O hospital acabara de ligar para Nilce. A mulher rapidamente correu para seu diretor e passou a informação. Assim, foi liberada e pegou sua bolsa para sair. Seus coração parecia explodir como fogos de artifício em Réveillon. Após semanas em um prisão mental, ela só podia pensar nele.
Levantou seu braço, indicando a qualquer taxi sua necessidade. O automóvel amarelo parou e permitiu sua entrada. A loira gritou o nome da rua e pediu - com animo - para que o motorista agilizasse. O taxista cortava carros com cuidado. O transito parecia uma mar revolto e Nilce queria apenas atravessar as ondas e chegar a seu porto seguro.
Minutos depois, a moça desceu do carro e entrou no prédio. Seus olhos estavam ágeis, pois queriam burlar o tempo. Impetuosamente, ela pediu para trazerem seu filho. O pequeno Antony estava na creche desde cedo e ficaria muito feliz em ser liberado antes do previsto. Ficaria melhor ao saber o motivo.
"No terminal está você
Malas e mochilas por fazer"Uma das professoras trouxe a criança curiosa para os braços da mãe.
– Mãe, aconteceu algo com o papai? – Tony perguntou.
– Aconteceu sim, meu filho, mas foi algo bom.
– Ele acordou?! – O menino agitou-se ao pensar no fato. Seus olhos claros e castanhos brilharam em sincronia com os da mulher.
– Vamos vê-lo. – Nilce limitou-se.
Os dois pegaram outro táxi. A pressão era maior: ambos pareciam tão nervosos, elétricos e entusiasmados... Queriam viajar na velocidade da luz.
A adulta observava cada expressão do pequeno loiro, de fios desordenados e bochechas rosadas. Ela sempre achou que ele tinha tanto do marido, mesmo que alguém dissesse o contrario. Pensava que era uma injustiça da vida por tê-lo carregado em nove meses e a criança vir semelhante ao homem, mas - nos últimos dias - o sorriso parecido era o único que a mantinha de pé. Queria ver o mesmo no moreno, porém este não podia fazer. Contentou-se com os momentos de alegria e pacifico esquecimento junto a seu filho.
Nilce queria proteger o pequeno, contudo, quem a protegia? Questionou-se sobre isso diversas vezes enquanto o jovem dormia a noite.
Entretanto, as coisas mudaram. Seu marido estava melhor e desperto. Seu filho não parava de sorrir e fantasiar as coisas que contaria ao pai... A moça também o fazia, mas preferiu guardar a expectativa para depois.
"No check-in está você
Excedendo o limite de sorrisos na bagagem"Os dois chegaram ao hospital e rapidamente seguiram para o quarto. O homem foi levado da UTI a pouco tempo.
– Vamos mãe! – O pequeno rapaz de sete anos, clamou quando percebeu o receio da mulher. Ela temia entrar, ao mesmo tempo que ansiava com todas as forças. Nada daquilo parecia real, entretanto, ficou feliz por estar enganada dessa vez.
Nilce, com a criança em seu colo, deu dois passo em direção a porta. Nem bateu na madeira. Seus dedos trêmulos apenas permitiram que ela girasse a maçaneta.
Finalmente ela pôde ver Leon, ainda pálido e com a roupa de hospital, abrir um sorriso. A loira sentiu que iria desmaiar, porem seu desejo de toca-lo era maior.
– Pai! – Antony rompei o silencio. – Você acordou!
– Desculpa, meu pequeno, acho que demorei mais do que cinco minutos. – O moreno divertiu-se.
Nilce se aproximou e deixou o menor sobre a cama.
– Eu senti sua falta. – Ela disse ao ser puxada para um abraço forte e duradouro. A moça mal se lembrava como era a sensação. Seu calor invadiu o coração angustiado e temeroso da dama e a fez recordar.
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Bagagens
General FictionNo terminal estava ele, excedendo o limite de sorrisos na bagagem. No check-in estava ela, malas e mochilas por fazer. No desembarque estava ela, cara amassada sem saber o quanto ele queria vê-la, pra esmagar e contar sobre tudo enquanto esteve fora...