Promessa

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Angelique Beaumont

Quando chegamos em casa tudo estava escuro, com exceção da luz da cozinha que iluminava um pouco da enorme sala principal.

— Venha — Christopher puxou-me em direção às escadas — Eu vou limpar essa merda em sua testa e fazer um curativo...

— Um curativo? — Ouvi a voz do meu padrasto e olhei imediatamente na direção da cozinha.

Ele estava parado na porta coberto por um robe de seda azul e uma xícara de chá na mão.

Quando ele me viu ele abaixou a xícara e me encarou com preocupação evidente em sua expressão.

— O que aconteceu com você? — Ele parece assombrado com o meu estado.

Eu mordi o meu lábio e não soube o que dizer.

— Angelique se machucou — Christopher falou por mim — Bateu com a cabeça — Ele se limitou a dizer apenas isso.

Meu padrasto se aproximou de mim e tocou o meu rosto, depois deslizou o polegar pela minha boca inchada e borrada. Eu parei de respirar e engoli em seco ao ver percepção em seus olhos.

Ele olhou para o Christopher e eu também fiz isso quando ele demorou tempo demais analisando o meu meio-irmão.

Eu não tinha reparado mas o meu batom deixou um rastro na boca dele também.

Quando eu voltei a encarar o Bart ele estava com o maxilar tenso.

— Vamos, Angelique — Christopher me chamou e puxou um pouco a minha mão para acompanhá-lo — Precisamos cuidar disso antes que inflame...

— Pode deixar, Christopher — Bart pegou a minha outra mão e puxou — Eu vou fazer isso — Meu padrasto disse e pareceu uma ordem.

Christopher não me soltou, então fiquei entre os dois sem saber para onde ir.

— Vem comigo, temos um kit de primeiros socorros na cozinha — Bart me levou para lá e Christopher não contestou mais.

Eu tentei limpar a minha boca o mais rápido possível enquanto o Bart procurava algo no armário.

Olhei para o Christopher que havia acabado de entrar na cozinha e assim que ele me viu fazendo isso ele fez o mesmo com a boca dele.

Mas eu acho que não adiantava mais. O Bart não era burro e já havia percebido tudo.

Meu padrasto colocou uma pequena bolsa branca em cima da bancada e começou a tirar dali dentro tudo o que era necessário para limpar o corte e fazer o curativo.

— Christopher, você pode pegar uma pomada no meu banheiro? Está na primeira gaveta — Bart pediu para o filho — Isso vai ser bom para acelerar a cicatrização...

Olhamos para o Christopher e ele pareceu um pouco hesitante mas acabou obedecendo o pai.

Passou alguns segundos e o meu padrasto já estava limpando o meu machucado com um algodão quando ele começou a falar:

— Você sabe que não posso me casar com a sua mãe se você e o Christopher começarem a ter alguma relação inapropriada, não é? 

Fiquei em silêncio assistindo a sua expressão concentrada em cuidar do meu corte.

— Nossa família não pode estar envolvida em um escândalo como esse... Christopher já se encarrega de sujar o nome com os seus modos e mal comportamento, mas se relacionar com a minha enteada seria demais para o nosso meio social... Seria imoral. Você é minha filha agora, assim como ele. Você entende?

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora