Enquanto separados nunca estaremos satisfeitos.

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Estávamos cercados de pessoas vestidas com as suas belas roupas pesadas e sofisticadas dentro daquele salão dourado. Nossos olhares se encontraram no meio da multidão de pessoas, naquele momento em diante meus pensamentos passaram a ser só você.

-"Gisele." — Segurei suas mãos estendidas.

-"Edgar." — Aquele sorriso que por anos ficaria em minha mente.

Dançamos voltas e voltas pelo salão, rimos e conversamos por dois ou três minutos. Concordando sobre tudo que pensávamos e achávamos, naquele momento eu pude sentir o que realmente era amar.

-"Quem são seus pais?" — Caminhamos até o parapeito de uma das belas varandas.

-"Isso não importa. O dinheiro nunca será importante quando se ama alguém.." — Sorriu olhando em meus olhos iluminados pela lua cheia.

-"A menos que tenha sido criada para isso." — Suspirei me virando para o céu.

-"Apenas espere e quando eu conseguir o que quero podemos nos casar!" — Tínhamos acabado de nós conhecer mas mesmo assim aquelas palavras pareciam tão reais e profundas.

-"Não diga isso Edgar. Existe melhores coisas do que eu." — Sorri me afastando de seu corpo.

-"E o que seria melhor?" — Tentou se aproximar novamente.

-"Apenas...espere.."— Com um sorriso fraco enquanto segurava minhas lagrimas e corri para longe dali.

Dias, semanas, meses se passaram e nós dois continuávamos a conversar. Mas ela o notou me esperando no jardim que eu mais gostava de visitar, minha irmã mais velha e muito melhor do que eu.

-"Qual o nome dele?"— Apontou enquanto voltava seu rosto para o meu.

-"Edgar.." — Sussurrei tentando não mostrar meus sentimentos para a bela garota. -"Quer conhecê-lo melhor?" — Sorri indo até o garoto.

-"Aí está você!" — Fechou seu livro e se levantou para me abraçar, mas minhas mãos apenas empurraram suas costas para perto da minha irmã. -"O que está fazendo?" — Corou.

-"Estou aqui para mudar a sua vida!" — Ri baixo.

-"Edgar essa é Elizabeth, minha irmã." — Não havia nada mais lindo e gentil que aquela doce garota, com certeza faria a vida do rapaz valer a pena. Diferente de mim.

Seus olhos estavam hipnotizados nos de Eliza, não posso dizer que não previa isso. Atrás de seu brilho estava eu deitada na sombra, esperando um dia alguém ter pena o suficiente para me tirar dali.

Semanas se não dias passaram, o casamento dos dois estava marcado para o dia do aniversário de Elizabeth. Que encantador.

Um dia antes eu me vi olhando a mesma lua cheia que nos iluminou na varanda. Talvez eu nunca vá parar de amá-lo, mas só de o ter em minha vista está bom.

-"Ela merece ele e vice versa." — Sorri para mim mesma enquanto chorava caída no chão do meu quarto. -"Talvez seja melhor viver sozinha mesmo." — Ri apertando a foto que tiramos no jardim.

Chegou o grande dia, com seu vestido branco as portas se abriram mostrando seu sorriso no rosto e suas bochechas levemente coradas. Todos se levantaram, eu fazia parte das madrinhas cor de rosa que se mantinham em pé atrás da noiva.

Na festa antes de irem embora para a lua de mel teve o famoso discurso para o casal, todos disseram coisas como "Espero que sejam felizes juntos" ou "vocês formam um belo casal!" Mas na minha hora todos pararam para ouvir, principalmente ele.

-"..."— Segurei minha taça de vinho branco e a ergui. -"Pela união! Minha querida irmã..eu sempre estarei grata por te ver feliz com alguém que ama." — Seus passos rápidos vieram me abraçar.

-"Obrigada."—Sussurrou em meu ouvido. Pude vê-la voltar para Edgar e sorrir para mim quando segurou a mão do rapaz, mostrando sua felicidade.

Todos cercaram os dois me deixando cada vez mais de lado, outra vez na sombra. Mas talvez eu já tenha me acostumado com esse fato.

Deslizei meu corpo na parede do corredor e me sentei no chão enquanto segurava meus joelhos tampados pelo belo vestido lilás de ceda.

-"Se eu contasse que o amo ela diria que estaria tudo bem, mas eu saberia que seria mentira." — Deixei algumas lágrimas escaparem. -"Não estou grata! Não estou!" —Soquei o chão. -"Mas é o que a vida reservou para mim."— Sussurrei olhando a janela.

-"Um brinde ao casal!" — Gritaram do salão. Levantei minha taça uma última vez antes de não ter forças para erguer meu braço.

-"Eu sei..que ela será feliz em seus braços e eu sei que ele nunca estará satisfeito, eu nunca estarei satisfeita." — Tampei meu rosto.

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