reflexo no espelho.

— Você me fez esquecer as lentes — ela respondeu impaciente, procurando o colírio no nécessaire.

— Eu? Não sabia que isso era meu dever como marido, estava me empenhando em outros de alta importância.

Ela semicerrou os olhos, virando-se para ele.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora