Contos do Instituto

R43 - Proposta de Carmen

  Ainda estava escuro quando R43 abriu os olhos. Ninguém havia acordado no galpão onde os Pupilos do Instituto dormiam. Era um lugar grande com camas enfileiradas e várias crianças nelas. Crianças entre treze e sete anos. Todos com um único objetivo. Se tornar um purificador.

  Seu melhor amigo, E13, já havia se tornado um purificador havia alguns meses com apenas doze anos. Um recorde em toda a história do Instituto. Normalmente os pupilos eram aceitos como purificadores aos quinze ou dezesseis anos, dependendo de sua força física para combate corpo a corpo com algum adulto. Porém um dia R43 ouviu um Irmão sussurrando para outro quando E13 foi declarado Purificador, que duas décadas atrás um Pupilo que foi declarado com treze anos, mas não sabiam mais sobre ele ou ela. Acreditavam que foi para outro país com Objetivos mais complicados do que os que haviam no Brasil na época.

  Sem fazer barulho ele se sentou notou a silhueta de um adulto na porta lateral do galpão. Uma que só era utilizada pelos Irmãos pois dava acesso direto ao castelo onde o Instituto era controlado e os Irmãos e Purificadores viviam.

  Colocando os pés no chão preparando para se levantar sem fazer barulho acabou notando uma pequena bolinha de papel em cima do seu travesseiro. Foi assim que ele foi acordado, concluiu. O Purificador ou o Irmão que estava na porta de acesso ao Instituto jogou a bola de papel para que ele acordasse.

  Colocou-se de pé e como um fantasma foi até a silhueta identificando o Irmão Carmen pela máscara prateada com dois riscos acima do olho direito. Sempre fora bom em perceber mínimos detalhes, ao contrário de E13. Irmão Carmen se virou e percorreu o corredor de acesso e R43 o seguiu.

  O interior do Instituto tinha arquitetura antiga, mas completamente conservada. Pilastras decoradas em mínimos detalhes com símbolos que R43 não entendia sustentavam o teto dos cômodos que circulavam um amplo espaço em círculo a céu aberto. Por algum motivo aquilo remeteu R43 ao coliseu em Roma. Talvez por entender que a área circular era onde os Irmãos treinavam combate corpo a corpo assim como eles do lado de fora do castelo. As portas também entalhadas com símbolos do conjunto vazio gravado nelas e todas também havia um tipo de arma medieval posta na parede. Como se aquilo representasse quem ou o que estava dentro. Provavelmente era isso, o armamento com que cada Purificador ou Irmão que residia o que provavelmente era um quarto. Ou somente um estoque de armas

  Chegando em frente a uma porta entalhada com um símbolo matemático do conjunto vazio preenchendo toda a porta, Irmão Carmen retiro sua luva e colocou o dedo no local da fechadura e a porta fez um pequeno click . Os dois entraram no local e que não era muito grande. Havia uma mesa próximo à janela e duas cadeiras postas do outro lado da mesa, como um pequeno escritório. Acima da mesa possuía um fino laptop, um tinteiro e uma pena com contornos delicados de metal contornando a ponta onde se escrevia posicionada ao lado. Aquela era a marca de alguém de alto escalão entre os Irmãos. Irmão Carmen era um dos mais importantes responsáveis do Instituto em que R43 estava. Nunca soube qual era o nome que distinguia esse Instituto de outros, mas sabia que outros existiam e que Carmen era respeitado pelo comportamento dos outros Irmãos e Pupilos. Ou melhor, que era respeitada.

  -Sabe porque está aqui, R43? – Perguntou Irmão Carmen com a voz um tanto rouca.

  -Geralmente os pupilos são chamados para assim para duas coisas. – Respondeu o garoto – Serem apagados ou receberem Objetivos para se tornarem Purificadores.

  -Você acha que está aqui para uma das duas alternativas? – Carmen coloca uma das mãos em cima da mesa.

  -Não faço a mínima idéia. -R43 respondeu de forma descontraída com um sorriso.