Capítulo 24

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Oh Pietro, para de choramingar!

— Às vezes eu acho que sou a mulher da relação. — pôde ouvir sua respiração.

— Às vezes eu tenho certeza que sim. — esboço um sorriso.

— Mas você tem que entender, é o meu aniversário. Pensei que você iria vim, oras. Era o mais que certo. São meses sem te ver!

— Tem gente que fica anos sem ver um ao outro.

— Nós somos namorados, Leticia.

— Nos vemos por ligação de vídeo. — rio.

— Engraçadinha! Mas não vou ficar aqui me rastejando por quem não me quer. — revirei os olhos.

— Mas cê tá bravo, Pietro? — claramente ele força uma risada. Do tipo: "Ha ha ha".

— Não irei perder meu posto de quem irrita mais. Não mesmo. Olha, vai ser uma pena você não poder vim no meu aniversário pra cá. — suspiro.

— Sim. É uma pena. Mas quem sabe eu arranjo um trabalho e junto uma grana para poder ir para aí, no final do ano. De novo.

— Difícil. E quem tem o dinheiro aqui sou eu, Mc Brinquedo. Mais fácil eu ir para aí. 

— Verdade. — murmuro.

Eu podia ir aí, esse mês, passar meu aniversário contigo... Mas minha querida mãe inventou de ir visitar minha avó logo no meu aniversário.

— Ah, Pietro, nem pia. É a sua avó.

— E você é a minha namorada. — ele tem repetido "minha namorada" nos últimos dois meses com muita frequência pro meu gosto.

— Amores vão, amores vem... E a avó é para toda eternidade.

— Você tá terminando comigo, linda? — Pietro tenta afinar a voz.

— Vai cagar, garoto. Sabe que eu estou começando a me apaixonar perdidamente por ti. Eu te daria um rim se fosse necessário. — ouço sua risada. Queria poder ouvi-la de perto, é tão gostosa.

— Então, você tá dizendo que não me ama?! — e mais uma vez ele tenta afinar a voz.

— Vai à merda. Vou dormir, tenho que acordar cedo. Beijos e boa noite.

— Quero dormir ouvindo sua respiração, Mc Brinquedo.

— Sério isso?

— Você sabe que não, né. Nos poupe, Mc Brinquedo. Amanhã eu te ligo. — e assim ele desliga. Ele só falou isso para poder desligar primeiro. Idiota! 

Coloco meu celular no carregador e me deito na cama. É mês de Julho. E Pietro vai fazer aniversário daqui cinco dias. Dezoito anos. É uma idade esperada por muitos, - menos para mim e uma grande minoria. - a qual se ganha mais responsabilidades.

Passaram-se cinco meses e alguns dias. Pietro e eu viemos mantendo contado por mensagens, ligações e vídeo chamadas. A última vez, na qual, nós nos falamos por vídeo chamada foi há um mês e... Não sei, mas venho sentido o Pietro um pouco diferente, receoso, talvez... Não sei. É bem estranho. Só que deve ser coisa de minha cabeça, huh?

Sei que precisamos com urgência nos ver, principalmente por ser aniversário dele. Bem, eu conversei, conversei e conversei com minha mãe pedindo, ou melhor, implorando para que ela comprasse uma passagem para que eu pudesse viajar novamente ao Rio de Janeiro, e ela de primeiro disse não, na segunda também e na terceira aceitou!

Irei viajar para lá amanhã! Ficarei apenas seis dias lá, mas já é algo. Estou ansiosa. Irei revê-lo, após tanto tempo. E sim vai ser uma surpresa, só a mãe dele sabe que vou para lá.

— Até daqui algumas horas, Pietro. — puxei o cobertor, me cobrindo dos pés a cabeça.

    ***

Agora me encontro dentro de um carro indo em direção ao aeroporto. Minha mãe está no banco da frente ao lado do motorista, meu tio. Meu pai está trabalhando, e o meu tio resolveu vim me trazer. Bem, meu pai nunca iria deixar eu ir, se soubesse que iria rever um garoto, — ou melhor, meu namorado. — ele é muito ciumento. Aliás, meu pai nem sabe que eu namoro. Não contei pois, ele não permitiria. Ainda mais sendo a distância. 

Saio do meu devaneios ao que sinto alguém me cutucar. É a minha mãe.

— Venha Leticia, já chegamos. — abriu a porta do carro.

Saio do carro, logo após dela. Meu tio tira minha única mala do porta-malas e entregar a minha mãe. Eu tinha uma mochila nas costas, levando as coisas mais íntimas. A mala era só roupa, sapatos... Peguei da mão dela. Caminhei ao lado do meu tio para a entrada do aeroporto. Olhei em volta. Estava um tanto cheio. Sentei-me em um dos bancos disponíveis ao lado de minha mãe.

— Filha, se a Carla pedir para você fazer algo, faça. Arrume tudo o que bagunçar ou sujar. Na verdade, não bagunçe. E se sair com Pietro ou Flavia, não volte tarde. Não beba ou se drogue. Ah, e não esqueça de me ligar quando chegar... Ou melhor, me ligue todos os dias. — dizia enquanto segurava minha mão. Ouço meu tio rir.

— Tá certo, mãe. — como se eu não soubesse disso tudo.

— Ah, quase eu ia esquecendo... Use preservativo.  — sinto meu rosto queimar.

— Seu pai vai te matar, Leticia. — meu tio brincou, dando um tapinha em minhas costas.

— Mãe! — falei baixo, fazendo careta.

— O quê? Eu estou apenas lembrando das coisas que você não pode esquecer. Como me ligar todos os dias. — sorriu.

Ouço o vôo ser chamado. Levantei-me rapidamente, junto com minha mãe.

— Te amo! Sentirei saudades. — abraço-a.

— Eu também te amo e muito. Aposto que eu irei sentir mais saudades. — murmurou, afastando-se.

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