Capítulo 2

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Um ano depois…
    
          Miguel

     Não gosto de tantas formalidades, então será uma rápida apresentação. Meus nome é Miguel Castro, de uma família abençoada por Deus. Sim, somos todos cristãos, eu e meus pais Marise e Robert Castro. Moro em Belo Horizonte, mas estou voltando para Muriaé graças à Deus. Aqui é bom, mas sinto falta da humilde cidade em que eu nasci e cresci. Minha missão aqui ja foi cumprida.
     -Tem certeza que não prefere morar aqui?-Mamãe pergunta fazendo careta. Ela sempre amou Muriaé, mas preferia aqui mil vezes.
     -Não. Prefiro minha velha e boa cidade.-Responde papai rindo e eu o acompanho.
     -Calma mamãe, a senhora se acostuma.-Estávamos sentados à mesa para jantar e minha mãe se sentava para comermos.
     -Eu não sei o que vocês vêem tanto naquela cidade. Aqui é muito melhor.-Eu tinha que discordar e é claro, o papai também.
     -Marise, lá terei um emprego bem melhor, o Miguel além de emprego terá muito mais amigos e uma família inteira que o acolherá bem melhor.-Papai não gostava de discutir esse assunto com ela porquê sabia que demorava séculos para convencê-la.-Agora vamos orar e jantar pois temos apenas duas horas para dormir.
     -Eu oro.-Sorrio para eles e pegamos nas mãos um do outro.-Pai, te agradeço por mais esse jantar e pela minha família, nos guarda em nossa viagem, que o Senhor sempre seja o centro de tudo e apenas a Tua vontade seja feita. Amém!
     -Amém.-Mamãe e papai dizem e finalmente ataco meu prato de macarrão com queijo.
     Sairíamos às duas da manhã em ponto. Não via a hora. Não permiti que minha mãe lavasse as louças, eu mesmo lavei, fui para meu quarto, orei e dormi.
    
     […]

     -Marise meu amor. Esta na hora.-Diz meu pai não tão alto para não acordar ninguém segurando a risada. Mamãe detestava acordar no meio da madrugada.
     -Tem certeza que pegou tudo pai?-Pergunto conferindo as coisas na carroceria da caminhonete.
     -Acho que sim filho. Se esquecermos algo nossos amigos levam na mudança.
     -Não sei porque não podíamos esperar até amanhecer.-Mamãe sai com a cara mais amassada do mundo. Eu olho para meu pai e gargalhamos.-E também não sei do que estão rindo.
     -Calma mãe, você terá todo o caminho para dormir.-Digo já me sentando no banco de trás.
     Saímos de Belo Horizonte à caminho de Muriaé. Meu coração está a mil. Não pensei que me sentiria assim ao voltar e como não sou obrigado a nada, coloquei os fones e fiquei escutando Brothers Music, os melhores hinos de se ouvir na estrada a noite.

     Finalmente chegamos e quem estava no volante era eu. Eram cinco horas pois eu aproveitei que meu pai dormiu para acelerar um pouco mais antes que o sono viesse.
     Depois de rodear a cidade, chegamos em nosso bairro e ao avistar nossa antiga casa, abro o portão enquanto meu pai entra o carro. Infelizmente não tínhamos o controle. Daniel nos esperava com a cara péssima. Ri.
     -Não esperava essa recepção tão calorosa.-Digo irônico abraçando-o.-E obrigado por abrir o portão.
     -Também senti sua falta.-Diz Dan rindo.-Tio, tia. Como estão?-Abraça-os.
     -Estamos bem graças à Deus.-Responde mamãe que já estava melhor.-Cuidou bem da casa assim espero?
     -Tudo em perfeita ordem.-Dan ri.-Agora, vamos dormir pois oito horas tem escola bíblica. Os quartos são os mesmos.
     -Posso ir contigo para a igreja oito horas?-Pergunto me animando.
     -Duvido você acordar.-Dan ri.-Parece um panda, só come e dorme e ainda quer acordar oito horas depois de ter ido dormir cinco? Se isso acontecer Jesus volta.
     -Para de drama Dan. Não sou tão difícil de acordar assim não.-Na verdade, Dan tinha razão, eu dormia igual um panda, uma pedra também serve. Quando eu durmo mesmo, não tem ser humano que me acorde.
     -Se você não acordar na hora, terá que pagar uma pizza.-Diz convencido de que isso iria acontecer.
     -Assim seja, e seu eu acordar você paga.-Apertei sua mão.
     -Cinco horas da manhã e os meninos fazendo aposta?-Pergunta mamãe incrédula nos fazendo rir.
     Fomos para nossos respectivos quartos que ficavam no andar de cima e ao chegar no meu, ajoelhei ao lado da minha cama agradecendo a Deus pela viagem e me deitando logo em seguida. Ou melhor, me jogando na cama super macia. Ah, como eu senti falta dessa cama. Obrigado Deus. Agradeci mentalmente com um sorriso no rosto e olhos fechados.

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