010.
E como previsto por Diego, Ângela se tornou famosa no canal, não só pelo doce com batata-frita, mas pelo seu relato sobre os ataques virtuais sofridos na internet por causa de suas cicatrizes. Sofrera e escondera seu choro dos familiares, mas aprendera a superar e com o seu canal na internet, ajudava aqueles que sofriam o mesmo que ela sentiu na própria pele.
Rico viu Ângela saindo do carro e foi até ela.
- Aí, princesa. Vi que você vai lançar até livro. Tá famosa. E estava uma gata lá no programa na TV dando entrevista.
- Militei e não foi pouco, né? Entrei até no trend topics. – ela mexeu no cabelo, vaidosa. – Melhor do que trabalhar na padaria. Não por você, que é um gato e gostoso, mas pelo seu irmão que é um nojo de gente.
- É porque ele é um frustrado na vida, não liga. – Rico a abraçou pela cintura. – O que você acha da gente pegar um cineminha e dar uns beijinhos por aí?
- Cineminha não que eu durmo assistindo filme. – ela contou e ele riu. – Mas uns beijinhos eu aceito. Sempre cai bem.
- Então a gente se vê mais tarde, gata. – ele deu um beijo no rosto dela, piscou e foi para a padaria.
Ângela voltou pra casa e viu Diego arrumando o berço para o bebê de Carla, enquanto Alicia e a filha mais velha discutiam qual o melhor papel de parede ficaria bom no quarto.
- Papel de parede de heróis? Papel de parede pra menina é de princesa! – protestou Alicia.
- Ah não, mãe, essas princesas só servem pra iludir a gente ! Aqueles príncipes só existem nas animações, porque na vida real é tudo embuste! Se não tivessem algo entre as pernas, eu não daria nem bom dia!
- Que horror, Carla, é isso que você vai ensinar pra sua filha?!
- É isso que todas as mulheres deveriam ensinar para suas filhas, assim elas seriam menos trouxas! – Carla passou a mão pela barriga de seis meses. – Ai, o chato de tudo é que além de inchada, com dor nas pernas, toda hora tenho que ir ao banheiro. É fogo viu, não vejo a hora de acabar. Dá licença. – Carla saiu do quarto para ir ao banheiro.
Alicia suspirou, frustrada.
- Porque eu acho que ela será uma péssima mãe? Não tem entusiasmo nenhum...
- Relaxa, mãe. – Ângela abraçou Alicia. – Nem todas tem vocação pra maternidade como apregoam por aí e acho que a Carla vai gostar sim da bebê, só não vai achar que a maternidade é o centro do universo.
- Vocês naturalizam tudo. Pelo menos essa menina terá a mim para cuidar dela.
- Só não reprime demais a gatinha, tá? A menina precisa ter personalidade pra não apanhar na escola. – beijou o rosto da mãe. – E ah, amanhã tenho mais uma entrevista pra gravar na TV. Legal, né? As pessoas se sentem realmente ajudadas de alguma forma por mim. Me sinto bem com isso.
- Que bom, filha. Fico feliz por você. Melhor do que isso só a sua irmã se tornar uma mãe amorosa e o Diego entender que o cérebro que ele tem guardado dentro da cabeça é utilizável, senão daqui a pouco vai ser desapropriado por falta de uso. Mas aí é querer milagre demais.
- Com certeza! – Ângela riu. – Vou tomar um banho, tirar um cochilo e depois me arrumar pra sair. Com o Rico.
- Aquele menino que já saiu com o bairro quase todo?
- E vai sair comigo também.
- Ai, Ângela e se ele só quiser... você sabe... aquilo?
- Se aquilo for sexo, eu quero também e isso choca zero pessoas, né, mãe?
- Ai, meu Deus, melhor nem falar nada. Espero que a próxima geração salve essa família. – Alicia foi olhar o berço já montado por Diego.
Ângela achou graça e foi para o seu quarto. Caiu deitada na cama e riu para si mesma.
Sentia-se feliz e satisfeita.
Depois de muito tempo, realmente se sentia feliz.
FIM
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce com Batata Frita
أدب نسائيÂngela García leva uma vida normal até receber vários ataques na internet por causa de sua aparência. Cheia de cicatrizes por causa de um acidente, Angie não se considera ''normal''. Com a ajuda de seus irmãos, Carla e Diego, Ângela irá aprender que...