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— Não me procure, Jungkook-ah. Existem muitas pessoas atrás de você também, pessoas melhores que eu. Você vai descobrir que não vai valer a pena gastar seu tempo comigo.

Foi o que Jimin o disse, logo no fim do dia. Jungkook estava exausto e acreditava que aquela frase só o fez ter mais vontade de deitar ao chão e derreter.

Derreter e apodrecer, grudar no chão como gelatina faria.

— O quê?

Jimin mordeu a pontinha de seus lábios e esfregou as mãos na calça, claramente nervoso. Jungkook o olhou e bagunçou os cabelos com as palmas da mão, sentindo vontade de rir da situação.

— Não tô te proibindo. Não é isso, juro. Só tô te avisando. Não vale—

Jungkook suspirou alto o suficiente para que Jimin se calasse, e se sentisse mal em complementar em sua frase.

Se agachou, fazendo careta quando sentir seus joelhos rangerem com o movimento. Jimin o imitou.

— Me deixe decidir. Passa o resto do dia comigo, e me deixe decidir. Apenas eu.

Jimin o encarou e encostou o rosto em seus joelhos, estreitando os olhos quando o sol fraco bateu contra seu rosto.

Não o respondeu. Sentiu o coração doer dentro do peito, as mãos suarem, aquela vontade de chorar que coça bem no fundo da garganta.

O permitiria passar o resto do dia consigo, e ele veria o quão errado estava sobre sua imagem.

...

Jimin praticamente sentiu as pernas desmancharem quando largou-se na poltrona de seu quarto. O coração batia como nunca, e mesmo depois de um banho quente e consideravelmente bom, estava totalmente tenso.

Jungkook é um cara que tinha encontrado desde o primeiro dia de faculdade. Aquele cara super legal, e que você sempre vai acabar dando em cima, de alguma forma. O cara que todo mundo gostava.

Como todo mundo, Jimin também gostava dele. Jungkook dizia que gostava de Jimin. Jimin achava que existiam bilhões de pessoas melhores que ele, e sinceramente, achava que Jungkook perceberia isso em pouco tempo.

E ali estava ele, jogado em sua poltrona, sentindo os tornozelos inchados doerem, vendo Jungkook secar seus fios de cabelo com uma de suas toalhas coloridas.

Jimin se encolheu quando sentiu os pelinhos de seu tronco arrepiarem, mesmo que todo o contato frio estivesse sendo barrado por suas portas e janelas fechadas.

No lado de fora, chovia. Uma chuva bonita, agradável. Nada que o deixasse preocupado com suas paredes frágeis, ou aguá escapando do lado de fora do apartamento.

Odiava quando chovia e molhava seus tapetes.

Mordeu a pontinha dos dedos quando Jungkook sentou no tapete, um pouco em frente a sua poltrona.

A cabeça, ele apoiou entre o vão que Jimin não ocupava, fazendo-se ainda um contato entre os dois. E o corpo, ele escorregou, numa postura muito feia e desleixada.

Confortável, porém.

— Eu não sou o cara legal que acha que eu sou, hyung.

Jungkook retirou o celular de seu bolso e não colocou uma expressão aflita no rosto, assim como Jimin tinha feito.

Riu baixinho e acariciou o tapete com as mãos. Jimin respirou fundo e não disse nada, esperando Jungkook continuar com suas frases.

— Eu não sou o cara legal, que é bom em tudo e é sempre animado. — Jungkook murmurou e sorriu para o celular — Ninguém é assim. Na verdade, eu sou 98% criado em momentos assim.

Jimin franziu as sobrancelhas. Sentou-se para olhar para Jungkook, no mesmo momento em que todo seu corpo se relaxou.

Maldito garoto gentil e carinhoso.

— Você não precisa dizer nada, e eu não preciso dizer nada pra tornar o clima o mais agradável de todos.

Jimin não aguentou segurar um sorriso de seus lábios. Enfiou os dedos nos cabelos de Jungkook e acariciou aquela parte, como se ele fosse um filhote de cachorro. Jungkook deixou-o fazer o que quisesse.

— E então? — Indagou.

Quase que sua voz não saiu. Sentiu-se fraco, inseguro, já que a figura em sua frente parecia sempre tão superior e divina.

Mas quando Jungkook virou para olhá-lo, no entanto, Jimin viu o que tinha que ver.

O garoto dos olhos redondos e bochechas rosadas, do sorriso magnífico, que tinha se confessado para si mês passado.

— Eu gosto de você. Não o cara sensato que você é. — Jungkook ironizou, abrindo um sorrisinho.

Jimin sentiu as bochechas queimarem por baixo de toda aquela pele do rosto. Seu sangue correu mais rápido do que teve tempo de processar uma resposta.

— Mas do você que ri de piadas bobas, que tropeça porque os sapatos são muito maiores que seus pés, que sempre usa um casaquinho de desenho no inverno. — Jungkook apoiou o rosto nas mãos, fechando os olhos com certa ternura enquanto sentia o carinho de Jimin em seu couro cabeludo — Que sempre me olha nos olhos mesmo que esteja tremendo por dentro.

Jimin percebeu que precisaria segurar o choro.

Encarou o rosto de Jungkook, e o jeito que ele deixava a cabeça inclinar contra sua mão.

Deixou os pés caírem sobre o tapete e se inclinou, fazendo questão de bagunçar ainda mais os cabelos de Jungkook quando puxou-o para um abraço.

Jungkook riu contra seu ombro, antes de começar a brincar com o tecido de seu casaco, em suas costas.

Seu corpo, totalmente molenga, fez pressão com o de Jungkook, que não vacilou em segurá-lo por nem um segundo.

— Eu estou te avisando. Você vai se cansar de mim. — Jimin sussurrou.

Quando Jungkook plantou um beijinho em sua orelha, Jimin deu seu primeiro soluço. O começo de um choro.

E Jungkook, o cara legal, suspirou contra sua bochecha, e apertou-o forte ao redor de seus braços.

— Jimin-ah, eu gosto de você. Estou te assegurando. — Jungkook abriu um sorriso — Você é uma das últimas coisas que eu iria me cansar.

E foi assim que Jimin resolveu que queria acreditar nele, no carinho que recebeu enquanto molhava o pijama de Jungkook com seu choro.

Mas é, sim, ele apenas adorava quando Jungkook chamava-o com o sufixo ah.

sufixo ahOnde histórias criam vida. Descubra agora