(she)
(tastes so sweet, looks so real
sounds like something that I used to feel)
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Os cabelos continuam azuis.
É a primeira coisa que você nota.
Eles estão mais longos e ondulados, caindo um pouco acima dos ombros, mas ainda naquele tom incrível de azul.
Então você respira fundo e baixa os olhos, estica as mãos em direção a ela, tomando seu rosto e a acariciando, surpreendendo-se com a maciez de sua pele.
É diferente, você pensa, mas continua a deslizar os dedos sobre suas bochechas e maxilar, delineando os traços que são, ao mesmo tempo, familiares e totalmente novos.
"É liso" você diz e o seu tom de voz é um misto entre surpreso e deliciado.
Os olhos dela brilham, mas ainda há um vinco entre suas sobrancelhas, o qual você rapidamente passa os dedos para desfazer.
"Isso é bom?" Ela pergunta, inegavelmente temerosa.
Você sorri e seus olhos amaciam naquela expressão que você sempre faz quando ela está por perto.
"É diferente, mas ainda bom. Muito, muito bom"
Ela então sorri, covinhas aparecendo nas bochechas que agora são mais macias e arredondadas do que eram, mas tão, tão bonitas que não deixam de te surpreender.
Sua respiração tranca quando ela ergue as mãos até as suas, puxando-as lentamente para baixo, em direção ao pescoço.
"É diferente aqui também" ela diz enquanto você pressiona levemente seus dedos contra o meio de sua garganta, roçando-os sobre o local onde antes havia um pomo de adão.
Não há mais.
Agora há apenas um pescoço liso, sem a aspereza da barba ou as manchas das vezes que ela se barbeou.
"Sim" você praticamente sussurra e seus olhos nunca desgrudam do pedaço de pele branca com as sardas que você pode recitar os padrões até de olhos fechados, tantas foram as noites que passou dormindo aninhada sobre elas.
Mas é diferente, você lembra, embora a familiaridade continue ali.
É diferente.
Mas é incrível também.
Você então desce seus dedos um pouco mais, agora sem esperar por ela. Suas mãos estão ávidas pelo toque, pela sensação da pele quente contra pele, pelos arrepios que você vê erguerem-se sobre o corpo dela. Ávida por ela.
É somente quando a respiração dela tranca que você é arrancada de seus devaneios. Seus dedos pairam sobre a toalha na qual ela está enrolada, mas você ergue os olhos, desvia o olhar, embora sua curiosidade esteja te matando.
Você encontra os olhos dela e percebe-os marejados.
"O que-?" você começa a perguntar, mas ela interrompe.
"E se você... se você não gostar?" sua voz quebra no meio da frase, vulnerabilidade transbordando de cada sílaba.
Você nega, a segura pelos ombros, dedos a acariciando enquanto seus olhos azuis perfuram-na, sérios.
"Jamais poderia não gostar de você" a confiança também transborda da sua voz.
Ela pisca algumas vezes, morde os lábios. Então assente.
"Ok. Tudo bem. Continue" ela murmura, embora não muito confiante.
Você arqueia uma sobrancelha.
"Eu não quero fazer nada que você não queira" diz, firme, buscando nos olhos dela o consentimento que precisa para prosseguir.
"Eu quero" ela diz então, muito mais firme. Seus olhos cintilam. "Eu quero que você me toque"
É você quem se arrepia agora, chocada com o quanto aquelas palavras te afetam.
Ainda te afetam. Como sempre.
Seus olhos voltam a descer assim como seus dedos, finalmente puxando a toalha sob a qual ela se escondia.
O tecido cai no chão com um barulho abafado, mas você não nota.
Não.
Não quando ela está nua na sua frente, cabelos balançando, braços e pernas arrepiados, peito subindo e descendo, rápido, acelerado.
E você se sente tão... quente. Porque ela é tão... linda, tão-
"Deslumbrante" você murmura sem perceber, aproximando-se um pouco mais, suas mãos delineando a curva do busto que antes não existia; mesma pele, mesmas sardas, mesma pessoa, mas tão, tão diferente.
E tão maravilhosa.
"Vic..." ela começa a dizer, mas você apenas balança a cabeça e seus olhos se enchem de lágrimas. "Você está chorando? Oh, meu Merlin, você odiou, não foi? Eu sabia que isso iria acontecer" e então ela está se abaixando, procurando desesperadamente pela toalha caída enquanto suas bochechas enrubescem de constrangimento.
Você a impede, é claro.
"Não, não!" você diz, horrorizada com o que acaba de fazer. "Eu não odiei" a puxa para cima, voltando a segurá-la pelos ombros. "É só... você está linda! E é- eu estava com medo" sua voz agora sai sussurrada, mas os olhos dela estão presos aos seus e você sabe que ela te ouviu. Ela sempre faz. Então você ergue suas mãos para o rosto dela, segurando-o entre elas, e se aproxima. "Eu estava com medo de que eu me sentisse diferente, mas continua aqui" aponta para o próprio coração.
Ela ergue uma mão e coloca sobre o seu peito, exatamente onde bate intensamente.
Você sorri.
"Você está linda. Você está maravilhosa. Você é ela. E eu continuo te amando" suas testas estão juntas agora, seus olhos quase cruzados por se encararem de tão perto. "Eu amo você. E estou feliz por confiar em mim"
Uma lágrima desce pelo rosto dela.
"Eu confiaria em você de olhos fechados, você sabe" ela diz, da maneira que sempre faz. "Eu amo você"
É diferente, você pensa.
A voz é diferente. O cabelo é diferente. O formato do rosto e do corpo é diferente. A pele é diferente, mais macia, suave, mas ainda é a mesma pessoa. A única mudança é que, agora, ela também é ela por fora.
Encarando-a, você se pergunta quanto tempo ela passou fazendo aquilo escondida, sem você saber. Quanto tempo ela usou o fato de ser metamorfomaga para se transformar, se ocultar. Para mentir para os outros e para si mesma sobre algo que ela era.
Agora não mais.
Seus cabelos ainda são azuis. Seus olhos ainda são bondosos. As sardas são as mesmas que você mapeou incontáveis vezes. Seus braços continuam aconchegantes, feitos para te segurar. E seu coração continua batendo, a mesma melodia de sempre, a sua favorita.
Fechando a distância, você gruda seus lábios aos dela, sentindo-os mais suaves do que antes, mas ainda calorosos e o encaixe perfeito contra os seus.
Um suspiro de felicidade escapa de seus lábios e você sorri contra ela, sem parar de beijá-la.
Você a ama e, embora nunca tenha pensado que pudesse se sentir assim por uma menina, você percebe que isso nunca foi uma questão.
Foi sempre Teddy.
Sempre sua Teddy.
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NOTAS: ps: a letra do início da one é de two ghosts do harry styles, que era a música que ouvia enquanto escrevia essa one ♥
beijos ♥
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(she)
FanfictionVocê a ama e, embora nunca tenha pensado que pudesse se sentir assim por uma menina, você percebe que isso nunca foi uma questão. [TEDTOIRE - TRANS!TEDDY]