— Oh Pietro, para de choramingar!
— Às vezes eu acho que sou a mulher da relação. — pôde ouvir sua respiração.
— Às vezes eu tenho certeza que sim. — esboço um sorriso.
— Mas você tem que entender, é o meu aniversário. Pensei que você iria vim, oras. Era o mais que certo. São meses sem te ver!
— Tem gente que fica anos sem ver um ao outro.
— Nós somos namorados, Leticia.
— Nos vemos por ligação de vídeo. — rio.
— Engraçadinha! Mas não vou ficar aqui me rastejando por quem não me quer. — revirei os olhos.
— Mas cê tá bravo, Pietro? — claramente ele força uma risada. Do tipo: "Ha ha ha".
— Não irei perder meu posto de quem irrita mais. Não mesmo. Olha, vai ser uma pena você não poder vim no meu aniversário pra cá. — suspiro.
— Sim. É uma pena. Mas quem sabe eu arranjo um trabalho e junto uma grana para poder ir para aí, no final do ano. De novo.
— Difícil. E quem tem o dinheiro aqui sou eu, Mc Brinquedo. Mais fácil eu ir para aí.
— Verdade. — murmuro.
— Eu podia ir aí, esse mês, passar meu aniversário contigo... Mas minha querida mãe inventou de ir visitar minha avó logo no meu aniversário.
— Ah, Pietro, nem pia. É a sua avó.
— E você é a minha namorada. — ele tem repetido "minha namorada" nos últimos dois meses com muita frequência pro meu gosto.
— Amores vão, amores vem... E a avó é para toda eternidade.
— Você tá terminando comigo, linda? — Pietro tenta afinar a voz.
— Vai cagar, garoto. Sabe que eu estou começando a me apaixonar perdidamente por ti. Eu te daria um rim se fosse necessário. — ouço sua risada. Queria poder ouvi-la de perto, é tão gostosa.
— Então, você tá dizendo que não me ama?! — e mais uma vez ele tenta afinar a voz.
— Vai à merda. Vou dormir, tenho que acordar cedo. Beijos e boa noite.
— Quero dormir ouvindo sua respiração, Mc Brinquedo.
— Sério isso?
— Você sabe que não, né. Nos poupe, Mc Brinquedo. Amanhã eu te ligo. — e assim ele desliga. Ele só falou isso para poder desligar primeiro. Idiota!
Coloco meu celular no carregador e me deito na cama. É mês de Julho. E Pietro vai fazer aniversário daqui cinco dias. Dezoito anos. É uma idade esperada por muitos, - menos para mim e uma grande minoria. - a qual se ganha mais responsabilidades.
Passaram-se cinco meses e alguns dias. Pietro e eu viemos mantendo contado por mensagens, ligações e vídeo chamadas. A última vez, na qual, nós nos falamos por vídeo chamada foi há um mês e... Não sei, mas venho sentido o Pietro um pouco diferente, receoso, talvez... Não sei. É bem estranho. Só que deve ser coisa de minha cabeça, huh?
Sei que precisamos com urgência nos ver, principalmente por ser aniversário dele. Bem, eu conversei, conversei e conversei com minha mãe pedindo, ou melhor, implorando para que ela comprasse uma passagem para que eu pudesse viajar novamente ao Rio de Janeiro, e ela de primeiro disse não, na segunda também e na terceira aceitou!
Irei viajar para lá amanhã! Ficarei apenas seis dias lá, mas já é algo. Estou ansiosa. Irei revê-lo, após tanto tempo. E sim vai ser uma surpresa, só a mãe dele sabe que vou para lá.
— Até daqui algumas horas, Pietro. — puxei o cobertor, me cobrindo dos pés a cabeça.
***
Agora me encontro dentro de um carro indo em direção ao aeroporto. Minha mãe está no banco da frente ao lado do motorista, meu tio. Meu pai está trabalhando, e o meu tio resolveu vim me trazer. Bem, meu pai nunca iria deixar eu ir, se soubesse que iria rever um garoto, — ou melhor, meu namorado. — ele é muito ciumento. Aliás, meu pai nem sabe que eu namoro. Não contei pois, ele não permitiria. Ainda mais sendo a distância.
Saio do meu devaneios ao que sinto alguém me cutucar. É a minha mãe.
— Venha Leticia, já chegamos. — abriu a porta do carro.
Saio do carro, logo após dela. Meu tio tira minha única mala do porta-malas e entregar a minha mãe. Eu tinha uma mochila nas costas, levando as coisas mais íntimas. A mala era só roupa, sapatos... Peguei da mão dela. Caminhei ao lado do meu tio para a entrada do aeroporto. Olhei em volta. Estava um tanto cheio. Sentei-me em um dos bancos disponíveis ao lado de minha mãe.
— Filha, se a Carla pedir para você fazer algo, faça. Arrume tudo o que bagunçar ou sujar. Na verdade, não bagunçe. E se sair com Pietro ou Flavia, não volte tarde. Não beba ou se drogue. Ah, e não esqueça de me ligar quando chegar... Ou melhor, me ligue todos os dias. — dizia enquanto segurava minha mão. Ouço meu tio rir.
— Tá certo, mãe. — como se eu não soubesse disso tudo.
— Ah, quase eu ia esquecendo... Use preservativo. — sinto meu rosto queimar.
— Seu pai vai te matar, Leticia. — meu tio brincou, dando um tapinha em minhas costas.
— Mãe! — falei baixo, fazendo careta.
— O quê? Eu estou apenas lembrando das coisas que você não pode esquecer. Como me ligar todos os dias. — sorriu.
Ouço o vôo ser chamado. Levantei-me rapidamente, junto com minha mãe.
— Te amo! Sentirei saudades. — abraço-a.
— Eu também te amo e muito. Aposto que eu irei sentir mais saudades. — murmurou, afastando-se.
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Era Apenas Uma Viagem
Teen FictionO sentimento de amar outra pessoa é belo, ainda mais quando se ocorre pela primeira vez. Não é que os demais amores não sejam belos, é que a primeira vez amando é um mar de descobertas. Na adolescência ocorre bastante isso, mas na maioria das vezes...