O sol começava a nascer ao longe e a casa estava silenciosa. Faziam mais de duas horas desde que a última horda de zombies aparecerá para atacar, e os que estavam no turno aquela hora, Fabiana, João e Leonardo, encontravam-se sentados a mesa em um silêncio amigo. Os três não tinham conseguido pregar os olhos em momento algum da noite e eles ainda tinham um bom tempo até saírem da casa. Mesmo que a estação predominante fosse o verão, um vento gelado cercava a casa. Fabiana ajeitou o casaco que usava e levantou-se.
— Vocês querem mais um pouco de café?
— Se eu tomar mais uma xícara que seja, não irei dormir nunca mais. — reclamou Leonardo.
— Essa é a nossa intenção. Vamos precisar ficar bem acordados...
— Somos humanos, Fabi. Uma hora temos que descansar e acho que você precisa fazer isso. — aconselhou João Pedro.
— Não quero ficar com a cabeça vazia por um longo tempo, preciso de muita coisa para pensar. — ela se aproximou do fogão e começou a preparar o café. Aquilo era basicamente o que a sustentava agora.
— Você vai acabar se matando desse jeito. — advertiu Leonardo.
— Claro que não! Sou dura na queda, você bem sabe disso, Léo.
— Sim. — ele concordou.
João encarou o relógio: faltavam quinze minutos para as seis da manhã. O turno deles já tinha acabado há quinze minutos.
— Essa com certeza foi a noite mais longa da história! — comentou.
Ele tinha razão. Após Andressa jogar-se da sacada da casa, os rapazes recolheram-na e começaram a preparar o enterro dela. Quando terminaram e as meninas, principalmente Bruna e Fabiana, viram que a partir daquele momento elas haviam perdido de uma vez por todas uma de suas melhores amigas, foi impossível controlá-las. O elogio fúnebre foi feito aos prantos por cada um deles e as lembranças eram revividas com mais força a medida que ele diziam-nas. Ao término e depois de terem enterro de vez a amiga, Bruna e Fabiana passaram uma hora longe da casa. Ninguém protestou quando Fabi pegou o HB20 e Bruna a acompanhou. Segundo as duas elas tinham ido apenas afogar as mágoas. — em um bar muito provavelmente, visto que a cara de bêbedas era completamente reconhecível. — Todos haviam recomposto e se espalhado em seus respectivos turnos.
— Quem vai entrar para o próximo turno mesmo? — quis saber Leonardo.
— Acredito que seja a Bruna, Mylena e o Kelvin. — respondeu Fabiana.
— Vou ir chamá-los então. Pois nosso turno já acabou há alguns minutos e eu preciso decididamente dormir um pouco. — João levantou-se da cadeira e subiu as escadas.
Fabi terminou de fazer o café e o colocou em uma garrafa térmica. Serviu-se de uma caneca e sentou no lugar em que antes era ocupado por João Pedro.
— Eles voltaram.
Leonardo disse sem ao menos tirar os olhos da janela. A quantidade de zombies era bem maior e eles se aproximavam com uma rapidez incomum. Os dois tomaram suas posições e começaram a atirar. As flechas da besta de Fabiana passavam com um zumbido entre os zombies e conseguia, de vez em quando, levar dois de uma só vez. Leonardo utilizava uma pistola mais simples do que as que ele havia usado antes, mas isso não o impedia de acertar quantos zombies ele conseguisse.
— Por que eles estão tão rápidos? — Fabiana perguntou irritada. — Desse jeito eles vão conseguir levar os portões e invadir a casa!
— Eu temo por isso também. — Leonardo atirou contra um zombie que se aproximava do portão. — Pessoal! Pessoal! Precisamos de todos aqui! Isso não é um treinamento. Desçam todos com suas armas e preparem-se, porque a coisa por aqui está um pouco feia! Andem logo!
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Cidade do Paraíso
Science-Fiction"A única coisa que você pode escolher é pelo que você irá arriscar".