Capítulo 5

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O amor


"[...]Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra."

Vladimir Maiakoviski (1893-1930)


Ѽ

1896
 

Eliza sorri sem graça para duas senhoras que a olham com curiosidade e um certo desprezo.

Sem saber o que fazer ela sai pelo lado contrário ao que William saiu e sobe as escadas para enfim voltar para seus aposentos.

Estás se sentindo tão envergonhada que nem ao menos olha para trás.

Se tivesse feito veria Carter a olhar até sumir de sua vista. Os punhos do homem estão fechados e ele tenta controlar a todo custo a raiva que sente neste momento.

  Respirando fundo ele nega balançando sua cabeça. Não se conhecem para serem íntimos, é apenas fruto de sua imaginação e de seu ciúme incontrolável.

Ele se serve de uma taça de vinho e volta para a comemoração. Uma mulher com um decote vulgar sorri se insinuando e ele caminha em sua direção. Ninguém ali realmente sabe que ele está comprometido afinal.

  Quando a música acaba e os burburinhos cessam, a jovem tem a certeza de que o almoço já havia terminado.

Ela olha cansada para o relógio. Já são 19:00 horas e não havia nada além do seu desjejum em seu estômago.

Relutante ela se levanta e vai até a casa de banho. Finalmente cria coragem para retirar o vestido que trajou durante o dia.

Veste seu robe e caminha até a varanda. Por mais que esteja faminta não descerá para jantar. Tem medo de se encontrar com William mais uma vez e tem ainda mais medo de sua reação ao vê-la.

Sentada em uma poltrona ela não percebe quando cai no sono.

O relógio em seu quarto bate marcando meia noite a fazendo acordar sobressaltada.

Sonolenta ela caminha ate seu criado mudo e pega seu terço. Precisa fazer sua oração antes de deitar-se novamente.

Ajoelha-se.

"Pater noster, qui es in cælis: sanctificétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua sicut in cælo, et in terra."

Sua oração é interrompida quando ela escuta um estrondo do lado de fora de seu aposento.

Rapidamente ela se levanta. Sabe que não o deve fazer, mas a sua curiosidade sempre fora seu infortúnio.

A Mansão de ChurchillOnde histórias criam vida. Descubra agora