Meus pés descalços sentem a areia engoli-los lentamente, um certo prazer vem ao coração com essas sensações, mesmo sendo comuns aos olhos nus.
A vida tem dessas, certo? Quando estamos no auge de algo, criando uma volúpia irrevogável ao redor de nossa alma e acabamos por cair em armadilhas pregadas por nós mesmos, vivemos no declínio durante um bom tempo. Creio que você já passou por isto, e se ainda não, prepare-se, jovem tripulante.
Sinto-me exausto ultimamente, a rotina monótona pegou-me de súbito, perdi o meu verdadeiro ser entre tantos trabalhos e funções do cotidiano, minha mente não funciona como antes, vendo-se presa a apenas um pensamento, um tão tolo e brevemente comum quanto minha realidade atual. Me diga, isso é vida, rapaz?
Diziam-me que o vento trazia o melhor para nós, seja riqueza, amor, poder, porém o mesmo castigava quando preciso.
Eu ganhei bênçãos incríveis, mas com o passar do tempo a grande luxúria cresceu-me o ego, enfraqueceu-me a mente e apunhalou, pouco a pouco, meu verdadeiro eu.
O que me resta e sentar à beira do vasto lençol azul e ludibriar pensamentos sobre o passado mal aproveitado, curvando-me e sentindo as lágrimas descerem de encontro ao imenso mar, e por fim, resta-me aceitar que o vento deu-me o merecido.
"O vento leva, o vento trás
O vento cria e ao mesmo tempo destrói
O vendo perdoa, castiga
Machuca, cura
Alma pura, prevalece
corpo lesivo, no fundo, padece "
VOCÊ ESTÁ LENDO
vento
Short Story"sente ao pé de mim nesse velho canto da praia, deixe-me contar a minha curta história, pois, a vida tem dessas, rapaz"