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E como previsto por Diego, Ângela se tornou famosa no canal, não só pelo doce com batata-frita, mas pelo seu relato sobre os ataques virtuais sofridos na internet por causa de suas cicatrizes. Sofrera e escondera seu choro dos familiares, mas aprendera a superar e com o seu canal na internet, ajudava aqueles que sofriam o mesmo que ela sentiu na própria pele.

Rico viu Ângela saindo do carro e foi até ela.

- Aí, princesa. Vi que você vai lançar até livro. Tá famosa. E estava uma gata lá no programa na TV dando entrevista.

- Militei e não foi pouco, né? Entrei até no trend topics. – ela mexeu no cabelo, vaidosa. – Melhor do que trabalhar na padaria. Não por você, que é um gato e gostoso, mas pelo seu irmão que é um nojo de gente.

- É porque ele é um frustrado na vida, não liga. – Rico a abraçou pela cintura. – O que você acha da gente pegar um cineminha e dar uns beijinhos por aí?

- Cineminha não que eu durmo assistindo filme. – ela contou e ele riu. – Mas uns beijinhos eu aceito. Sempre cai bem.

- Então a gente se vê mais tarde, gata. – ele deu um beijo no rosto dela, piscou e foi para a padaria.

Ângela voltou pra casa e viu Diego arrumando o berço para o bebê de Carla, enquanto Alicia e a filha mais velha discutiam qual o melhor papel de parede ficaria bom no quarto.

- Papel de parede de heróis? Papel de parede pra menina é de princesa! – protestou Alicia.

- Ah não, mãe, essas princesas só servem pra iludir a gente ! Aqueles príncipes só existem nas animações, porque na vida real é tudo embuste! Se não tivessem algo entre as pernas, eu não daria nem bom dia!

- Que horror, Carla, é isso que você vai ensinar pra sua filha?!

- É isso que todas as mulheres deveriam ensinar para suas filhas, assim elas seriam menos trouxas! – Carla passou a mão pela barriga de seis meses. – Ai, o chato de tudo é que além de inchada, com dor nas pernas, toda hora tenho que ir ao banheiro. É fogo viu, não vejo a hora de acabar. Dá licença. – Carla saiu do quarto para ir ao banheiro.

Alicia suspirou, frustrada.

- Porque eu acho que ela será uma péssima mãe? Não tem entusiasmo nenhum...

- Relaxa, mãe. – Ângela abraçou Alicia. – Nem todas tem vocação pra maternidade como apregoam por aí e acho que a Carla vai gostar sim da bebê, só não vai achar que a maternidade é o centro do universo.

- Vocês naturalizam tudo. Pelo menos essa menina terá a mim para cuidar dela.

- Só não reprime demais a gatinha, tá? A menina precisa ter personalidade pra não apanhar na escola. – beijou o rosto da mãe. – E ah, amanhã tenho mais uma entrevista pra gravar na TV. Legal, né? As pessoas se sentem realmente ajudadas de alguma forma por mim. Me sinto bem com isso.

- Que bom, filha. Fico feliz por você. Melhor do que isso só a sua irmã se tornar uma mãe amorosa e o Diego entender que o cérebro que ele tem guardado dentro da cabeça é utilizável, senão daqui a pouco vai ser desapropriado por falta de uso. Mas aí é querer milagre demais.

- Com certeza! – Ângela riu. – Vou tomar um banho, tirar um cochilo e depois me arrumar pra sair. Com o Rico.

- Aquele menino que já saiu com o bairro quase todo?

- E vai sair comigo também.

- Ai, Ângela e se ele só quiser... você sabe... aquilo?

- Se aquilo for sexo, eu quero também e isso choca zero pessoas, né, mãe?

- Ai, meu Deus, melhor nem falar nada. Espero que a próxima geração salve essa família. – Alicia foi olhar o berço já montado por Diego.

Ângela achou graça e foi para o seu quarto. Caiu deitada na cama e riu para si mesma.

Sentia-se feliz e satisfeita.

Depois de muito tempo, realmente se sentia feliz.

FIM

Doce com Batata FritaOnde histórias criam vida. Descubra agora