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 "A verdadeira função do homem é viver, não existir"
- Jack London.

- Eles contratam péssimas garçonetes aqui. – Por cima da multidão que nos rodeou para ver o espetáculo, uma voz soou. Algumas outras concordaram e soltaram comentários igualmente arrogantes.

De olhos fechados estava, de olhos fechados fiquei, até que uma respiração mais forte fez cócegas em meus nariz.

- Você está bem? – Disse a voz. Subi primeiro a pálpebra de um olho, estava muito embaçado, o que me forçou encarar a situação com as duas orbes castanhas bem abertas.

Imaginem o tamanho do meu espanto quando dei de cara com aquelas mesmas safiras faiscantes que me tiraram do chão no dia do Museu. Era o mesmo rapaz, só que sem aquele uniforme prepotente. Tão lindo, apolonesco e irreal quanto eu me lembrava.

Assenti com a cabeça, respondendo sua pergunta como uma retardada.

- A gente se conhece? – Perguntou, enquanto me colocava de volta ao chão.

- Não... – Foi tudo o que me passou na mente responder.

Óbvio que ele não lembraria.

- Obrigada. – Bem articulada, claro. Seus olhos milimetravam os meus como se fosse algo de extrema magnitude. O castanho monótono que emanava de mim não parecia tão comum assim, pela primeira vez.

O rapaz continuou esse gesto incômodo de me encarar e, mesmo sem qualquer perigo de tombo, suas mãos não deixaram minha cintura. Era como se o universo não existisse a nossa volta, tudo se tornou turvo e nós éramos as únicas criaturas existindo num mesmo plano nítido.

 Era como se o universo não existisse a nossa volta, tudo se tornou turvo e nós éramos as únicas criaturas existindo num mesmo plano nítido

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- Qual é o seu nome? – Perguntou. Seu timbre rouco dava vontade de saltar do abismo e, o pior de tudo, é que a sensação parecia boa.


- O nome dela é Luneta. – Antes que pudesse ter a chance de responder, um par de mãos fortes me arrastou para fora daquele mundo perfeito. Foi só um segundo, mas a quebra de conexão era tamanha que, assim que meu corpo rebateu no peito firme de Cláudio, todo o som ambiente ecoou com fúria por meus ouvidos.

As pessoas cochichavam e riam num misto de burburinho e cântico infernal. Eu gelei ao finalmente entender que meu melhor amigo havia usado meu nome para me humilhar.

Maldito!

Maldito!

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- No que você está pensando, seu merda? – Ferozmente, cerrei os punhos e os enfiei bem no estômago do moreno. O ar escapou daqueles lábios carnudos e ele tossiu. Uma expressão que misturava incompreensão e raiva brotou debaixo dos cachos que já me fizeram sonhar. – Quem é você pra me chamar assim?

Cláudio não respondeu, apenas se afastou. 

A Lua Dentro de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora