Felicity

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Já era noite alta, pois há muito já passara da meia-noite na boa e velha Paris que, embora modernizada, afinal, estávamos em pleno século 21, ainda era um dos lugares favoritos do mundialmente famoso tenor Alexis Blonsky

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Já era noite alta, pois há muito já passara da meia-noite na boa e velha Paris que, embora modernizada, afinal, estávamos em pleno século 21, ainda era um dos lugares favoritos do mundialmente famoso tenor Alexis Blonsky. Apesar da hora, a Cidade Luz permanecia bem viva e agitada. " Pulsante, como uma criatura viva.", como ele gostava de pensar. Claro que muitas vezes ele se cansava do glamour e agitação das noites parisienses e se refugiava em sua acolhedora cabana nos arredores de Versalhes, como os reis de outrora. "Quanta pretensão...", também pensava. Ele era um nobre também, na verdade, um príncipe (afinal, seu pai fora príncipe da Valáquia, região sul da agora Romênia), mas nesse mundo moderno, esses títulos lhe pareciam extremamente ultrapassados e mesmo nas altas rodas onde era obrigado a freqüentar à contragosto e onde isso parecia ter tanta importância, preferia não ser tratado dessa maneira, mas sabia que assim se referiam a ele nas conversas paralelas. O misterioso e excêntrico "Príncipe Solitàire" ou "Príncipe da Noite" ...

Alexis parou e riu de si mesmo a esse pensamento. Ele estava ao piano, executando a "Moonlight", sonata n0 14 de Bethoven, como costumava fazer após as apresentações para relaxar.

Gostava de se isolar em sua biblioteca, que fazia as vezes de estúdio, quando precisava estudar alguma peça importante ou ensaiar. Aquele era seu refúgio favorito, especialmente hoje...

Realmente, ele merecia aquele apelido que já o perseguia há mais de cem anos. Chegava a ser engraçado, como por mais que "morresse" de vez em quando e reaparecesse com uma nova identidade, mas sempre como um cantor de ópera, pois essa era sua grande paixão e seu consolo (afinal não poderia explicar o fato de ser um imortal), o apelido permanecesse inalterado. Mas ele era mesmo assim, solitário, sem amigos, embora fosse considerado uma pessoa amável e cativante, mas gostava de ficar afastado, o que não era fácil para alguém conhecido como ele, e especialmente de relacionamentos amorosos, pois não queria compartilhar sua maldição com ninguém. O que igualmente não era fácil, pois sua aparência atraía as mulheres ( e alguns homens também) como moscas, o que ele não conseguia entender. "O que viam num cara pálido e frio como um cadáver? Afinal é isso mesmo que sou...", pensava ele sempre. Mas todos diziam que ele parecia um anjo...

– "Anjo..." – sorriu mais uma vez com amargura. – "Um demônio, é isso que sou. Belo, pode até ser, mas Lucífer também não dizem que foi o mais belo dos anjos? Sim, sou um demônio e o pior de todos, pois sou o verdugo de minha própria espécie..."

Seus olhos então bateram na pintura de uma linda menina loira de cerca de 7 anos no máximo, de olhos tristes e piedosos e sorriso radioso. Aquele quadro que só naquela data em especial, ele mandava vir de seu quarto secreto, coberto, pois nem mesmo a seu prestimoso Igor, o servo que herdara de seu pai (na verdade, estava mais pra uma babá do que um empregado, de tão solícito e cuidadoso era com Alexis desde que nascera), permitia contemplar.

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