Prólogo

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Eu tinha tanto medo que chegasse esse dia. Mas chegou. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer. Mas o que é ruim sempre parece chegar mais cedo demais. Hoje de manhã meu doce e querido amigo apareceu. Veio caminhando muito devagar na minha direção. Me abraçou com força. Senti suas mãos trêmulas. Ficou ali parando alguns instantes. Pude ouvir seu coração batendo tambor no peito. E também pudi ouvir claramente quando ele disse, com dificuldade, demorando para pronunciar cada palavra:

__Dona Eugênia... a senhora... vai... vai... ser... vai ser... tombada...

Depois, percebi que ele chorava, por causa da leve umidade que senti naquele ponto. Mas não ficou ali por muito tempo. Só o bastante para retirar a fotografia que estava pendurad em mim. Saiu depressa, quase correndo, e desapareceu por trás dos prédios velhos do outro lado da praça.

Eu sei que ele vem lutando há muito tempo por mim. Mas é sozinho, ou quase sozinho, contra muita gente. Como é possível? Como é que não percebem o que estão fazendo? Ou o que já fizeram? Eu sou tão antiga quanto essa cidade. Aliás, sou mais antiga até, porque quando me puseram aqui a cidade nem existia. Me lembro perfeitamente. Isso já tem bem mais de cento e cinquenta anos...

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⏰ Última atualização: Jun 23, 2018 ⏰

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As memórias de Eugênia [EM BREVE] Onde histórias criam vida. Descubra agora