Eu estava indo em direção á Encino, de carro. O problema foi que eu tinha eequecido de encher o tanque do carro e, quando cheguei em pouco depois da metade o gasolina acabou. Tentei andar com ele o máximo possível até encontrar alguém que pudesse me ajudar.
Por sorte, eu acabei encontrando uma casinha de madeira que era ocupada por um casal, cada um na faixa dos cinquenta. Quando eu pedi ajuda, eles me ofereceram para passar a noite lá com eles, e me dariam o combustível necessário para continuar a viagem.
Eu não sou o tipo de cara que vai em uma casa qualquer para pedir uma cama, mas dessa vez tinha sido eles a oferecer, e já estava bem tarde.
Aceitei. Eles prepararam uma carne que estava uma delícia, conversamos um pouco sobre de onde eu era, para onde ia e tal, e depois fomos todos dormir.
Segui o senhor Craig (se eu me lembro bem, era Craig) até o quarto aonde eu ia dormir.
De repente ele parou na frente da porta no final do corredor e me encarou, com cara séria.
- Então... É esse o quarto?
- Não - Ele respondeu, sério - Esse é o quarto que você não deve entrar. Você vai me desculpar, mas essa é a única regra dessa casa. Esse quarto está fora dos limites. Tudo bem?
- Tudo bem. - Respondi - Mas seria falta de educação perguntar o motivo?
- Bem... Não, mas... Bem, não é uma coisa para se falar. Espero que você entenda.
- Sim, claro.
- Bom... Siga-me. Vou te mostrar o seu quarto agora.
Dormi por muito tempo. Acordei no meio da noite com muita vontade de ir no banheiro.
Quando estava voltando, passei pela porta do quarto e fiquei meio receoso, pensando se devia ou não devia entrar lá dentro. Eu seu, o senhor Craig disse para não olhar, mas eu estava muito curioso.
Decidi que ia olhar pela fechadura. Quer dizer, ele não disse nada sobre olhar na fechadura, certo?
Certo. Então olhei.
O quarto não tinha nenhum móvel, apenas um criado mudo e uma cadeira, e na cadeira estava sentada uma garota, parecia ter uns dezesseis anos, toda vestida de branco, virada para a parede, imóvel.
Achei meio estranho. Tentei pensar racionalmente, que aquela menina era filha do casal e devia estar de castigo ou coisa parecida.
Mas ela estar alí o tempo todo? E seu pai não queria falar sobre ela...
Achei bem estranho, mas decidi que ia voltar a dormir.
Uma hora se passou e eu não conseguia tirar aquela menina do quarto da cabeça. Acabei decidindo espiar mais uma vez.
Dessa vez, estava tudo vermelho. Vermelho bem vivo.
Achei estranho. Fiquei com um pouco de medo, também. Mas tentei pensar racionalmente de novo dessa vez. Me obriguei a pensar que o casal, no objetivo de não me deixar olhar pela fechadura novamente, cobriram a porta com um pano vermelho. Parte do meu cérebro ainda insistia em dizer que era um vermelho fundo demais para ser um pano, mas consegui me decidi que era um mesmo e voltei a dormir.
Dormi como uma pedra e acordei as dez horas da manhã seguinte. Desci para tomar café com o casal. Notei que a menina não estava lá com eles, então disse:
- E a sua filha, não vem comer?
Eles me olharam de forma estranha, como se eu fosse alguém que eles nunca tinham visto e estavam prestes a perguntar: "quem é você?"
- Minha filha? - Disse senhor Craig.
- Sim, a que estava no quarto que o senhor não me deixou entrar... e me desculpe ter olhado, também.
- Você olhou lá dentro? - Perguntou a senhora Craig, com um estranhamento na voz.
- Sim, pela fechadura... Mas vocês já sabiam disso, vocês colocaram aquele pano vermelho na porta...
O sennhor Craig me olhou com estranhamento, depois cobriu a boca com a mão e sentou-se na cadeira.
- Algum problema? - Perguntei, da forma mais educada possível.
Foi isso o que ele me respondeu:
- Aquele era o quarto de Annabeth, minha filha, que morreu afogada. Ela costumava usar branco e...
- E o quê?
- E tinha olhos vermelhos.
FIM.