004.
- Ângela! Ângela, volta aqui! – Diego gritava para a irmã, que saíra de dentro da casa de Mussum e ficara encostada no portão.
- Não quero! – ela bateu o pé no chão.
- Ângela, nem vai rolar tiro, só vamos dar umas porradas na pessoa, poxa! – Diego abriu os braços. – Coisa pouca! Nem vai tirar tanto sangue assim!
- Eu falei que ela ia arregar! Poxa, Angie, que decepção, quando tu tinha 14 anos desceu a porrada sozinha naquela renca de garotas que te cercou lá no fim da rua, lembra?! – lembrou Mussum. – Tá certo que elas te confundiram com a Carlinha, pensando que tu tinha se enroscado com os namorados delas, mas porra, tu mandou benzão! Ninguém nunca esqueceu de você passando feito um trator por cima delas! O Bolo virou teu fã, até hoje paga pau pra você!
- Aquela era outra Ângela, Mussum! – Ângela afirmou.
- Outra?! – Diego ficou confuso. – Mas como pode? Ângela, não acredito que você tem outra irmã gêmea e não me falou!
- Pode ser uma sósia. Rola muito isso em seriado. – Mussum sugeriu.
- Ou então um clone! Não teve uma novela que tinha isso? Ângela, se alguém te clonou, processa! Ou então faz um filme! Vai ganhar uma grana!
- Aqui no Brasil? – Mussum fez uma careta. – Duvido. Filme brasileiro é tudo flopado! Tinha que fazer filme na terra dos gringos, aí sim rola uma graninha boa!
- Vocês dois, gênios, querem parar, por favor?! – Ângela pediu, impaciente. Olhou para os dois que estavam parados na varandinha. – É que eu tenho medo. Medo de ser ainda mais zoada pela pessoa que fez o vídeo... Medo de ficar paralisada. Medo de escutar tudo que eu mesma digo pra mim e já dói, imagina alguém falando na minha cara que eu sou uma deformada, que já nasci desprovida de beleza e eu mesma, na minha burrice, provoquei o acidente guiando bêbada, louca e estraguei o resto do meu rosto... – ela tocou no próprio rosto. – Não sei se vou aguentar...
- Ai, Angie, para com isso. – pediu Diego, indo até ela e a abraçando. – Você não é tão feia como acha que é.
- Ah, quer dizer que, de qualquer forma, eu sou feia! – ela protestou.
- Não, Angie, caramba! – Diego exclamou, exasperado. – Que mania que mulher tem de torcer tudo que a gente diz! – bufou. – Angie, você não é nenhum dragão, muito pelo contrário! A Carla tá certa, você não se valoriza!
- E como eu vou me valorizar com esse rosto que parece ser cheio de rasgos e pior, eu mesma quem fiz?! Como?!
Ângela saiu correndo enquanto começava a chover. Diego ainda gritou.
- Ô Ângela! Ângela, vai pegar uma pneumonia e mamãe não tem dinheiro para pagar por outro pulmão! Ângela!
- Deixa, Diego, deixa! – Mussum gritou. – A menina tá traumatizada, é normal, coitada. Aí, vamos falar com o Bolo e o resto da galera e vamos juntar essa pessoa que sacaneou a Ângela. Quero ver se não afina com todo mundo cercando.
- Boa, Mussum! Boa! Coitada da Angie... Minha irmãzinha não merece sofrer assim... Vamos que vamos!
Mussum e Diego saíram correndo pela rua para convocar os outros amigos para procurar a pessoa que postara o vídeo sobre Ângela.
-x-
Ângela parou de correr e xingou ao se ver molhada pela chuva fina que caía.
- Que merda! Merda! To com raiva da vida, raiva de tudo! – ela chutou um carro e gritou. – Ai! Merda! Merda!
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Doce com Batata Frita
Genç Kız EdebiyatıÂngela García leva uma vida normal até receber vários ataques na internet por causa de sua aparência. Cheia de cicatrizes por causa de um acidente, Angie não se considera ''normal''. Com a ajuda de seus irmãos, Carla e Diego, Ângela irá aprender que...